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Escolas que abrem futuro

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Escolas que abrem futuro

Ideias

2019-02-18 às 06h00

Felisbela Lopes Felisbela Lopes

Anualmente, os media publicam rankings que ordenam as escolas segundo as classificações dos respetivos alunos, fornecidas pelo Ministério da Educação. Os órgãos de comunicação social fazem um certo investimento na análise quantitativa dos dados, criando dossiers específicos onde, aos resultados obtidos, juntam reportagens de fundo que rasgam janelas para escolas inspiradoras ou para estabelecimentos de ensino que exigiriam uma outra atenção. Em Braga, à semelhança dos anos anteriores, o Colégio Dom Diogo de Sousa destacou-se como a escola com melhores resultados.

Nos últimos anos, as melhores escolas do país repetem-se. É natural. Há aí um corpo docente estável, as metodologias de aprendizagem vão sendo cada vez mais apuradas e, no caso do sistema privado, sente-se uma enorme pressão de entrada, o que permite escolher os melhores alunos. Em Braga, distingue-se o Colégio Dom Diogo de Sousa, um estabelecimento de ensino sem contrato de associação com o Ministério da Educação, que consegue, sem inflacionar mensalidades, apresentar uma oferta educativa de grande qualidade. E exigência. Quem opta por colocar aí os seus filhos sabe que o dia-a-dia se faz de permanente trabalho em relação ao qual se esperam bons resultados. Mas o quotidiano não se esgota na aprendizagem de disciplinas nucleares. O horário escolar preenche-se igualmente com atividades extracurriculares diversas onde se procura reforçar a preparação física e o cultivo das artes. E tudo isso se faz em edifícios arejados que se renovam em permanência.

Neste fim-de-semana, centrei parte das minhas leituras nas reportagens publicadas sobre as escolas portuguesas. Devo confessar que fiquei paralisada diante do texto do semanário “Expresso”, intitulado “os alunos de Lisboa que nunca viram o rio”. A peça fala de uma escola da zona do Lumiar onde as crianças nunca tiveram a oportunidade de ver o Tejo, nem tão pouco acreditam que, no centro da sua cidade, haja um castelo. Quando acordam, os pais já dali saíram há muito tempo. São elas quem se vestem e lá saem de casa sozinhas. Sem tomar o pequeno almoço. Na mochila carregam a desesperança de que a escola consiga desfazer as agruras da vida. E aí ficam parte do dia, abrigadas dentro de um edifício degradado, mas para muitos bem melhor do que a casa que habitam. Essa não é uma escola que abra futuro para os estudantes. Ao contrário, por exemplo, do estabelecimento de ensino Dr. Machado de Matos, em Felgueira, a melhor escola pública do ensino secundário na lista dos percursos de sucesso. “Estive para desistir. Até que contei à professora de Matemática isso e ela mostrou-me que eu conseguia, se quisesse muito, concretizar os meus sonhos”, diz ao jornal “Público” um aluno do 10º ano. No “Jornal de Noticias” fala-se da Escola Básica e Secundaria Pintor José de Brito, “uma escola sem chumbos que trata os alunos pelo nome”. Declara uma aluna: “o facto de ser uma escola pequenina também ajuda imenso. Somos todos muito próximos. Naqueles momentos de mais stress, quando há testes e exames, estamos juntos e ajudamo-nos uns aos outros”.

É um gosto conhecer escolas assim. Com professores empenhados. Com alunos motivados. Com uma cultura de exigência que, no entanto, não esquece os afetos. E aqui estou parada em frente à reportagem do semanário “Sol “que fala da Liga dos Amigos da Escola Secundária Augusto Cabrita, no Barreiro, ou seja, de uma associação sem fins lucrativos criada há 13 anos com o objetivo de ajudar quem precisa. Garantem os seus membros que aí nenhum aluno fica apeado nas visitas de estudo por falta de dinheiro e nenhuma cirurgia fica adiada por dificuldades económicas. “Somos muito boas a pedir”, diz uma das professores. E assim é. Um dia, decidiram meter-se no carro e rumar até Campo Maior para pedir à Delta trabalho para um ex-aluno de etnia cigana. E conseguiram empregar o rapaz que ali permanece até hoje. Feliz.
No sábado, preenchi praticamente toda a revista de imprensa que faço no Bom Dia Portugal da RTP1 com as escolas portuguesas. Quando saio do ar, é habitual trocar umas impressões com o pivot sobre o que foi feito. “Foi uma das melhores revistas de imprensa”, disse-me o jornalista Daniel Catalão. Também gostei muito do alinhamento escolhido. Porque falámos de escolas que estão longe da noticiabilidade e iluminámos rostos anónimos de gente que faz tanto pelos seus alunos. E que justo é esse destaque!

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