Portugueses bacteriologicamente impuros
Escreve quem sabe
2024-06-11 às 06h00
O Mundo político e económico está em constante mudança; a ciclos onde prevalece a indefinição política e o agravar da instabilidade económica, com crises sociais a aumentar a agressividade entre Nações, seguem-se-lhes ciclos de paz e desenvolvimento geral proporcionados pelo crescimento da economia, da riqueza e da estabilidade política. Para nos darmos conta disto mesmo, recordo a brutalidade e a miséria vividos na Europa ainda há menos de um século, que originaram as duas grandes guerras, assim como o extraordinário período de paz e desenvolvimento económico que se lhe seguiu, iniciado pela reconstrução duma Europa destruída.
A reconstrução da Europa foi feita com base em dois modelos político-económicos distintos. Na parte Ocidental, os Estados seguiram o modelo da Democracia pluralista, sustentada numa economia liberal e respeitando a propriedade privada, (Sistema Capitalista). A Oriente, o maior Estado daquela região impôs o seu modelo vigente (sistema Comunista) a uma série de países vizinhos que havia ajudado a resgatar da opressão nazi. Constituíram-se assim dois grandes blocos políticos e económicos diferentes. Esta separação fez gerar uma competição feroz a todos os níveis, sobretudo ao nível científico e tecnológico, incluindo a capacidade militar, disputa que teve sempre como grande objetivo provar quem conseguia mais riqueza e desenvolvimento, e com isso um poder político e militar maior.
Esse tempo trouxe à Europa um longo período de paz e desenvolvimento. O bloco Ocidental, beneficiando do vigor económico da aposta na industrialização, na liberdade de mercado, e sustentado maioritariamente na iniciativa privada, saiu-se bem melhor que o modelo seguido pelo bloco de Leste, mais focado no planeamento centralizado de um Estado que tudo comandava. Os maus resultados obtidos pelo sistema comunista, sobretudo a nível económico, acabou por criar crises políticas nos diferentes países que constituíam esse bloco, sobretudo no seu Estado líder, o que acabou por fazer ruir a economia daquele bloco, e com isso a mudança do sistema político que seguiam. Este período de confusão e incerteza fez desintegrar aquele grande bloco mundial. Em seu lugar surgia a esperança de uma Europa mais próxima, mais livre, com todos os Estados a adotar a Democracia e o modelo económico de mercado. Um novo ciclo de prosperidade prometia fortalecer o tempo de paz e desenvolvimento social em toda a Europa.
O Mundo não mudava apenas na Europa. Na Ásia formaram-se grandes economias, todas elas a adotar o mesmo modelo político económico dos Estados Ocidentais. Simultaneamente uma outra grande potência mundial, a China, que havia também adotado um sistema político e económico do tipo comunista, aceitou também que o modelo económico e financeiro do Ocidente era o melhor. O mundo dos grandes blocos políticos e económicos aproximavam-se competindo cada país com as suas capacidades. Surgiu um ciclo novo que deu origem à maior abertura económica nunca antes visto - o ciclo da Globalização. Todos os Estados ganhavam com o aumento da abertura de mercados, sobretudo a China, com uma cultura própria de séculos que soube transformar a seu modo usando as vantagens do capitalismo, tornando-se numa das maiores e melhores economias mundiais. Com levada produtividade e muito competitiva, ainda que baseada em baixos salários, gerou riqueza suficiente para proporcionar o aumento das condições de vida a milhões dos seus cidadãos, tornando - se também este país num novo líder. Reapareciam novamente os dois grandes blocos económicos mundiais, com a liderança oriental a sair da Euåropa e a instalar-se na Ásia.
Em cada um destes blocos predominam os grandes Estados. O tamanho continua a contar. Os EUA a Ocidente, a China na Ásia. A Europa e a Rússia perdiam importância, ainda que a Europa continua-se a ser uma grande potência económica mundial.
Nem todos estavam satisfeitos, sobretudo o ex-líder do bloco Oriental. A Rússia decidiu romper com a Democracia pluralista, substituindo-a progressivamente por uma Oligarquia centrada num novo líder autoritário. Este modelo de oligarcas fortaleceu a sua economia mais centrada agora na energia fóssil, riqueza que transformou simultaneamente numa ferramenta competitiva internacional e financiadora de um maior desenvolvimento técnico e científico, nomeadamente para reforço da sua grandeza militar, que nunca verdadeiramente havia perdido. A Rússia queria voltar a ser o líder e um novo bloco. Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, modificam-se novamente as relações entre os diferentes universos políticos que lideram os dois grandes blocos. Com o Ocidente a apoiar a Ucrânia e a China a aproveitar-se da escolha que dela fez a Rússia para manter a sua economia a funcionar, surge novamente a desconfiança e o receio do outro. A diminuição das transações económicas que, comprovadamente tinham aumentado a riqueza no Mundo e a opção por políticas protecionistas mútuas, faz recear o aparecimento de um novo ciclo regressivo. O Mundo volta a abanar. Que ciclo surgirá neste Mundo mediatizado e ligado digitalmente? Quem serão os principais competidores?
Sabemos que a riqueza é necessária para investir no desenvolvimento, na inovação e na melhoria das condições d
Não sabemos se a guerra na Europa acaba, continua, ou se alarga a outros Estados, mas já todos tomamos consciência que cada um tem que cuidar de si para o que vier. Sabemos também que quando se opta por investir no reforço da defesa (armas) ficamos com menos dinheiro para se apostar no desenvolvimento económico e social. Ora, com a economia a ameaçar decrescer pela diminuição das transações internacionais e o aumento do protecionismo, menos riqueza será criada e mesmo essa a ser redirecionada para o fazer crescer o investimento na defesa militar, quem e como se pagará a fatura? Será o Estado Social, justamente o maior triunfo civilizacional que a Europa criou, o penalizado?
Aproximam-se tempos difíceis. Haverá sempre soluções, mas a Europa tem que se acautelar. Na próxima crónica, voltarei ao assunto.
15 Junho 2025
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