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Galicia, ¿sitio distinto?*

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Galicia, ¿sitio distinto?*

Ideias

2024-02-21 às 06h00

Miguel Á. Rodríguez Miguel Á. Rodríguez

A Galiza votou no domingo passado e decidiu continuar a ser governada por mais quatro anos pelo PP, que conquistou 40 dos 75 assentos em jogo. O resultado afunda literalmente o PSOE, que passa de 14 para 9 deputados e assina o seu pior resultado histórico, além de consolidar o BNG como única alternativa possível à direita, depois de conseguir 25 assentos no Parlamento. O partido do único autarca de Ourense, Pérez Jácome, conseguiu um deputado mas não conseguiu tornar-se, como queria, a chave do futuro governo.

Até domingo, nos 49 anos de Democracia em Espanha, apenas o PP tinha conseguido cinco maiorias absolutas consecutivas numa comunidade autónoma. O único político que tornou possível esta façanha foi o fundador da Alianza Popular, Manuel Fraga, que governou a Galiza de 1990 a 2005, sempre com maioria absoluta e sempre contra o conjunto formado por BNG e PSOE. Este fim de semana, a formação herdeira da antiga Alianza Popular igualou o mesmo recorde vinte anos depois e novamente na Galiza. O actual presidente do PPdeG, Alfonso Rueda, esteve na noite de 18-F dois assentos acima da maioria absoluta e permitiu ao povo popular continuar a controlar o território galego pela quinta vez consecutiva, depois das quatro vitórias de o seu antecessor, Alberto Núñez Feijóo, que governou nesta terra de 2009 até meados de 2022, quando cedeu o seu ‘trono’ a Rueda para assumir o comando do Partido Popular em Espanha.

Agora Rueda retribuiu o favor, porque nestas eleições também estava em jogo a credibilidade dos dirigentes nacionais do PP e do PSOE, Núñez Feijóo e Pedro Sánchez. A campanha galega foi marcada pela disputa nacional entre ambas as formações à custa dos pactos dos socialistas com as formações herdeiras do comunismo e com os independentistas bascos e catalães; e também à custa da polémica lei de amnistia que o governo Sánchez está a preparar para os responsáveis ??pelo referendo ilegal na Catalunha. Uma derrota do PP na Galiza teria dado oxigénio ao PSOE e teria afectado gravemente a liderança de Feijóo no PP. Mas o veredicto das sondagens voltou-se diretamente contra Pedro Sánchez, que ainda na segunda-feira se reuniu em Madrid com o seu comité federal para avaliar o golpe recebido e “tomar decisões”.
O resultado do 18-F consolida Alfonso Rueda como novo barão do PP na Espanha, onde o partido de Feijóo governa em 11 das 17 comunidades autónomas, mas apenas com três maiorias absolutas (além da Galiza, a de Isabel Díaz Ayuso em Madrid e a de Juanma Moreno na Andaluzia).

Além disso, o presidente da Xunta marcou vários golos ‘extras’ no domingo. Por um lado, impede mais uma vez a direita radical do Vox de entrar no Parlamento galego e, aliás, desfere um revés quase letal aos dois herdeiros de esquerda espanhóis do Partido Comunista e do movimento 15-M: Sumar e Podemos. O primeiro é o partido criado pela vice-presidente do Governo de Espanha e parceira estratégica de Pedro Sánchez, a também galega Yolanda Díaz, após o seu distanciamento do fundador do Podemos, Pablo Iglesias. Em teoria, nasceu para unir a esquerda, mas no domingo mostrou menos força eleitoral que o Vox na Galiza.
O Podemos, por sua vez, acaba de assinar uma certidão de óbito simbólica na Galiza, depois de ter permanecido como uma formação absolutamente residual, com menos apoio nas urnas que o partido animalista (Pacma).
É igualmente claro que a nova liderança de Rueda à direita é a alcançada pela líder do Bloco Nacionalista Galego, Ana Pontón. Assumiu o partido com 5 deputados há 20 anos e subiu para 25, posicionando-se aos olhos de toda a Espanha como a única alternativa para acabar com a hegemonia do PP.

Em Espanha diz-se que a Galiza é um “lugar diferente”. Mas no domingo, nas pesquisas, era o primeiro quem já estava em primeiro lugar; de acordo com quem ficou em segundo e terceiro aquele que saiu como terceiro. Como diria o último presidente do Governo do PP em Espanha, o galego Mariano Rajoy: “Certamente a Galiza decidiu que nada muda para que nada mude e, sem mudar nada, possivelmente a Galiza acabará por mudar tudo em Espanha”.

*Galiza, um lugar diferente?

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