Uma primeira vez... no andebol feminino
Ideias
2023-02-20 às 06h00
Escrevo estas palavras horas antes de se realizar um conselho de ministros especialmente dedicado ao tema da habitação, tema abordado nesta página do jornal variadas vezes. Promete-se atenção e disponibilidade para a reflexão sobre uma tão consensual e premente resposta a esta função urbana, capacidade e assertividade no seu tratamento, objectividade e resultado na operacionalização da resposta ao problema. Nada que não se tenha já ouvido, nada que impeça a renovação da esperança de que “agora é que será….”
Na verdade, também nada de novo trouxe o conjunto de medidas anunciadas pela dita oposição, seja ela qual for, também nada impede de se alimentar perspectiva de que o tema é cada vez mais central e incontornável e, por assim ser, de tanto “ir ficando… algo ficará!”.
Seja como for, e como se diz livremente “nada de novo” e “nada de que não se saiba já…”. E este saber ocultado ou silencioso, arrastado ou disfarçado, não optimizado e rentabilizado, não aproveitado e aplicado parece ter tomado conta do nosso quotidiano numa aparente e optada ignorância, numa suspeita resignação da incapacidade em enfrentar e superar o tema e, assim sendo, melhor contornar e silenciar.
A actualidade é, hoje, preenchida com notícias transversais ao mundo, desde a guerra que não se pensava jamais voltar a viver, a um sismo que se julgava ser possível apenas em probabilidade, a uma hecatombe de comportamento social, ético e humano de uma instituição secular e referencial que se considerava uma rocha imúne à perversidade até à inteligência artificial que nos entra “casa adentro”, numa realidade algorítmica que envolve já a emoção e ultrapassa a pura racionalidade tecnológica dependente do ser humano.
E todas estas notícias e seus efeitos, supostamente, surpreendem-nos e deixam-nos boquiabertos nos seus efeitos e impacto. Todavia, e na verdade, nada é novidade e tudo já era percepcionado e sabido.
Surpreendemo-nos há um ano com o início da guerra na Ucrânia e invasão de um país independente por outro país independente, mas, afinal, há muito que sinais revelavam tal possibilidade, há muito que determinados comportamentos e opções conduziam a este cenário tão nefasto quanto indesejável, configurando, no fim, a constatação de que pouco serviu saber. A preparação para o acto não se fez perante a factualidade, reagiu-se e corre-se agora atrás do prejuízo.
O perigo e a probabilidade do movimento das placas tectónicas nalgumas zonas do globo são conhecidos e estudados, não se dirá programáveis, mas, de alguma forma, deduzíveis e ténue magia adivinhatória da técnica maximizada tecnologicamente. E, por isso, planeamento e arquitectamos medidas preventivamente mitigadoras. É exemplo a construção antisísimica, supostamente, generalizada a todo o solo. Porém, de tanto acreditar que “amanhã não será esse dia do movimentos das placas tectónicas”, em nome de tantos interesses e outras coisas, contorna-se o perigo e foge-se ao cumprimento das regras e lei. E, assim, hoje, ficamos perplexos como tantos edifícios se desmoronam como baralho de cartas e nos interrogamos | duvidamos se os edifícios estariam | estão realmente preparados para este fenómeno extremo.
O abuso sexual há muito é suspeitado e há muito é falado. Por muito que custe e difícil seja viver e conviver com tal, há muito que o tema é assíduo no espaço público. Contudo, hoje, ficamos boquiabertos com o número de situações identificadas por uma comissão independente criada por força da incapacidade da instituição que mais sabe e nada fez…
A inteligência artificial invade-nos com novos e emotivos algoritmos, atingindo já o limiar da consciência e revelando sinais de uma proximidade ao pensamento humano, para uns terrífica, para outros celebrativa. E, na verdade, há muito que se ouve relatos e profecias de que tal estava a acontecer e que seria apenas uma questão de tempo e aperfeiçoamento até atingir o quotidiano.
Poderiamos, porventura, invocar outros temas e exemplos de realidades tão diversas, mas que revelam pontos de contacto incontornáveis: há muito que se sabia, se suspeitava, se perspectivava. E há muito que se poderia ter feito, preparado, evitado e prevenido. E nada, ou muito pouco foi executado, num processo sempre de reacção e não de acção. Poder-se-á ripostar que estas palavras pecam por exagero. Admite-se que sim, mas não se duvida – e tal é o que verdadeiramente interessa - que o princípio é inegável!
Recorre-se a uma expressão usada num texto publicado no Jornal de notícias e da autoria do geógrafo Rio Fernandes: na verdade, a estes chamam-se (ou chamo eu) “problemas invisíveis”!
Por temor ou incapacidade, por interesse ou por tantas outras razões, pouco rentabilizamos o nosso imenso conhecimento e saber, muitas vezes ficando inebriados com tal, outras vezes ficando paralisados com os mesmos, não sabendo (ou duvidando) como actuar e fazer. E, nessa indecisão, deixamos o tempo correr e sermos tomados pela necessidade da reacção e não pela opção da acção.
Usar e fazer render o conhecimento e o saber não só é um direito como um dever que compete a cada um de nós, que cada um de nós está obrigado, seja o que for e que faz.
Convinha não esquecer esta realidade e colocar em rendimento e ao serviço todo o nosso conhecimento e saber. E todo o nosso esforço e energia em conhecer e saber mais. Só assim valerá a pena!
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