A responsabilidade de todos
Voz à Saúde
2020-09-05 às 06h00
A Endometriose é a presença de endométrio implantado fora do útero e afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva. O endométrio consiste no revestimento interno do útero que é regenerado ciclicamente, havendo proliferação e descamação (hemorragia). Na menstruação, a hemorragia proveniente do útero exterioriza-se através da vagina. Nos focos de endometriose isso não é possível, ocorrendo acumulação de sangue e restos de células endometriais que induzem uma reação inflamatória crónica nos tecidos atingidos. Mais tarde, surgem as aderências e a distorção anatómica.
A maioria das lesões de endometriose afeta os ovários, as trompas, os ligamentos do útero e o septo retovaginal, mas pode atingir o intestino, bexiga, reto, pulmão e pleura. É uma entidade difícil de diagnosticar, podendo demorar 10 anos desde o início da doença ao diagnóstico, muitas vezes porque a sintomatologia associada à dismenorreia (dor menstrual) é desvalorizada. Deve ser combatido o mito de que a dor menstrual é normal, principalmente, se for intensa, progressiva, responder mal aos analgésicos e durar a totalidade da menstruação. Outros sintomas importantes são a dispareunia profunda (dor na relação sexual), dor pélvica cró- nica, disquesia (dor ao defecar na menstruação) e disúria catamenial (dor ao urinar na menstruação). Os sintomas da doença variam consoante os tecidos afetados, mas nem sempre se correlacionam com a gravidade das lesões. Os sintomas podem ser intensos em lesões mínimas e ligeiros em lesões extensas, o que também dificulta o diagnóstico.
A infertilidade, incapacidade de um casal conseguir uma gravidez após um ano de relações sexuais desprotegidas, pode ser um sintoma inaugural de uma endometriose. Em 25-50% das mulheres inférteis é diagnosticada uma endometriose. Existem vários mecanismos implicados na infertilidade associada à endometriose: a distorção anatómica causada pelas aderências pélvicas, o aumento de substâncias inflamatórias na pelve que interferem na função da trompa, os distúrbios ovulatórios e as falhas de implantação, tal como a menor qualidade dos ovócitos e embriões. Quando a infertilidade se associa à endometriose, a abordagem terapêutica fica mais complexa, sendo de extrema importância avaliar a situação clínica considerando a idade da mulher, a reserva ovárica e a avaliação de outras causas de infertilidade, incluindo o fator masculino. O tratamento médico não é uma opção na mulher que pretende engravidar porque tem como objetivo induzir uma amenorreia (ausência de menstruação) e não existe evidência que no contexto de infertilidade tenha vantagens. O tratamento cirúrgico deve ser o mais conservador possível na presença de infertilidade, com o intuito de preservar ao máximo a reserva ovárica. Dentro das técnicas de procriação medicamente assistida, a inseminação intrauterina, pode ser recomendada na endometriose ligeira, apesar de apresentar menores taxas de sucesso quando comparada com mulheres inférteis sem endometriose. A fertilização in vitro na doença ligeira apresenta o mesmo sucesso em relação às outras causas de infertilidade. No entanto, em mulheres com estádios mais avançados de endometriose isso não se verifique.
Concluindo, a endometriose é uma doença crónica e progressiva, pelo que a identificação e o tratamento precoces são essenciais para evitar os efeitos nefastos e preservar a fertilidade. Para tal, a mulher deve estar atenta aos sintomas e aconselhar-se com o seu médico Ginecologista. A chave está no diagnostico atempado.
12 Março 2024
05 Março 2024
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