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Há dias assim...

A responsabilidade de todos

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Há dias assim...

Voz às Escolas

2022-11-17 às 06h00

Luisa Rodrigues Luisa Rodrigues

AEscola continua a sua caminhada, consciente das responsabilidades que estão inerentes ao trabalho que, diariamente, leva a cabo, tra- balho esse que, atualmente, extravasa, largamente, aquelas que eram as competências dos profissionais de educação de outros tempos.
A Escola de hoje é uma organização com uma multiplicidade de funções, que persegue uma Missão clara e de uma exigência que, lamentavelmente, ainda não alcançou o entendimento de uma parte significativa da sociedade, do que decorre o ruído fortuito que se faz ouvir, sempre que as respostas não vão de encontro às expectativas de quem espera que sejamos, simultaneamente, professores, educadores, assistentes sociais …
Na verdade, acabamos por assumir cada um desses papeis, sobretudo quando nos apercebemos que se nos limitarmos ao exercício das competências inerentes à profissão que escolhemos, todo o esforço colocado na formação das gerações que nos são confiadas será em vão, já que não se pode exigir a quem, sem culpa, não tem as mínimas condições para responder aos desafios que lhe são colocados.
Nos últimos anos, e em crescendo, o público alvo das escolas sofreu alterações significativas ao nível da diversidade cultural e social, sendo que, se, por um lado, a diversidade é um fator a privilegiar pelo seu contributo para o desenvolvimento de um variadíssimo leque de competências, por outro lado não podemos alhear-nos dos constrangimentos provocados pela diversidade, quando esta resulta da existência de um número significativo de casos de extrema complexidade.
Estamos cientes dos problemas que afetam, de um modo geral, a sociedade e, acima de tudo, estamos cientes de que já lá vai o tempo em que o foco da nossa ação passava pelo desenvolvimento de um currículo, essencialmente académico, o que constitui, inequivocamente, um avanço, uma vez que cada aluno deve ser orientado não apenas para atingir patamares de excelência nas várias áreas do conhecimento mas, cumulativamente, deve ser orientado para o exercício de uma cidadania ativa, participativa e responsável, sustentada no respeito pelos outros.
No entanto, apesar de todo o caminho feito no sentido da apropriação dos princípios orientadores da missão da Escola, bem patente nas práticas de excelência que evidenciam a versatilidade do papel dos profissionais de educação, em consciência temos de reconhecer a existência de situações de tal complexidade que requerem a corresponsabilização de forças externas à Escola, começando pelas famílias. Acontece que a diversidade tem acoplada, em muitos casos, a falta de competências das famílias para uma ação conjunta que permita a criação de condições para a resolução dos problemas com que, cada vez mais, a Escola se debate, problemas esses que ganham contornos cada vez mais graves, já que acabam por interferir com os direitos dos outros, neste caso, dos restantes alunos.
É um problema antigo, mas que tem vindo a agravar-se, acreditamos que em resultado da crise social e económica que enfrentamos, a nível global, mas a Escola não tem recursos para dar resposta ao aumento exponencial de casos que resultam de problemas sociais enraizados, o que coloca entraves, a vários níveis, contribuindo para a alteração do clima de escola que construímos, e que, por inerência, dificulta o cumprimento dos objetivos que norteiam a nossa ação.
E, assim, a cada dia que passa somos confrontados com situações que não conseguimos resolver, pese embora a nossa resiliência; somos confrontados com a falta, ou morosidade das respostas, das entidades com competências para atuar ou colaborar na definição de estratégias para a resolução dos problemas; somos confrontados com o ruído daqueles que apregoam a igualdade de direitos mas que, na prática, não aceitam a convivência com a diferença nem se disponibilizam para serem parte da resolução do problema.
Há dias mais “pesados”, dias em que a frustração provocada pela falta de respostas chega a desmotivar-nos.
E, depois, há dias assim, em que usamos os meios ao nosso alcance para partilhar o que sentimos.

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