Os perigos do consumo impulsivo na compra de um automóvel
Ideias
2015-05-05 às 06h00
O tempo entre vizinhos é precioso. Salvo se optarmos por uma vida de ermitério, dedicada quase à alma contemplativa e devocional (e mesmo assim!), todos temos vizinhos. Seja o vizinho do gabinete ou da secretária ao lado, o vizinho da rua, da loja ou até o antigo vizinho. Estiveram sempre presentes, essas personagens que fazem parte das nossas vidas e que dão uma certa cor aos finais do dia ou aos fins-de-semana.
Tenho um gato, que é vizinho. É quase o vizinho da alegre cadela que mora cá em casa, que não o suporta e fica furiosa quando o tal aparece, mas que não consegue viver sem ele. São do mais unido que existe, e a relação deles estabelece-se de uma forma quase harmoniosa: ele salta para o telhado e ela autoriza, permanecendo horas amuada e a ladrar, zangada e irada com a ocupação de um espaço tão cimeiro. Entendem-se, por vezes toleram-se, mas permanecem no equilíbrio da natureza.
Em tempos de solidão social, de recolhimento forçado e de abandono, a presença dos vizinhos é fundamental. São aquelas pessoas que podem conhecer parte das nossas rotinas, que desempenham um papel de integração no nosso dia-a-dia quase sem serem convidados. Já morei em cidades muito distintas entre si, deveras diferentes, e sempre encontrei vizinhos extraordinários. Saudáveis, que me permitiam igualmente manter o equilíbrio do bem-estar salutar, embora me encontrasse longe de familiares e da vida emocional que conhecia.
Poderão ser os vizinhos, muitas vezes em meios mais insulados, que desempenham o papel da família, sendo comunidade e pedra basilar nas diferentes condições de saúde. São estas pessoas que se preocupam, que nos transportam, que nos recebem o correio e que quase nos forçam ao convívio e à interação.
Hoje em dia moramos nesta cidade, que ainda nos permite a convivência com as pessoas que habitam o mesmo andar que nós. Encontramo-nos todos, nós e os nossos vizinhos, no mesmo andar da caixa, cada um com a sua vida, mas sabemos que existe ali alguém - estamos presentes. Este desempenho da presença é fundamental para a ajuda à nossa harmonia, para a manutenção da socialização e para o nosso conforto. Pode ser quase considerada como uma estratégia de psicoterapia, egoisticamente utilizada na promoção da nossa saúde mental.
O tempo entre vizinhos é magnífico. Além de nos trazer bolos e novas receitas, traz-nos barulho e incómodo, faz-nos sentir vivos e esperançados.
O meu vizinho, o tal que é um gato, decidiu permanecer no telhado da minha casa durante os últimos três dias, quase como recolhido dos bens mundanos e do seu prato de leite. Foi obrigado, ao final do terceiro dia, a regressar ao mundo real, estimulando as interações, reações e sociabilidades entre os seus donos e os donos do telhado. Foi uma preocupação em conjunto, em consonância com o bem-estar de todos - e em especial com o dito bichano -, e obrigou-nos a pensar de forma global, para além daquilo de que éramos senhores.
Com os vizinhos crescemos e desenvolvemos. Desaprendemos e por vezes não mantemos o controlo. Porém, somos impelidos a tomar decisões, a ser ativos, a ser importantes. Optamos, ou não, por dar e ser apoio, e a gratificação que provém das nossas ações ajuda-nos na manutenção da nossa saúde, no alcance de uma certa tranquilidade.
Somos igualmente vizinhos de alguém - não nos esqueçamos desse grande pormenor que nos poderá abrir as portas à contribuição do bem-estar do Outro.
O tempo entre vizinhos é imprescindível. Sejam eles os da caixa, da rua, do gabinete ou da secretária. Todos nós temos gatos no telhado e, meia volta, é necessária a ajuda para os fazer regressar à realidade, para os fazer caminhar de forma a que, também os que nos encontramos nesse telhado, possamos ser providos dos benefício que é ter um vizinho.
15 Junho 2025
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