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Faz de Conta

A Economia não cresce com muros

Ideias

2018-04-29 às 06h00

José Manuel Cruz José Manuel Cruz

«De Maio para Abril não há que rir», e de que riremos nós, de Costa para Coelho? Concedo que o estilo é diferente, que o guisado talvez saia com toque subtil de especiarias, contra o desenxabido do precedente; talvez venha à mesa com um sorrisinho, enquanto que o outro empratava a mistela com arruaça, tipo: «aguenta, pá, não chora» Mas, e a substância?
Quanto não se verberou a debandada de cérebros e de sangue vivo! Uns cem mil ao ano, constava. Pois não é que Santos Silva não recupera o mesmo mágico número, um mesito para trás, reportando-se, julgo eu, aos dados de 2016! Que fasquia roçará 2017?
«Roma e Pavia não se fizeram num dia». Venham as palavras antes dos actos, mas as boas, aquelas que não rescendem a demagogia, aquelas em que se sinta que as pessoas vêm primeiro. E que nos diz o primeiro-ministro, a propósito de saldos migratório e demográfico negativos? Que temos que atrair jovens! Quais? Aqueles que nunca ganharão em Portugal o que auferem lá fora? Ou os deserdados simétricos de outros mundos, os refugiados de quem a grande Europa se vai cansando?
Despejam, os senhorios, quem remunera apartamentos abaixo dos preços inflacionados do mercado: é a vida! Que faz Costa? Ameaça requisitar casas! «Força-força, companheiro Vasco»
Há quantos decénios falhamos uma política congruente de habitação, um fundo público de fomento ao alojamento social que isente o vulgar cidadão de pagar duas vezes a mesma casa? Pode lá organizar vida decente, e gerar descendência que se veja, casal que puxa pelos cabelos para acertar contas com o final de mês! Que governante coloca famílias anónimas no centro das suas prioridades? Quão mais assisado não é governar em favor de interesses instalados, cobrando uns dinheiritos por fora!
Aqui-del-rei que temos que reformar a democracia, o regime político! Homessa! É mesmo de quem não quer ver o que tem diante dos olhos. A Terceira República vai em quarenta e quatro anos. Em 74 seríamos os mais atrasados da Europa Ocidental: em 2018, quantos ultrapassamos, dos que estavam à nossa frente? Atrevo-me a uma conclusão: a Democracia é um pódio de ineptos e uma mamadeira, como a Ditadura o foi, e se calhar para muitos dos mesmos. Continuamos a falhar como projecto global, continuamos a alombar com salvadores, que mais não fazem do que salvar-se. Reformar? Sim! Mas, quem? Mas, o quê?
Portugal é uma terra do nunca povoada de capitães Gancho, sem um mísero Peter Pan para amostra. Costa, quando muito, é um Barrica bonacheirão, que tanto tropeça nos pés como na língua. Costa não é político de hoje, não é virgem que venha de nenhures envolta em musselinas: já foi ministro e presidente de câmara, já lidou com tudo quanto é problema. Esperava-se mais, em plano e estratégia. Esperava-se uma ideia consequente de futuro, uma ideia que não tivesse como germinar em cabeça interesseira de direita, segundo a vulgata oficial.
Vivemos de fogachos, de fazes de conta, de medidas paridas a reboque. Levará o Costa por tabela, mas que se ponha fino. Soubemos, esta semana, que uma aldeia da Guarda vá-se lá saber por que restrita inspiração disponibilizaria casa e terrenos para colonos estrangeiros. É coisa para ficar bem num poster, em simpósio patrocinado pela UE. Não sei se preciso de mudar de cidadania, mas era bem capaz de comprar um passaporte sírio, ou algo de parecido. No entanto, se também vale para os da terra, eu aqui deixo a deixa. Haja um amigo de um amigo, que conheça um amigo, que me diga a que amigo dar uma palavrinha. À séria: que bem que a sachola me fica!

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