Escutar as equipas e... acreditar nelas
Voz às Escolas
2025-06-18 às 06h00
Desde há pelo menos um século, e de forma relativamente transversal a todas as sociedades contemporâneas, a Educação tem sido um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento socioeconómico de todos os territórios e sociedades. Através da garantia do direito à Educação – tido como um direito fundamental -, garante-se, também, e de forma precoce, o mínimo de equidade de oportunidades e direitos num mundo tendencialmente mais desigual, mais incerto e mais perigoso.
No entanto, afigura-se óbvio e insofismável, perante os nossos olhos, que quer o acesso à educação, quer a qualidade do ensino, quer até o direito a ser criança, variam significativamente de país para país, de região, para região, de conflito para conflito. O direito à educação não é, portanto, nem fundamental, nem garantido. Um contraste marcante que o atesta de forma inexorável pode ser observado entre a realidade educativa na Faixa de Gaza e aquela que (ainda) existe na generalidade dos países ocidentais. Um contraste que está, na verdade, muito longe de se ver circunscrito à educação, passando, desde logo e de forma surreal, pelo mais básico: o direito de poder viver. Em plano século XXI ainda nos debatemos com isto. Tão triste quanto inacreditável…
Há inúmeros exemplos, mas na ordem do dia domina um, em concreto. Em Gaza, a educação é profundamente afetada por anos de um conflito demolidor, iniquo e desigual, pautado por criminosos e hediondos bloqueios da mais variada índole (de comida e água, até), pela escassez de quaisquer recursos e pela terraplanagem de quase todas as infraestruturas – e quando se diz “todas”, é “todas” mesmo. Vejamos os números: no final de Março, 87% das escolas em Gaza estavam danificadas ou completamente destruídas. Em concreto, 212 escolas foram atingidas directamente estando inoperáveis, valor que sobe para os edifícios que embora atacados e parcialmente destruídos, mantêm parte da sua operacionalidade (282). Pior, mais de 5500 alunos morreram, assim como 261 professores. Sendo valores claramente subestimados, são já aterradores e bem demonstrativos do inferno que por lá se vive, e que parece continuar debaixo dos olhos de quem vê o óbvio: o lento e brutal genocídio de um povo.
Das escolas que se mantêm abertas, a esmagadora parte opera em condições precárias, com falta de materiais didáticos, com professores sobrecarregados e turmas superlotadas. Além disso, os ataques de que são alvo colocam em risco a segurança dos alunos e professores, interrompendo as aulas e dificultando a continuidade de qualquer actividade letiva. O trauma e o stress causados por tão inenarrável nível de violência são inevitáveis, e também impactam diretamente no desempenho escolar das crianças e jovens.
Em contraste, nos países ocidentais, embora existam desafios educativos, como desigualdades socioeconómicas e disparidades regionais, a maioria das crianças tem acesso a uma educação gratuita e de qualidade. As escolas contam com infraestruturas adequadas, mantêm acesso a tecnologias educacionais, empregam professores capacitados e garantem apoio psicopedagógico e económico aos mais vulneráveis. Além disso, as condições de estabilidade política e de segurança permitem um ambiente propício à aprendizagem.
Esta gritante desigualdade entre Gaza e o Ocidente não se resume apenas à presença de recursos, mas também à liberdade e ao direito de aprender sem medo. Em Gaza, o acesso à educação é muitas vezes um ato de resistência, uma tentativa de manter a esperança no meio do caos instalado. Nos países ocidentais, a educação é vista como um direito garantido, um caminho para o sucesso pessoal e profissional. Em Gaza é uma questão de sorte ou uma mera utopia.
Por cá, só não estuda quem não quer. Lá, só estuda (e sobrevive) quem tem sorte. Reconheçamos, portanto, os privilegiados que somos, e valorizemos a “sorte” que temos, usando-a para construirmos um amanhã ainda mais próspero, mais equitativo e mais estável. Contem connosco – profissionais do ensino - para esse desiderato!
No que depender de nós, não falharemos. Poderão afirmar o mesmo os principais líderes mundiais?
16 Julho 2025
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