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Escola sem telemóveis

A urgência de uma estratégia para a valorização do ensino profissional

Escola sem telemóveis

Voz às Escolas

2024-10-07 às 06h00

Maria da Graça Moura Maria da Graça Moura

O Agrupamento de Escolas André Soares aceitou de bom grado aderir às recomendações do Ministério da Educação sobre o uso dos  smartphones dentro do espaço escolar. As escolas, enquanto locais de aprendizagem, não estão imunes à inovação que os telemóveis proporcionam. Eles tornaram-se uma extensão de nós mesmos e fazem parte integrante das nossas vidas. Moldaram não apenas a forma como interagimos uns com os outros, mas também como aprendemos, percebemos e experimentamos o mundo ao nosso redor. No entanto, este Agrupamento está a planear ações para, de forma participada e partilhada por toda a comunidade educativa, restringir o uso destes dispositivos, de acordo com um regulamento que define as regras a seguir. Queremos ponderação, discussão e reflexão nos prós e contras destas medidas, queremos conclusões refletidas. Uma escola sem telemóveis promove a melhoria das relações interpessoais e do foco nas aprendizagens em sala de aula e desenvolvimento das habilidades emocionais e cognitivas. Estamos convictos que reduzir a presença de telemóveis nas escolas abrirá oportunidades de socialização, comunicação, interação e integração. Das múltiplas vantagens que nos levaram a preparar a adesão a esta recomendação, podemos explicitar algumas:
A melhoria do desempenho académico e do bem-estar físico e mental de crianças e dos jovens uma vez que as notificações, mensagens e consultas constantes das redes sociais são fatores distratores que desfocam a concentração na aprendizagem. O aumento do risco de cyberbullying, que muitas vezes é alimentado por imagens captadas na escola.
Outra grande vantagem é o fortalecimento das habilidades sociais. Os alunos, nos intervalos, quando não têm o telemóvel consigo, interagem face a face, aprimorando habilidades de comunicação, empatia e compreensão. Envolvem-se mais em atividades físicas, jogos, leituras ou conversas e discussões enriquecedoras. Este tipo de interações dá-lhes rasgo, tenacidade, autonomia, criatividade e ajuda no desenvolvimento de resiliência e habilidades de prevenção/resolução de conflitos. Presas ao telemóvel, as crianças e os jovens passam muito tempo a viver na ponta dos dedos. Alerta o Professor Carlos Neto: isso tem consequências, que se estendem para lá do preocupante aumento do sedentarismo e da obesidade infantil. Há um conjunto de experiências que as crianças deixam de viver por estarem presas aos ecrãs: os jogos, as brincadeiras, as atividades físicas e sociais, as oportunidades para se misturarem uns com os outros, se conhecerem, serem obrigados a socializar, a competir, a crescer de forma saudável.
Sem acesso a respostas rápidas na internet, os alunos estimulam mais a criatividade, a imaginação e a colaboração. São incentivados a pensar de forma crítica e “fora da caixa”, a recorrer a livros, fazer perguntas e participar mais ativamente nas atividades letivas. Além disso, os professores sentem que os alunos, sem o telemóvel, estão menos ansiosos, uma vez que se sentem menos pressionados pelas comparações sociais, pela necessidade de estarem constantemente conectados. Outro dos flagelos é a sensação de invasão da sua privacidade que muitas vezes acontece com o envio de mensagens inapropriadas ou a captura de imagens não autorizadas que têm consequências na saúde mental, na ansiedade e no stress dos alunos.
É um dos objetivos da escola que as crianças e os jovens sejam tecnologicamente capazes, apostando no desenvolvimento de uma literacia e uma cidadania digital ativa e eficaz. Porém, dentro da escola, é urgente criar um equilíbrio na sua utilização promovendo oportunidades para um crescimento mais harmonioso e conectado com o meio circundante.

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