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Ideias
2020-09-05 às 06h00
O Pacto Ecológico Europeu, apresentado pela Comissão Europeia (CE), é um ambicioso projeto que perspetiva a estratégia a seguir para converter a Europa no primeiro continente neutro do ponto de vista climático no horizonte de 2050 (ou seja, tornar a UE eficiente na utilização dos recursos e competitiva e que tenha zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa). Entre as áreas a dinamizar e apoiar pela sua importância na descarbonização da economia europeia está o hidrogénio, que terá um papel central, sendo simultaneamente apresentado como uma opção eficiente para promover, aprofundar e facilitar a transição energética e como uma oportunidade económica, industrial, científica e tecnológica para a Europa.
Com o objetivo de tornar o hidrogénio numa das soluções para a descarbonização da economia, a Comissão Europeia (CE) apresentou uma nova Estratégia o Hidrogénio Verde (produção de hidrogénio 100% renovável), onde define metas mais ambiciosas e cria a “Aliança Europeia para o Hidrogénio Verde”, (composta por líderes do setor, sociedade civil, dirigentes políticos nacionais e regionais e pelo Banco Europeu de Investimento), para liderar a implementação da estratégia em grande escala na economia da União Europeia (UE) até 2050. A Aliança irá criar uma reserva de projetos de investimento destinada a aumentar a produção e apoiará a procura de hidrogénio limpo na UE. Com esta estratégia, o grande objetivo da UE é que o hidrogénio renovável seja produzido principalmente a partir de energia eólica e solar e que integre a sua cadeia de valor para reduzir custos e torná-la mais competitiva.
Refira-se que esta tecnologia ainda não se encontra desenvolvida para utilização comercial e competitiva, por isso a aposta da CE em apoiar projetos de investigação e no desenvolvimento de protótipos industriais numa primeira fase, para tornar a tecnologia madura, possivelmente, entre 2031 e 2050, de modo a permitir a utilização em grande escala. Num relatório da Comissão Europeia explica-se que o custo do hidrogénio convencional ronda 1,5 euros por quilo. No entanto, o hidrogénio verde (a produzir a partir do processo de eletrólise da água com eletricidade renovável, como a solar e eólica) pode custar o dobro ou o triplo, com uma estimativa que vai de 2,5 a 5,5 euros por quilo (considerando preços de eletricidade entre os 35 e os 87 euros por megawatt hora).
A CE reconhece que, a curto e médio prazo, "serão necessárias outras formas de hidrogénio com baixo teor de carbono para reduzir rapidamente as emissões e apoiar o desenvolvimento de um mercado viável" para, mais à frente, produzir hidrogénio renovável em grande escala e integrar a sua cadeia de valor desde a produção até ao transporte. O objetivo é que seja utilizado numa multiplicidade de setores, incluindo indústrias como instalações químicas ou metalúrgicas.
Inicialmente, entre 2020 e 2024, a estratégia procura desenvolver um setor na sua infância para instalar "pelo menos 6 gigawatts de eletrólitos de hidrogénio renováveis na UE" e "um milhão de toneladas de hidrogénio renovável". Numa segunda fase (2025-2030) prevê-se que seja "uma parte intrínseca" de um sistema energético europeu integrado, com "pelo menos 40 GW de eletrólitos de hidrogénio renováveis e (...) dez milhões de toneladas de hidrogénio renovável". Na terceira fase (2031-2050), as tecnologias relacionadas com o hidrogénio "devem atingir a maturidade e ser implantadas em grande escala em todos os setores difíceis de descarbonizar".
Portugal, procurando estar alinhado e comprometido com as politicas da UE em matéria de descarbonização da economia, também preparou a “Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2)”, que tem como principais objetivos incentivar e introduzir estabilidade para o setor energético, promovendo a introdução gradual do hidrogénio verde enquanto pilar sustentável e integrado numa estratégia mais abrangente de transição para uma economia descarbonizada, enquanto oportunidade estratégica para o país. Para o efeito, essa Estratégia enquadra o papel atual e futuro do hidrogénio no sistema energético e propõe um conjunto de medidas e metas de incorporação para o hidrogénio nos vários setores da economia. A Estratégia Europeia para o Hidrogénio prevê instalar 40 gigawatts em eletrolisadores até 2030 e Portugal pretende ter pelo menos 2 gigawatts.
Para alcançar a neutralidade climática até 2050, a Europa tem de transformar o seu sistema energético, o qual representa 75% das emissões de gases com efeito de estufa da UE. Num sistema energético integrado, o hidrogénio pode contribuir para a descarbonização da indústria, dos transportes, da produção de eletricidade e dos parques edificado em toda a Europa. A Estratégia da UE para o Hidrogénio aborda o modo de transformar esse potencial numa realidade através de investimentos, regulamentação, criação de mercado e investigação e inovação. A principal prioridade é desenvolver hidrogénio renovável, produzido principalmente a partir das energias eólica e solar. Contudo, a curto e a médio prazo são necessárias outras formas de hidrogénio convencional (hipocarbónico), a fim de reduzir rapidamente as emissões e apoiar o desenvolvimento de um mercado competitivo.
Desenvolver e implementar uma cadeia de valor do hidrogénio limpo até 2030, será, pois, um enorme e complexo desa-fio à inovação tecnológica. Atingidos os objetivos, a Europa estará na vanguar- da mundial e manterá a sua liderança em matéria de tecnologias energéticas limpas.
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