Um batizado especial
Ideias
2013-01-20 às 06h00
Nunca tive qualquer ligação partidária, nem qualquer cargo político e isso não fará parte da minha vida a curto prazo. Assim, tudo aquilo que se diz e se escreve sobre a minha eventual integração, como número dois, numa lista à Câmara Municipal de Braga não corresponde à verdade.
Foram, sobretudo, jornalistas aqueles que, pela primeira vez, me falaram do assunto. É candidata a vice-presidente da autarquia de Braga? Confirma que o seu nome foi discutido numa reunião partidária?... À medida que essas perguntas surgiam em catadupa, eu ia pensando como é possível alguém pôr a circular essa ‘informação’, sem antes falar comigo. Na sequência destas questões, que eu nunca pensei que resultariam em notícia, leio boquiaberta uma citação de um militante segundo o qual nada estaria decidido, sendo essa uma matéria para discussão em órgão apropriado. Como é que alguém pode dizer isso, sem saber se eu estou disponível para tais funções? Ninguém pode debater em púbico a minha inclusão numa lista, sem ter primeiro a minha autorização para tal. Como é óbvio e como mandam as regras da educação. Leio também afirmações de alguém que diz que eu tenho um “passado” ligado às campanhas de Mário Soares. Nunca tal aconteceu, porque, até agora, eu optei por nunca participar em qualquer iniciativa partidária, principalmente em contextos eleitorais. A minha única ligação ao Dr. Mário Soares relaciona-se com a apresentação do seu último livro em Braga, um convite partilhado entre a editora e o próprio.
Este meu posicionamento face a notícias recentes não implica uma crítica a determinado partido, porque sei que este tipo de funcionamento é intrínseco a todas as forças partidárias. Hoje, em Portugal, as estruturas concelhias dos partidos do arco de poder são espaços fechados que, em momentos pré-eleitorais, perfilam militantes que vêem nas eleições um futuro que frequentemente não encontraram pela via profissional. São candidatos porque militam em determinado partido há muitos anos, controlam as máquinas partidárias e garantem lugares “apetecíveis” a uma corte que persegue ferozmente cargos, porque nunca correu atrás de mais coisa alguma. Claro que não é legítimo generalizar. Claro que há políticos com obra feita, políticos que se dedicaram, durante largos anos, à causa pública, servindo-a com dedicação e competência. Estes têm toda a minha admiração. Chamam-lhes políticos profissionais, mas, quando competentes, a sua carreira deve ser reconhecida e motivada. O pior são os chamados políticos do aparelho que nunca fizeram nada de relevante a não ser adensar a trica política.
Ainda estamos longe das eleições autárquicas. Em Braga, perfilam-se os cabeças de lista, acreditando que ganharão esse escrutínio. Não será fácil para nenhum deles por razões diferentes. E as contas poderão ser ainda baralhadas se, entretanto, surgir uma candidatura independente e suprapartidária, em resultado do movimento de cidadãos que ambicionam outro protagonismo para a cidade. Uma candidatura que teria todo o espaço, se escolhesse pessoas com carreira reconhecida em domínios diversos, disponíveis para abdicar de posições profissionais sólidas para servir a sua cidade. Justamente aquelas pessoas que não cabem em partidos monolíticos, fechados e que confundem a sociedade civil com os aparelhos partidários.
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