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Empreendedorismo municipal

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Empreendedorismo municipal

Ideias

2023-04-04 às 06h00

João Marques João Marques

Estamos habituados e formatados para ver nas empresas municipais uma de duas coisas (quando não ambas, em simultâneo): ou um sorvedouro adicional de despesa pública; ou um local de plantação de correligionários dos partidos que mandam nos executivos camarários.
A má-fama das empresas municipais, acicatada pelo período da troika e legislação então aprovada, que exigia, entre outras coisas, que estas entidades fossem capazes de gerar proveitos suficientes para a sua manutenção, ou seja, que não fossem permanentemente deficitárias, parecia tê-las votado ao esquecimento e irrelevância.
O povo português habituou-se a desconsiderá-las liminarmente enquanto fonte primária (ou, ao menos, derivada) da promoção dos objetivos das políticas públicas mais relevantes.
Parece-me, pois, particularmente importante, partindo do exemplo de Braga, demonstrar que esse contexto negro pode e deve ser combatido com dados concretos e facilmente apreensíveis por qualquer cidadão.
Dou como exemplo mais imediato o da InvestBraga, que ainda neste fim-de-semana voltou a mostrar como pode uma empresa municipal dedicada à captação de investimento e à dinamização económica cumprir exemplarmente o seu papel.
A AGRO de 2023 converteu-se em mais um retumbante sucesso no capítulo das exposições e feiras especializadas. Com um número de visitantes que ultrapassou a fasquia das 45.000 pessoas, este certame ligado à agricultura provou que a memória e a inovação são compatíveis e geram uma complementaridade saudável.
O enraizamento da AGRO entre os bracarenses é inegável e representa um património cultural (no sentido mais amplo) que nos liga enquanto comunidade, uma verdadeira experiência agregadora. Ainda assim, todos sabemos que esta exposição foi sofrendo um esgotamento do modelo e um consequente esvaziamento da sua relevância junto dos bracarenses. Ao ponto de, há alguns anos, se aventar, até, a sua descontinuidade ou menor periodicidade.
O que havia a fazer, portanto, não era, de modo resignado, desistir e aceitar a decadência, irrelevância e, quem sabe, o ocaso de um dos eventos mais considerados no concelho. O que se impunha era reformar e avançar para um modelo distinto e suficientemente inovador para continuar a atrair o grande público, mas, ao mesmo tempo, garantir a importância técnica e comercial do que se expõe para que os principais convocados para participar na AGRO – os agricultores e operadores económicos do setor – não abandonassem a feira por força da sua carnavalização.
E o que temos perante nós – o sucesso retumbante da adesão do público, mas também a intensa e extensa presença de expositores especializados – demonstra bem como foi conseguido esse grande objetivo de reformar a AGRO.
Reformar a AGRO, contudo, é um objetivo que só se atinge porque hoje, ao contrário do passado, não temos instalações decrépitas, pouco funcionais e de reduzida flexibilidade no uso para acolher este tipo de certames.
A aposta na requalificação do velhinho PEB, onde a maioria dos bracarenses pôde experienciar o frio gélido do ártico nas provas de atletismo em que os mais novos anualmente participavam (e onde me incluo), foi um momento crítico de transformação e superação dos desafios que estavam criados.
Ninguém poderia achar que o PEB servia os interesses de Braga e dos seus cidadãos. Era impossível atrairmos para o concelho que se queria mostrar moderno e inovador um conjunto de feiras, exposições e colóquios que demandavam instalações condignas. Sobretudo porque em concelhos limítrofes, como Guimarães, as condições para a sua realização eram incomparavelmente melhores.
Hoje, alguns anos volvidos após a requalificação de todo aquele espaço, que veio dar origem ao novo “Fórum”, não restam dúvidas que o investimento que ali foi feito era não só necessário como estratégico.
Para lá da AGRO e das inúmeras outras feiras que lá vão ocorrendo, o Fórum constituiu-se como o “braço armado” da InvestBraga e, por ela, da Câmara Municipal, na missão empreendedora de colocar Braga no mapa dos grandes eventos económicos, técnicos e culturais do país e do noroeste peninsular.
Claro que a mera dimensão física não basta para gerar e agregar valor. Por isso, as equipas de gestão e trabalho que têm passado pela InvestBraga e pelo seu “hub de inovação”, a StartUp Braga, merecem uma palavra de profundo reconhecimento e gratidão.
Um trabalho, de resto, que não é retratado fielmente pela dimensão visível destes grandes eventos e que ultrapassa largamente este âmbito, abarcando o apoio aos investidores e a criação de um ambiente seguro e fiável para que o empreendedorismo económico floresça.
É este presente e passado que valem como testemunho e garantia de um promissor futuro para Braga.
É também o exemplo da InvestBraga, felizmente acompanhado pelas restantes empresas municipais de Braga, que demonstra como o setor empresarial local tem um espaço próprio de afirmação que ultrapassa largamente o da mera engenharia financeira ou colocação de boys partidários.

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