Entre a vergonha e o medo
Ideias
2020-11-24 às 06h00
Adimensão do respeito dos partidos e dos políticos pelo eleitorado merece, por via de regra, uma resposta diretamente proporcional por parte dos eleitores no momento em que estes exercem o seu direito de voto. Este ato de manifestação de confiança é, como é sabido, temporário e não raras vezes sofre variações sucessivas em razão do cumprimento ou incumprimento dos compromissos pré-eleitorais.
Esta banal conclusão nem sempre é perfeitamente assimilada pelos protagonistas políticos, sendo, por isso, devido o sublinhado de quem demonstra saber honrar esta simples regra, persistente e intransigentemente, ao longo da sua carreira na vida pública.
João Granja é desses exemplos e merece o destaque. Ao longo de muitas décadas deu o melhor de si na política local e nacional. E fê-lo desde os seus tempos de “jotinha”, na juventude partidária do PSD, onde partilhou o palco com figuras tão relevantes como Carlos Coelho, Pedro Pinto, ou Pedro Passos Coelho. Com este último esteve mesmo a ponto de disputar a liderança da JSD. Imagine-se o que poderia ter sido o seu percurso e o do país se, ao invés de Passos, tivesse sido ele o líder da “jota”?
Esta questão não significa ou implica que a carreira de João Granja tenha sido menor ou de segunda categoria. Pelo contrário, a nota biográfica apenas espelha o respeito e a dimensão de quem tinha relevância nacional suficiente para, numa altura de profundo envolvimento da população com a vida dos partidos, poder ser o líder da maior juventude política nacional. De resto, essa importância e capacidade política mantêm-se intocáveis e basta percorrer os fóruns de discussão e debate do PSD (conselhos nacionais e congressos) para perceber o respeito universal que o partido nutre por um quadro de referência.
A sua passagem pela JSD permitiu-lhe calcorrear o país, debater com vultos políticos como Mário Soares e conhecer, em detalhe, o tecido económico e social português. Ao contrário de muitos que falam das comunidades e do país no e do aconchego do sofá, João Granja dedicou boa parte do seu percurso na política ao terreno, a ouvir pessoas, a preparar equipas e a tentar dar sentido útil à refrega partidária.
No plano local é indesmentível a essencialidade do seu papel na vitória de 2013 de Ricardo Rio e da Coligação Juntos por Braga. Um papel e um trabalho que não começou em 2012, 2009, 2005 ou, sequer, em 2001. É de há muitas décadas o contributo na luta contra o quase “absolutismo” dos muitos mandatos de Mesquita Machado. Foi um intenso defensor de um modelo de governação diferente para Braga, ligado ao desenvolvimento harmonioso do concelho e não apenas do crescimento à custa do betão. E foi-o num tempo em que o PSD parecia estar irremediavelmente condenado a ser oposição em Braga.
É um dos decanos da Assembleia Municipal de Braga e dos mais respeitados por todas as bancadas. Naquela câmara, o brilhantismo da oratória liga-se ao profundo conhecimento dos dossiers locais, tornando-o num dos mais temíveis adversários na dialética parlamentar.
O passado, porém, não é abrigo onde goste de repousar. É no presente e preparando o futuro que se sente útil, renovando os desafios que, repetidas vezes, demonstrou poder ultrapassar.
A sua recente entrevista à Rádio Universitária do Minho foi disso bom exemplo. Apreciei a gratidão expressa a Hugo Soares, pelo papel referencial que teve na projeção da concelhia e do concelho no plano nacional. Ainda assim, a preocupação com o reforço da presença do PSD em Braga, melhorando os (já excelentes) resultados atingidos em 2013, merecem-me a principal nota de destaque. Sobretudo porque essa preocupação não está enraizada nos ganhos contabilísticos entre contendas eleitorais, mas antes na comprovação do bom trabalho, na preocupação com o serviço público e na confirmação das boas escolhas das ideias e equipas políticas que são apresentadas aos eleitores.
Outra nota que merece destaque prende-se com a abertura demonstrada para acolher os mais bem preparados. Sem pejos, João Granja assume que não vai esperar que aqueles que querem contribuir para a melhoria do concelho e para a melhoria do partido passem por qualquer período artificial de tirocínio político para poderem ser chamados a agir. As portas do PSD Braga estão abertas e manter-se-ão escancaradas para quem vier por bem. Melhor lição e testemunho de preparação para a liderança confesso ser difícil encontrar.
Agora que regressa à presidência da concelhia do PSD concelhio de forma amplamente aplaudida, será seguramente esta a atitude que lhe permitirá manter a atualidade da ação e edificar uma proposta política que permita renovar a vitória de Ricardo Rio em 2021 e preparar a continuação futura do compromisso político que com o atual edil e a Coligação Juntos por Braga ajudou, desde cedo, a desenhar.
13 Junho 2025
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