Correio do Minho

Braga, segunda-feira

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Era uma vez um Povo

“Bullying”

Conta o Leitor

2016-08-22 às 06h00

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Alfabeta

Acordamos de manhã com uma vontade imensa de fazer muita coisa. O sol brilhando intensamente através da janela do quarto transporta em si essa necessidade, mas vai ficando por aí.
O contacto com o mundo lá fora, vai para além das vontades. Essas são na maioria das vezes atropeladas pela voraz necessidade do materialismo emergente no nosso quotidiano.
A fuga, à rotina, ao torpor, ao comodismo (que embala invariavelmente o pensamento), tão necessária quanto imperativa, é cada vez maior na impossibilidade!

Os registos acumulados no cérebro, de tão acomodados, ficam nostálgicos, apáticos, preguiçosos...e jazem na inércia inconsequente, todo o tempo. E, quando lhes damos um abanão, olham-nos como se fossemos loucos, lunáticos irreverentes, visionários idiotas, utópicos irrealistas...e quanta coisa mais!

Se acreditarmos que, viver hoje, é adaptarmo-nos ao Mundo globalizante... Não entrando nesse jogo (somos o que hoje se chama de outsiders) duma realidade que, articulada com outros preciosismos da época, a tudo vão chamando... sustentabilidade! Depois é criar a ideia que toda a gente tem de ser letrada, de preferência doutorada. Só assim poderão entender (alguns) discursos políticos, elaboradamente bonitos, plasmados quase na sua totalidade, introduzindo alguns vocábulos que entraram no circuito (que nem eles próprios entendem) mas que encaixados no discurso, soam bem.

Assim vão vivendo ao sabor das ondas e das vontades, ambicionadas por alguns iluminados com pretensões de poder vitalício, associando as mordomias a um certo elitismo julgado eterno.
Atente-se porém que a vários níveis; politico, económico, social, desportivo, tanta gente e tanta coisa..!
O que está acontecendo remete-nos para um recuo no tempo. Pasme-se 1867...!!! Uma destacada figura da literatura Portuguesa de seu nome Eça de Queiroz, já assim falava (...)

“Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto politico, nem a experiência que faz o Estadista. É assim que há muito tempo, em Portugal são regidos, os destinos políticos. Política de acaso, politica de compadrio, politica de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?”

Como se a vida não fosse temporária.
Como se a vida não fosse apenas uma passagem.
Como se da vida, fossem seus donos e senhores e aí permanecessem eternamente. Alguns deles transportam consigo uma corja inconsequente de “bate palmas”. Fantasiados figurantes de uma qualquer peça de teatro barato. Coreografada por outros tantos iluminados que na procura de criarem algo novo, tropeçam na crítica audaz de quem avalia sabiamente (felizmente alguns) e dizem-se incompreendidos nessa audácia. E assim, no clássico Era Uma Vez...contam-se histórias ficcionadas no modelo romântico (em que já ninguém acredita) e se fazem comparações de realidades tão diferentes e tão distantes.

Crédulo povo, porque te enganas ou de deixas enganar?!
Era Uma Vez um povo, sem memória, sem identidade, sem história, recolhido na dualidade do querer ou não querer serem autênticos.E a ideia que se tinha adquirido de certos valores e princípios foi-se degradando com o passar do tempo. A evolução, o progresso, a globalização deixa acoplada sua marca da contemporaneidade - o descartável. Será que hoje se sabe exactamente o verdadeiro significado de honestidade? Não terá sido adulterado em sua génese sem que disso nos tenhamos apercebido?

E numa de globalização sustentada tentando ocupar lugar de destaque nas relações internacionais, pinta-se o rosto de modernidade... cai-se no ridículo de parecerem palhaços (perdoem-me os verdadeiros palhaços) disfarçados...que se inclinam servilmente num jogo de fatalidades. No... tem que ser para “levantar o pais de heranças acumuladas”...justificações impregnadas de dúbio sentido, servindo o desafio de desculpas elaboradas, melhor dizendo, esfarrapadas.

Emigrantes de ontem, numa fuga desenfreada de jovens, que não querendo deixar suas famílias, fugiam simplesmente ao seu envio para Africa. Emigrantes de hoje, não apenas jovens mas com outras competências que fogem ao insustentável.

E neste deambular de situações incontornáveis... ao virar da esquina encontramos, na mesma cidade, vestígios de um passado longínquo entrelaçando memórias de um tempo (in)definido em seus vários registos. Deparamos com construções de estilos pouco definidos, de linhas rígidas, direitas, entrelaçadas. Restos aqui e ali de uma espécie de inovação futurista, incompreensivelmente aceitáveis. Neste acumular de intemporalidade, sobressaem habituações, ruindo de abandono, outras ainda inacabadas, servindo de abrigo aos sem-abrigo.

Desarmonização profundamente chocante com a natureza que a envolve, de escassos apontamentos de verde urbano que se vão impondo, suplicantes! Alguém se preocupa em preservar a memória do património, em cada um de seus municípios, a memória de um povo, procurando nele vestígios (materiais e imateriais) algo que os identifique e valorize sua história e sua identidade?!

Surgem pontualmente algumas manifestações de interesse, para de imediato serem abandonadas a outros interesses, que possam trazer lucro e protagonismo, no imediato. Que importância pode ter a história passada, de um povo que em seus tempos áureos, foi Grande, mas nem aí conseguiu gerir adequadamente seu património nem fortalecer seus laços culturais...!

Avivando memórias numa procura de respostas para as incoerências dum passado...Na história dos vários povos e culturas do Mundo, ao longo do tempo, muito de seu espólio nem sempre foi “lindo” de (re)ver. Nem sempre, nas mais diversas culturas existentes, os registos, os documentos, os vestígios desse passado, deixaram marca positiva em sua passagem. Muitos houve, que em seus registos a barbaridade de seus feitos era sangrenta...e mesmo assim, disso se orgulhavam.

Situemos os factos ao seu tempo numa busca de entendimento...in illo temporé. Nós, Ocidentais, Europeus, Lusitanos, Portugueses, fomos Navegadores buscando outros mares e nesses relatos de cronicas reais, o beneficio da duvida, permanece intemporal.

Mas outros há que ficarão para sempre na história, por seu contributo, imensurável e ninguém os lembra... Era uma vez um povo...que num futuro próximo poderá ser apenas mais uma colonia, de um qualquer país “civilizado”, irreflectidamente esquecido de seu passado de conquistas e glória. Não se confunda tudo “isto” com discurso saudosista de um passado...

Procuram-se apenas respostas para um povo à procura de sua identidade e... de cotação no mercado da actualidade (modernidade) sem perder sua autonomia identitária.
Era uma vez um povo.

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