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Ideias
2025-07-06 às 06h00
Vivemos na era dourada da multiplicação dos heróis de coisa nenhuma. Nunca foi tão fácil parecer relevante, pelo menos aos olhos de quem quer acreditar nisso. Basta uma ligação à internet, um perfil (frequentemente falso) e uma boa dose de frustração mal resolvida. E lá estão eles: os justiceiros do teclado.
Opinam sobre tudo, criticam todos e exigem aquilo que nunca estiveram dispostos a dar. Disparam julgamentos, lançam suspeitas, distribuem moralidade, mas nunca construíram, nunca ajudaram, nunca se comprometeram com rigorosamente nada. Limitam-se a habitar o confortável espaço da crítica ignóbil, onde o único esforço é o de apontar o dedo. Serotonina instantânea para alimentar vícios emocionais.
Escondem-se sob a capa do “direito à liberdade de expressão”, como se este fosse um salvo-conduto para a irresponsabilidade criminal. Confundem democracia com libertinagem digital e disfarçam ressabiamento com indignação. E quando alguém ousa fazer, ousa mudar, ousa transformar, lá estão eles: ofendidos, revoltados, incomodados com o sucesso alheio.
Na verdade, não é a obra que os incomoda, é o reflexo. Cada projeto concretizado, cada reconhecimento público, cada passo dado em frente é um espelho cruel que os obriga a encarar a sua própria estagnação, as suas vidas pequenas, fúteis e irrelevantes. E isso, evidentemente, não suportam. Precisam da indignação como válvula de escape. Alimentam-se de likes e validação momentânea, rodeiam-se de círculos onde todos concordam com todos, mesmo sem saberem porquê.
Já conheceram pessoas ou grupos assim? Eu já. Proliferam por aí, camuflados sob a capa da falsa virtude, auto-intitulados arautos da verdade, mas incapazes de sujar as mãos pela causa que dizem abraçar.
Mas não se iludam.
Esses justiceiros do nada não estão ao serviço do bem comum, estão apenas contra tudo. Porque é mais fácil destruir do que construir, mais cómodo criticar do que fazer. O ruído que emanam não é coragem. É ruído, apenas.
Já conheceram alguém que tenha feito história só por fazer barulho?
Quem vive para ofender desaparece com a mesma facilidade com que aparece. São fumaça, barulhenta e inofensiva.
E no fim, o que permanece é sempre o mesmo: a verdade dos factos, a dignidade da ação e a coragem de quem dá a cara. Sempre.
Sendo advogado, importa (re)lembrar os mais incautos: difamar, injuriar e caluniar não são opiniões, são crimes. A liberdade de expressão não é escudo para o insulto nem licença para a maledicência. O anonimato digital pode adiar, mas não elimina a responsabilidade criminal. E os meios legais para identificar autores de publicações ilícitas são hoje não só eficazes, como rápidos e implacáveis.
A verdade é que o tempo da impunidade digital está a acabar. O que tanto exigem aos outros… baterá à vossa porta um dia destes. E a condenação, essa, será apenas uma questão de tempo.
Porque no fim, os verdadeiros construtores da mudança não se escondem atrás de ecrãs, enfrentam, assumem, fazem. E enquanto uns se perdem em ataques vazios, há quem continue, dia após dia, a transformar palavras em ação, convicções em serviço e críticas em resultados.
A esses, os que constroem em vez de destruir, pertence o futuro.
Aos outros, resta-lhes o ódio… e a justiça.
E hoje, em que o Correio do Minho celebra 99 anos de vida, este texto assume ainda maior simbolismo.
É uma homenagem a todos quantos, ao longo de quase um século, ergueram a voz com responsabilidade, informaram com verdade e defenderam a liberdade de expressão no seu mais nobre significado.
Parabéns, Correio do Minho. Que continuem a ser farol de jornalismo sério, livre e comprometido com a dignidade da palavra.
Porque quem defende a liberdade, fá-lo para todos. Quem a deturpa, fá-lo apenas por si. Muitos parabéns!
15 Julho 2025
14 Julho 2025
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