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Ideias

2023-07-22 às 06h00

Pedro Madeira Froufe Pedro Madeira Froufe

“Falo Espanhol com Deus, o italiano com as mulheres, o francês com os homens e o alemão com o meu cavalo!”
(Carlos I de Espanha).

Amanhã, domingo, Espanha irá ser o centro político da Europa. Na verdade, o Conselho de Ministros da União é, durante o presente semestre (1 de julho até 31 de dezembro), presidido por Espanha. Porém, amanhã, existirão outras razões para que os focos políticos europeus estejam voltados para Espanha. Há eleições antecipadas para o Parlamento e, na verdade, poderá estar a caminho um novo governo espanhol. Ora, o primeiro hipotético problema com as eleições legislativas espanholas é, precisamente, esse: durante o semestre da respetiva presidência, poderá mudar o primeiro-ministro do Estado que a assume - ou seja, tal presidência do Conselho de Ministros, não mudando de Estado, muda de rosto. O cenário político conhecido em Espanha, legitima a possibilidade de poder efetivamente acontecer uma mudança de Governo, de forças partidárias, que suportam o Governo e isto, durante a respetiva presidência do Conselho de Ministros. Tal complica sempre, inevitavelmente, a gestão da presidência espanhola.

Poderão verificar-se algumas mudanças de prioridades em realizações projetadas e/ou na avaliação de certos dossiers. Desde o Tratado de Lisboa, existe, contudo, o cargo de Presidente do Conselho Europeu, atualmente desempenhado por Charles Michel. Ora, o rosto mais associado a uma espécie de presidência formal da União (embora esta terminologia não seja rigorosa), talvez seja, precisamente, a do Presidente (permanente) do Conselho Europeu e não a do primeiro-ministro que assume a Presidência (rotativa) do Conselho de Ministros. Para os nossos Leitores que, porventura, não estejam muito familiarizados com os aspetos institucionais da União, importa referir que existem dois Conselhos: o Conselho de Ministros cuja composição é variável (composto pelos vários ministros que tutelam, nos seus países, os temas que são, a par e passo, objeto de decisão) e o Conselho Europeu (integrando, designadamente, os vários Chefes de Estado). Charles Michel é o atual presidente do Conselho Europeu (no fundo, o órgão de cúpula e de estratégia política da União). E permanecerá até 2024. De resto, no “diz-se, diz-se” da nossa política interna, aponta-se tal cargo como sendo um dos objetivos do atual primeiro-ministro, António Costa. Ora, essa permanência de quem exerce a Presidência do Conselho Europeu, atenua os eventuais problemas decorrentes de uma mudança de rosto no poder interno do país que exerce a presidência do Conselho de Ministros.

Mas, poderemos alinhavar outro tipo de reflexões, a propósito das eleições espanholas. Há a emergência do líder do PP, Alberto Feijóo que poderá pôr em causa Sanchéz e o poder do PSOE. Tem tido boa prestação nas sondagens…que valem sempre o que valem e, ultimamente, não muito! Tem irrompido na política espanhola, desde a Galiza (aqui ao lado), com uma força e uma vitalidade pujantes. Com prestígio. No entanto, nos últimos dias, tem vindo a perder fôlego. E, a meu ver, grandemente por uma razão: a falada e aparente inevitabilidade de se aliar ao “Vox”, de extrema-direita, para governar. Com efeito, pelas sondagens, não parece possível que Feijóo possa ganhar as eleições com maioria absoluta. Ou seja, um cenário e uma narrativa semelhantes aos que se ouvem em Portugal, com o que se imputa e/ou pressupõe em relação ao “PSD” e ao “Chega”.

Ademais, o líder do “Vox” tem-se revelado (nomeadamente, no último debate televisivo) mal preparado, inconsistente e sem visão de estado. Em resumo, mau! Claro que do lado adversário, do lado do PSOE de Pedro Sanchéz, o problema, o cenário e a narrativa poderão ser análogos: sem maioria absoluta, uma hipotética aliança com o “Sumar”, onde aparece o ex-aliado de governo “Podemos”, de extrema esquerda. De certo modo, muita da contestação ao consulado de Sanchéz, resulta da má influência visível que o “Podemos” teve no governo. E, assim, podemos observar algo que, a meu ver, é ilustrativo do risco que, na Europa, as democracias vão correndo: os dois grandes partidos de governo, indubitavelmente democráticos e com uma visão europeísta (que representam a denominada “tradição democrática liberal”), poderão ficar reféns de extremos cujo “ADN” é antidemocrático. De facto, de Espanha poderão não vir “bons ventos, nem bons casamentos” - pelo menos, como exemplo - para Portugal e para toda a Europa. A esperança é que, no fim das eleições, Deus ainda nos fale (como dizia Carlos I) em espanhol!

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