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Futuro do PS confunde-se com o país que o futuro exige

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Futuro do PS confunde-se com o país que o futuro exige

Ideias

2025-06-11 às 06h00

Artur Feio Artur Feio

Quis o calendário que este ano se comemorasse o Dia de Portugal, o qual todos associamos a Luís Vaz de Camões, em pleno processo de escolha do futuro secretário-geral do Partido Socialista.
José Luís Carneiro, que foi Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas entre 2015 e 2019, partilha com António Guterres traços de formação cívica e política, anteriores mesmo à militância no partido, e que foram criados em movimentos católicos de juventude, inspirados na doutrina social da Igreja. Não surpreende, assim, que tenha lançado a sua candidatura com apelos à união interna, exortando “…todos, todos, todos…”, militantes e simpatizantes, a unirem-se à volta do seu projeto político, recuperando desta forma a mensagem do Papa Francisco, mensageiro da Boa Nova de Jesus, que deve ser ouvida por todos!
É uma mensagem clara, esta de José Luís Carneiro, no apelo permanente a que todos aos socialistas se unam na sua diversidade, para iniciar o caminho de regresso que a defesa dos ideais socialistas exige.
“…Não nos perdoarão se ficarmos agora a olhar para nós próprios, ou nos entretivermos a golpear reciprocamente a nossa credibilidade e as nossas qualidades, em vez de nos organizarmos para os defendermos a eles, que são a razão de ser e de existirmos como partido…”, assegurou.

Não deixa de ser coincidência, mas quis a agenda política que a discussão atual esteja centrada nas políticas de imigração, em grande parte pelo momento que vivemos a nível europeu, e não só, com o crescimento da direita populista e radical.
Olho para a história do nosso país como forma de perspetivar o futuro. Portugal é uma nação construída no cruzamento de vários povos e está na origem de outros tantos. Não podemos construir um futuro sem esta multiculturalidade da qual somos orgulhosamente responsáveis. Temos de saber estar na Europa mas sempre com abertura aos países de expressão portuguesa.
O último plano para as migrações vai contra aquilo que acredito ser o melhor para o nosso país, não apenas por fatores políticos e económicos, mas porque vai contra aquilo que creio ser parte da nossa identidade cultural, além de não resolver qualquer problema, correndo mesmo o sério risco de o agravar.

Portugal não tem um problema de imigração, tem sim um problema burocrático na regularização de todos aqueles que nos procuram. Também não tem um problema de segurança, sendo considerado o sétimo país mais seguro do mundo.
Ao impedir a regularização de imigrantes que nos procuram, que são atualmente uma força de trabalho e muito contribuem para o equilíbrio do nosso sistema de segurança social, vamos criar um problema que, esse sim, terá de ser controlado policialmente. Estou a falar, eventualmente, numa maior profusão de redes de tráfico humano e maior implementação e agravamento do crime organizado.
A contínua propaganda sobre imigração, associada a alguns movimentos mais radicais, tem o claro propósito de promover uma ideologia que desrespeita a nossa identidade e a nossa história, uma falsa ideologia que se agarra a uma ideia errada do que é a portugalidade, meramente sustentada em palavras ocas que promovem o ódio e a segregação.

Sabemos que é uma tendência europeia, mas nos 50 anos de Abril, relembro duas das nossas características como povo, que sempre nos definiu, desde a fundação: a tolerância e a capacidade de readaptação a todas as circunstâncias, atributos que nos permitem ser o país com as fronteiras mais estáveis da Europa, apesar de não necessitarmos delas como agregador da nossa unidade e identidade. O que me leva a acreditar que os nossos poetas, de Camões a Fernando Pessoa, eles sim, são os pilares deste território cultural que é Portugal.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

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