Os amigos de Mariana (1ª parte)
Ideias
2013-05-21 às 06h00
‘Famalicão Inclusivo’ que aconteceu no passado dia 10 de Maio e a convite do vereador da educação e cultura, Dr. Leonel Rocha, tive a oportunidade de apresentar uma reflexão estruturada no âmbito da escola inclusiva. O meu bem haja por me ter permitido refletir sobre aquele que é também o dia a dia da minha vida profissional. A ‘escola inclusiva’ e a realidade que hoje as escolas enfrentam carece ela também de uma conjuntura que está muito para além dos despachos, dos normativos, dos decretos. Sobre isto, e permitam-me aqui um breve parêntesis, tive a oportunidade de pedir o que as escolas tanto precisam: PAZ. Paz de decretos, de leis, de pareceres. Ao Sr. Secretário de Estado Dr. João Grancho, que esteve presente, pedimos PAZ.
A escola inclusiva, para que exista precisa acima de tudo, de TEMPO. Tempo de formação, de auto-formação, de exigência não nos produtos mas nos processos. E para que haja mudança nos processos as escolas necessitam de TEMPO. Como tão bem dizia Mahatma Gandhi “Não existe um caminho para a paz. A paz é o caminho.” É isto sim...
A escola inclusiva tem que caminhar e o caminho apega-se a TEMPO. A tempo de permitir desconstruir mitos e preconceitos, de tolerância, de vivências, de respeito pelo outro.... e isto não se decreta, VIVE-SE. Voltando então à reflexão sobre esta mudança de paradigma, quer na forma quer no conteúdo de uma escola inclusiva, que da Segregação chega à Inclusão.
O conjunto de intenções da Declaração de Salamanca, de 1994, quase a fazer vinte anos, foi sendo adaptado, revestido de um radicalismo que por vezes raiou a ignorância e a imposição. Ignorância por ausência (veja-se o caso da sobredotação) ou imposição por decretos e despachos desprovidos de qualquer consenso da comunidade escolar.
“Não se pode manter a paz pela força, mas pela concórdia” já dizia Albert Einstein. A força exerce-se num momento, a concórdia requer o seu tempo. Não se passa de um modelo segregacionista para um modelo inclusivo pela força. A força da lei. A inclusão requer não mudança de comportamentos mas antes de atitudes. E a mudança de atitudes não se decreta: acolhe-se. O acolhimento é um estado interior que ocorre porque há vontade.
Vontade intrínseca. E não há lei que valha para mudar vonta-des. Já vai longo este parêntesis... Mas não poderia esquecer a PAZ. Atendamos então aos modelos que nos últimos longos anos serviram de suporte à educação: a escola segregacionista inspirada num modelo médico que separou e dividiu as diferenças; a escola integracionista inspirada num modelo social que muitas vezes não mais fez do que juntar as diferenças. Médico e social.... dois modelos que aspergiram a escola de individualismo, de necessidades pontuais, de atenção focal no indivíduo.
O modelo social dos últimos anos que teve uma preocupação, sem dúvida meritória, a socialização (dos alunos, dos pais, dos professores). Mas que hoje sabemos também o quanto desviou, e porque não desvirtuou, o sentido último da escola: ENSINAR. E por consequência APRENDER. A escola inclusiva terá que ser a escola onde se ENSINA e onde se APRENDE.
De que forma? Deixo-vos com o excerto de uma conversa facebookiana com um ex-aluno meu, uma pessoa com deficiência, e no meu próximo artigo a promessa de apresentar o modelo que necessitamos para a escola inclusiva: um modelo psicopedagógico.
“Olá stora como está? Eu estou a pensar em começar a fazer um artigo para o Correio do Minho como a stora já fez posso contar com a sua ajuda?”.
“Claro... segue em frente. Cá estarei para o que for preciso...”.
“Olá stora tudo bem? já esco-lhi o título para o artigo vai ser IGUALDADE PARA AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. Agora vou começar a desenvolver, posso dar o meu exemplo e de igual modo ir à net buscar alguma coisa, ideias não me faltam”.
“Embora lá miúdo... Mas não te esqueças de uma coisa importante: Cada vez mais é preciso olhar para a DIFERENÇA e tratá-la de maneira DIFERENTE. Pensa nisso. É tão injusto tratar de diferente maneira aqueles que são iguais como tratar de igual modo aqueles que são diferentes. Porque somos TODOS DIFERENTES e precisamos de respostas de acordo com a nossa DIFERENÇA.
Há direitos que devem ser iguais para todas as pessoas que são diferentes. Não podemos é negar a diferença. Tu tens sentido na pele que pelo fa-cto de seres diferente precisas de alguns cuidados especiais. E tens o direito a ter esses cuidados especiais que não são iguais aos dos outros..... é aqui que está a INCLUSÃO. Para poderes vi-ver com os mesmos direitos dos outros precisas de apoios diferentes para chegar aos mesmos direitos. Vamos... continua, mas não coloques IGUALDADE - coloca INCLUSÃO. E continua com as mesmas ideias...”.
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