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Há 112 anos abria ao público a Biblioteca Municipal de Viana do Castelo

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Há 112 anos abria ao público a Biblioteca Municipal de Viana do Castelo

Voz às Bibliotecas

2024-11-14 às 06h00

Rui A. Faria Viana Rui A. Faria Viana

Sob a presidência do republicano Rodrigo Fontinha, a Câmara Municipal de Viana do Castelo decidiu instalar e abrir ao público no dia 3 de novembro de 1912 a biblioteca pública, no rés-do-chão dos Paços do Concelho à Praça da República. Finalmente era inaugurada em espaço próprio, depois de receber a biblioteca particular do benemérito José Malafaya e de ter sido transferido do Liceu o núcleo bibliográfico inicial, constituído por ofertas e aquisições que vinham ocorrendo desde a sua criação. Apesar de diversas tentativas para a criação de uma biblioteca municipal em Viana, a sua concretização só viria a acontecer em 16 de fevereiro de 1888, na sequência da proposta apresentada em sessão de Câmara pelo vereador Dr. José Malheiro Reymão, onde se delibrou «fundar uma biblioteca municipal, cujas vantagens são desde há muito reconhecidas e reclamadas por todos». À falta de edifício acordou-se, em sessão de Câmara de 9 de maio desse mesmo ano, depositar os livros da Biblioteca Municipal na biblioteca do Liceu Nacional a funcionar desde 1855 em salas alugadas no Palácio dos Cunhas, à rua da Bandeira. Assim se manteve durante 24 anos juntamente com a biblioteca do liceu.
Sob o título «Uma festa imponente» o jornal local “A Aurora do Lima” (4. nov. 1912) noticia a inauguração da Biblioteca Municipal dando a entender tratar-se de uma data que «ficará imperecível e será registada numa das melhores páginas das efemérides locais». Da notícia, salientamos: «Efetuou-se nos Paços do Concelho, às 13 horas (1 da tarde), perante uma numerosa e seleta assistência, a sessão solene da distribuição dos prémios instituídos pelo nosso saudoso amigo e ilustre conterrâneo sr. José Augusto de Palhares Malafaia, e, ao mesmo tempo, a inauguração da Biblioteca Municipal, que o mesmo prestante cidadão tanto enriqueceu com o legado que lhe fez, não só de meios de sustentação, mas dos seus livros, numerosos e luxuosos e constitutivos de um núcleo que em qualquer parte seria aquilatado como um belo tesouro. (…) Concedida a palavra ao ilustre presidente do município, o qual teve ocasião de proferir um dos mais formosos e substanciosos discursos que lhe temos ouvido (…) ocupou-se das vantagens das bibliotecas populares, frisando como bem merecem da sociedade aqueles que de qualquer modo contribuem para a difusão da instrução, na qual S. Ex.ª assevera estar o futuro do nosso país».
Quatro dias após a inauguração da biblioteca na sala das comissões nos Paços do Concelho, Rodrigo Fontinha apresentava em sessão de Câmara (7 novembro 1912) o regulamento dos novos serviços, que a Comissão Distrital ratificaria em 21 de novembro e seria tornado público por edital de 11 de janeiro de 1913.
A partir daqui a Biblioteca Municipal ganhou visibilidade e passou a funcionar de forma efetiva, muito contribuindo Rodrigo Fontinha com uma série de medidas que se vieram a revelar decisivas, onde se destacam o pedido ao diretor da Biblioteca Nacional e da Comissão Jurisdicional dos Bens Eclesiásticos das Congregações Religiosas Extintas a oferta à Biblioteca dos livros que pudessem existir em duplicado naquela instituição e nas livrarias das extintas congregações; os esforços que desenvolve para que a Biblioteca seja dotada de edifício próprio, chegando a solicitar ao Ministro da Guerra a cedência dos claustros, incluindo a casa do capítulo, do extinto convento de Santo António e, apesar de não ter conseguido concretizar este objetivo e a Biblioteca ter continuado instalada na Sala das Comissões da Câmara, propôs que a sala de leitura fosse iluminada por bicos de gás e ficasse aberta ao público das 12 às 14 e das 20 às 22 horas com vigilância pelo contínuo da secretaria da Câmara e pelo chefe da polícia municipal. Além disso, criou um “Quadro de Honra” para distinguir aqueles que oferecessem livros; no orçamento foi consignada uma verba destinada à aquisição, encadernação e conservação de livros; elaborou um regulamento; criou um livro de registo de frequência de utilizadores e desenvolveu esforços junto de particulares, de editoras e de jornais para oferecerem publicações à Biblioteca.

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