Entre a vergonha e o medo
Ideias
2018-06-12 às 06h00
Na passada semana, no âmbito de uma comissão especializada da Assembleia Municipal, em visita à empresa municipal BragaHabit, pude constatar, em conjunto com outros deputados municipais, o excelente trabalho que tem sido feito e a revolução silenciosa que está em curso.
Não é preciso dizer mal do passado para valorizar o presente e essa foi uma tónica sempre presente na apresentação que o atual administrador da BragaHabit, Vítor Esperança, nos ofereceu. Com o cuidado de sublinhar o que de bom havia sido feito no passado, deu, ainda assim, uma ampla perspetiva de futuro ao horizonte de atividade da empresa.
Em termos infraestruturais, a BragaHabit tem feito uma aposta de grande dimensão na renovação e requalificação do parque habitacional que disponibiliza a quem mais precisa. São conhecidos os projetos delineados e já em curso, ou em fase avançada de preparação, para os conhecidos bairros sociais das Enguardas e de Santa Tecla. Quer num quer no outro, as intervenções serão de grande monta e pretendem transfigurar não só os edifícios, como as zonas onde aqueles estão implantados.
Há uma grande preocupação com o potencial de integração da população residente nestes bairros e nas áreas circundantes, justamente para que se elimine o estigma tantas vezes associado a quem neles vive e que funciona como uma barreira tão intransponível quanto invisível para a necessária harmonia social do concelho. O caminho da qualificação destas áreas como espaços de primeira e não de segunda ou terceira categoria é um ponto fundamental para que se não repita a categorização (ou guetização) de pessoas em função da sua circunstância económica.
E tudo se passará, felizmente, num clima de grande concórdia e quase unanimidade com os moradores que, durante as obras que virão a decorrer, serão transitoriamente realojados noutras habitações da própria BragaHabit.
Uma verdadeira reforma da habitação social passa justamente por aí, por tratar estes processos de requalificação com o mesmo cuidado e atenção que se dedicou ao Fórum Braga ou que se dará ao renovado mercado municipal. Esta é não só uma prioridade infraestrutural, mas sobretudo uma aposta no bem-estar e integração de todos na comunidade. Muito mais que o cumprimento de uma promessa eleitoral, esta é a manifestação mais concreta e palpável da visão humanista, personalista e interclassista que sempre caracterizou o PSD, partido maior da coligação que sustenta Ricardo Rio e a sua equipa.
Nesta senda, foi também refrescante discutir as hipóteses futuras de diversas modalidades de gestão destes bairros, com grande predominância na aposta em modelos de corresponsabilização dos moradores pela curadoria do edificado, envolvendo-os diretamente no dia-a-dia da sua comunidade e instituindo um sentimento de pertença cujas raízes poderão ser vitais na criação de ligações de afetividade e respeito mútuo entre os residentes.
Muito mais que os quase cinco milhões de euros envolvidos, o que verdadeiramente importará quantificar no final destes processos serão os ganhos sociais obtidos com espaços públicos dignos, habitações decentes e comunidades que possam sentir-se valorizadas como pares e não estigmatizadas como párias.
Sem desprimor por esta grande evolução na oferta de habitação social, há duas notas de destaque que não podem deixar de ser dadas. A primeira a propósito da desmaterialização de processos que vem ocorrendo por ímpeto da atual administração e que tem servido para melhorar substancialmente os serviços prestados, a rapidez na resposta e a transparência dos processos de atribuição das habitações.
Com o investimento na informatização dos processos e na tramitação eletrónica da atividade da BragaHabit tem sido possível poupar dinheiro, melhorar a eficácia dos serviços, proporcionar melhores condições aos trabalhadores e permitir um escrutínio muito amplo de tudo quanto se passa nesta empresa municipal. Só assim se garante que, numa matéria tão sensível como é a da atribuição de apoios sociais, nada se decide sem que os interessados conheçam, em detalhe, as circunstâncias que concorrem para a atribuição dos mesmos.
Uma segunda nota, e que será a final, para enaltecer a dedicação, o empenho e a qualidade de todos aqueles que trabalham na BragaHabit e que se dão a uma função que é, em si mesma, uma causa. Como vimos na reunião da Assembleia Municipal, esta empresa tem um corpo de trabalhadores de grande dedicação e qualidade, que demonstrou uma grande harmonia no labor comum. Tal dever-se-á seguramente às alterações orgânicas que a atual administração empreendeu, mas explica-se, sobretudo, com o espírito de missão que transpareceu de todos os trabalhadores.
13 Junho 2025
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