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Braga, quarta-feira

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Estações Ferroviárias como referências urbanas

A armadilha da gratuidade universal

Estações Ferroviárias como referências urbanas

Ideias

2024-04-07 às 06h00

Mário Meireles Mário Meireles

Atualmente o conhecimento sobre a ferrovia, nomeadamente a Alta Velocidade, é elevado. Todas as pessoas que possuam esse conhecimento e aprofundem a matéria dizem que as estações de alta velocidade devem sempre ficar o mais perto possível do centro das cidades, descartando automaticamente estações periféricas e fora da cidade, como a de Tibães/Semelhe.
O Plano Ferroviário Nacional admitia que a estação da Alta Velocidade fosse deslocalizada para mais próximo da cidade de Braga. 
Após a consulta pública saiu reforçada a posição de colocar a estação mais próxima da cidade. Várias entidades e cidadãos solicitaram que a estação de Alta Velocidade de Braga ficasse o mais perto possível da cidade, salvaguardando assim o bom acesso através da mobilidade ativa (a pé e de bicicleta), de transporte público urbano, mas também garantindo o acesso a quem se desloca para a estação de carro. 
No âmbito dos contributos recebidos na consulta pública para o Plano Ferroviário Nacional ficaram contempladas as ligações ferroviárias Braga-Guimarães, Braga-Vila Verde, Braga-Barcelos e o estudo Braga-Cha- ves. Apenas com estas novas linhas na Rede Ferroviária Nacional passará a ser possível que as pessoas que efetuam deslocações entre estas cidades passem a usar o transporte público em vez do carro.
Com todas estas ligações a passar em Braga torna-se fundamental que a localização da Estação de Alta Velocidade da Região esteja no sítio certo. 
A localização óbvia, tendo em conta o traçado da Alta Velocidade prevista para a região, é na zona entre o Apeadeiro de Ferreiros e o E’Leclerc, local onde a linha passa em túnel e poderá ter um bypass para que seja possível ali parar.
Ali passará a ser necessário coser toda a envolvente num conjunto de engenharia e arquitectura ao nível das estações de alta velocidade que se observam na Europa, e dos designs que já se começam a ver em Portugal.
As Gares Multimodais estão já a ser amplamente discutidas e desenhadas, com o envolvimento da sociedade civil, em Coimbra e no Porto. 
No Porto, depois da sociedade civil ter colocado no Plano Ferroviário Nacional a linha Viana-Esposende-Porto, haverá a necessidade de comportar mais esse serviço em Campanhã. 
Em Coimbra há uma ampla discussão sobre a desativação da Estação Central e da nova Estação de Alta Velocidade. Quando tentaram acabar com a Gare Central de Nova Iorque houve um levantamento popular, impedindo que a mesma saísse dali.
Ao contrário do que já está a ser efetuado em Coimbra e no Porto, em Braga ignora-se a sociedade civil e nada se discute. Em Braga o poder autárquico fecha as portas à sociedade civil, pensa que as decisões políticas são absolutistas e não precisa da sociedade civil envol- vida. As reuniões que vão existindo são já com decisões tomadas, sem espaço para acolher qualquer tipo de sugestões. Nada mais errado.
A localização da estação é, sempre, uma decisão política, e a responsabilidade de cometer mais um erro na sua localização, como já alertado por vários especialistas na área, é apenas do atual executivo municipal. A decisão política em nada depende da componente técnica, que terá de trabalhar para acompanhar a decisão política.
Politicamente e tecnicamente, a opção Ferreiros é melhor para a população da cidade e da região do que a opção Tibães/Semelhe.
Para Braga se continuar a afirmar na região, não pode ignorar as ligações às cidades vizinhas. A posição do Presidente da Câmara de Braga, de desprezar a ligação à cidade vizinha através de ferrovia, levou o Presidente da Câmara de Guimarães a dizer que o foco passava a ser a duplicação da ligação Guimarães-Lousado, para se poder ir apanhar o comboio de Alta Velocidade à estação do Porto - Campanhã.
Não se pode ignorar que é a rede Ferroviária Nacional que alimentará a linha estruturante de Alta Velocidade, linha que ligará o Aeroporto Francisco Sá Carneiro à Galiza, parando em Braga.
Qualquer estação de Alta Velocidade é uma referência e uma centralidade na cidade. A estação de Vigo-Urzaiz, desenhada pela equipa de arquitectos que desenhou também a Estação Terminal de Roma, é enterrada, sob um shopping, e ocupa 74 mil metros quadrados. 
Em Logroño, desenhada pela equipa Ábalos + Sentkiewicz arquitectos, a estação é enterrada, sob um parque verde, com 90 mil metros quadrados de área. 
A estação de Bolonha Central - Itália, desenhada pelo arquitecto japonês Arata Isozaki, tem o serviço de alta velocidade sob o serviço regular da rede ferroviária nacional. 
A Gare do Oriente, em Lisboa, é uma referência urbana, sendo que foi desenhada e será renovada para receber a alta velocidade, pelo arquitecto e engenheiro Santiago Calatrava. Partindo do Plano Ferroviário Nacional, o Porto revitaliza- rá toda a zona com um plano de urbanização para Campanhã desenhado pelo arquitecto Catalão Joan Busquets.
Todas estas estações têm, no mesmo local, mas em plataformas diferentes, o serviço de Alta Velocidade e o serviço regular nacional, permitindo assim as ligações entre os mesmos. Em Braga isso só é possível com a Estação em Ferreiros, por onde passa a linha Braga-Porto.
A mobilidade induz-se.

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