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Eleições Autárquicas

A Economia não cresce com muros

Ideias

2017-05-22 às 06h00

Filipe Fontes Filipe Fontes

Embora tema vasto que pode ser abordado de múltiplas perspectivas, com este texto encerra-se, de alguma forma, a abordagem às “eleições autárquicas”, as quais (cada vez mais e progressivamente) ocuparão lugar central na vida das comunidades locais até outubro e, numa perspectiva futura, condicionarão de modo indelével os próximos longos tempos.

Depois de abordado o documento central de uma candidatura - o programa eleitoral - e de um conjunto de princípios estruturadores de actuação, afigura-se incontornável reflectir sobre os próprios actores deste processo e que, inegavelmente, ao autor destas palavras, se afiguram três: o político enquanto administração municipal, o político enquanto “oposição” e a população enquanto emissor e receptor de toda a razão de ser e estar na cidade.

Ao político enquanto administração caberá o papel de gestão e protagonista da decisão sobre a cidade por um período de quatro anos. Guiado pelo seu compromisso com a população, sufragado e escolhido, espera-se que saiba governar para quatro anos, exercendo a sua actividade e poder desde o primeiro ao último dia, e evitando sempre a tentação de transformar quatro anos numa soma de “3+1” em que os três primeiros são apenas preparação de um (último) ano excessivo na execução, disponibilização e inauguração.

E que este político enquanto administração não deixe de servir a cidade (nunca esquecendo que este é o suporte e razão de ser do seu “poder”) sem cair na tentação de anunciar e comunicar intenções como obra feita e entender a obra feita como a fonte de todas as soluções. Que prefira antes explicar o “porquê” e o “como”, demonstrando que a cidade “faz-se… fazendo” sem receita mágica “que tudo resolve”.

Ao político enquanto “oposição” caberá o papel de vigilante propositivo ou colaborador crítico, assumindo, sem dúvida ou medo, que é parte integrante (embora não executiva) da administração e que, ao mesmo, assiste o direito e o dever de participar, propor, criticar, exigir e replicar.
E, com este espírito, também saiba exercer o seu cargo nos quatro anos, recusando fazer dos três primeiros um silêncio sem explicação e do último um “ruído permanente” sem fundamentação, apenas visibilização e mediatização.

E que saiba não cair na tentação de “tudo achar errado”, “tudo pode sempre ser melhor”. Porque, na verdade, muito dificilmente, tudo estará errado. Naturalmente, tudo poderá ser melhor (a perfeição é utopia…). E à explicação do político enquanto administração saiba contrapor a argumentação e réplica na conformação de um pensamento crítico mas construtivo “de cidade”…
Por fim, sempre evite o impulso de tudo criticar mesmo aquilo que “é assim porque, simplesmente, assim é”, mesmo aquilo que, se fosse administração, seguramente faria igual ou similar.

Da população deseja-se que não se demita de participar. E de participar em todo o ciclo do processo, nomeadamente na fase de construção dos princípios e objectivos. E que não se manifeste apenas “na véspera da obra começar” (esta realidade transporta-nos para a temática da participação pública e sua qualidade, o que deverá merecer atenção e reflexão em próximos textos).
E que saiba enunciar as suas necessidades e vontades, ser exigente e aceitar a diferença de perspectiva e ponto de vista, sabendo compreender o interesse comunitário como sobreposição do interesse individual.

No fim, de todos espera-se que façam política. Política no bom sentido da palavra. Que significa “gestão da cidade”.
Porque, na realidade, é disto de que se trata: gerir a cidade que existe por nossa necessidade, que existe para nos servir. E, como realidade comunitária que é, de todos e para todos, carece dessa dimensão política incontornavelmente partilhada por todos. Cuidar do que é nosso enquanto realidade colectiva é direito e dever. As eleições autárquicas são apenas uma oportunidade. De cumprir esse dever, de exercer esse direito.

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