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Ideias
2014-09-01 às 06h00
Inicia-se hoje mais um período de colaboração com o jornal “Correio do Minho”.
De todos os artigos que elaborei para este jornal, este terá um carácter mais intimista, justificado pelo facto de aqui ter iniciado a minha actividade dedicada à escrita.
Foi na edição deste jornal, do dia 2 de Agosto de 1989, que vi publicado o meu primeiro texto no “Correio do Minho”, que conservo como todos os outros. Passam agora 25 anos e… um mês.
Recordo que ainda não tinha carta de condução, e muito menos carro próprio, quando descia a Avenida da Liberdade a pé, para entregar os primeiros artigos na redacção deste jornal, situada no Parque de Exposições. Fazia-o em folhas manuscritas, numa caligrafia difícil e que causava embaraço quando não era percetível. A aquisição de uma máquina de escrever permitiu-me orgulhosamente ultrapassar esta situação, embora algumas folhas fossem maculadas pelo uso de corrector. Era um tempo em que o jornal tinha escassas páginas, todas a preto e branco.
Com a evolução tecnológica verificada, e quando as instalações do “Correio do Minho” já se encontravam na morada actual, entregava os textos nas agora arcaicas disquetes, numa partilha em que a escrita e os vírus informáticos se misturavam, levando a que muitos textos se perdessem.
Felizmente o correio electrónico tornou-se uma ferramenta bastante útil e eficaz, permitindo o envio dos textos mesmo estando próximo do deadline que, disciplinadamente, evito. Aliás, ao longo destes 25 anos, nunca falhei com alguma solicitação do jornal.
Não escondo que recebi convites de outros órgãos de comunicação social, alguns de âmbito nacional (o extinto “Comércio do Porto” é um exemplo), mas decidi, em todos esses momentos, manter a minha fidelização ao “Correio do Minho” e não me arrependo por isso.
Ao longo deste quarto de século mantive uma colaboração regular com este jornal, centrando a minha análise em centenas de textos de cariz social, de cariz educativo e, fundamentalmente, de cariz histórico.
Ao longo destes 25 anos, nunca orientei esta minha colaboração para o interesse pessoal, procurando objectivos e finalidades menos aceitáveis. A característica que possuía há 25 anos mantém-se actualmente: simplicidade, dedicação e paixão por tudo aquilo que faço.
Ao longo destes 25 anos nunca usei esta colaboração como arma de arremesso público, como ataque pessoal ou institucional. Sempre mantive esta postura, pois foi esta a educação e a formação que recebi e que meticulosamente mantenho.
Ao longo destes 25 anos conheci muitas pessoas que colaboraram neste jornal, algumas que recordo com saudade. Refiro-me a Gomes dos Santos, a Leovigildo Palmeira, ao Mestre José Veiga e a Carlos Pinto Coelho, para lembrar apenas alguns que já não se encontram entre nós.
Ao longo destes 25 anos conheci quatro directores do “Correio do Minho: Leovigildo Palmeira (1989); Rui Madeira (1990); António da Costa Guimarães (de 1991 a 2007) e Paulo Monteiro (de 2007 até à actualidade). Em relação aos dois primeiros, foi um conhecimento breve e superficial, pois o tempo em que se mantiveram nos cargos foi de curta duração. Relativamente aos dois últimos, mantive e mantenho uma amizade de mais de duas décadas, cujos laços de proximidade profissional e pessoal me orgulho de manter, de forma pura e genuína.
Entendo esta minha colaboração como uma forma de dar voz a alguns aspectos de natureza social, ou então a temas ligados à educação. No entanto, a minha principal orientação centra-se na recordação de alguns dos mais brilhantes momentos e episódios de história local, pois é esta que mais directamente nos diz respeito e estamos ligados. É, portanto, esta a postura que pretendo manter.
Millôr Fernandes referiu que “A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as suas qualidades”. Tenho mantido esta postura ao longo destes 25 anos e é desta forma que vejo e me relaciono com todos os que trabalham no “Correio do Minho”: pessoas amigas e em quem posso confiar.
Por fim, um desabafo: apesar de colaborar há 25 anos com o “Correio do Minho”, ainda me faltam outros 25 anos para que possa atingir a idade da reforma. Veremos se lá conseguimos chegar!
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