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Habitação

Ideias

2023-02-20 às 06h00

Filipe Fontes Filipe Fontes

Escrevo estas palavras horas antes de se realizar um conselho de ministros especialmente dedicado ao tema da habitação, tema abordado nesta página do jornal variadas vezes. Promete-se atenção e disponibilidade para a reflexão sobre uma tão consensual e premente resposta a esta função urbana, capacidade e assertividade no seu tratamento, objectividade e resultado na operacionalização da resposta ao problema. Nada que não se tenha já ouvido, nada que impeça a renovação da esperança de que “agora é que será….”
Na verdade, também nada de novo trouxe o conjunto de medidas anunciadas pela dita oposição, seja ela qual for, também nada impede de se alimentar perspectiva de que o tema é cada vez mais central e incontornável e, por assim ser, de tanto “ir ficando… algo ficará!”.

Seja como for, e como se diz livremente “nada de novo” e “nada de que não se saiba já…”. E este saber ocultado ou silencioso, arrastado ou disfarçado, não optimizado e rentabilizado, não aproveitado e aplicado parece ter tomado conta do nosso quotidiano numa aparente e optada ignorância, numa suspeita resignação da incapacidade em enfrentar e superar o tema e, assim sendo, melhor contornar e silenciar.
A actualidade é, hoje, preenchida com notícias transversais ao mundo, desde a guerra que não se pensava jamais voltar a viver, a um sismo que se julgava ser possível apenas em probabilidade, a uma hecatombe de comportamento social, ético e humano de uma instituição secular e referencial que se considerava uma rocha imúne à perversidade até à inteligência artificial que nos entra “casa adentro”, numa realidade algorítmica que envolve já a emoção e ultrapassa a pura racionalidade tecnológica dependente do ser humano.

E todas estas notícias e seus efeitos, supostamente, surpreendem-nos e deixam-nos boquiabertos nos seus efeitos e impacto. Todavia, e na verdade, nada é novidade e tudo já era percepcionado e sabido.
Surpreendemo-nos há um ano com o início da guerra na Ucrânia e invasão de um país independente por outro país independente, mas, afinal, há muito que sinais revelavam tal possibilidade, há muito que determinados comportamentos e opções conduziam a este cenário tão nefasto quanto indesejável, configurando, no fim, a constatação de que pouco serviu saber. A preparação para o acto não se fez perante a factualidade, reagiu-se e corre-se agora atrás do prejuízo.

O perigo e a probabilidade do movimento das placas tectónicas nalgumas zonas do globo são conhecidos e estudados, não se dirá programáveis, mas, de alguma forma, deduzíveis e ténue magia adivinhatória da técnica maximizada tecnologicamente. E, por isso, planeamento e arquitectamos medidas preventivamente mitigadoras. É exemplo a construção antisísimica, supostamente, generalizada a todo o solo. Porém, de tanto acreditar que “amanhã não será esse dia do movimentos das placas tectónicas”, em nome de tantos interesses e outras coisas, contorna-se o perigo e foge-se ao cumprimento das regras e lei. E, assim, hoje, ficamos perplexos como tantos edifícios se desmoronam como baralho de cartas e nos interrogamos | duvidamos se os edifícios estariam | estão realmente preparados para este fenómeno extremo.

O abuso sexual há muito é suspeitado e há muito é falado. Por muito que custe e difícil seja viver e conviver com tal, há muito que o tema é assíduo no espaço público. Contudo, hoje, ficamos boquiabertos com o número de situações identificadas por uma comissão independente criada por força da incapacidade da instituição que mais sabe e nada fez…
A inteligência artificial invade-nos com novos e emotivos algoritmos, atingindo já o limiar da consciência e revelando sinais de uma proximidade ao pensamento humano, para uns terrífica, para outros celebrativa. E, na verdade, há muito que se ouve relatos e profecias de que tal estava a acontecer e que seria apenas uma questão de tempo e aperfeiçoamento até atingir o quotidiano.

Poderiamos, porventura, invocar outros temas e exemplos de realidades tão diversas, mas que revelam pontos de contacto incontornáveis: há muito que se sabia, se suspeitava, se perspectivava. E há muito que se poderia ter feito, preparado, evitado e prevenido. E nada, ou muito pouco foi executado, num processo sempre de reacção e não de acção. Poder-se-á ripostar que estas palavras pecam por exagero. Admite-se que sim, mas não se duvida – e tal é o que verdadeiramente interessa - que o princípio é inegável!
Recorre-se a uma expressão usada num texto publicado no Jornal de notícias e da autoria do geógrafo Rio Fernandes: na verdade, a estes chamam-se (ou chamo eu) “problemas invisíveis”!

Por temor ou incapacidade, por interesse ou por tantas outras razões, pouco rentabilizamos o nosso imenso conhecimento e saber, muitas vezes ficando inebriados com tal, outras vezes ficando paralisados com os mesmos, não sabendo (ou duvidando) como actuar e fazer. E, nessa indecisão, deixamos o tempo correr e sermos tomados pela necessidade da reacção e não pela opção da acção.
Usar e fazer render o conhecimento e o saber não só é um direito como um dever que compete a cada um de nós, que cada um de nós está obrigado, seja o que for e que faz.
Convinha não esquecer esta realidade e colocar em rendimento e ao serviço todo o nosso conhecimento e saber. E todo o nosso esforço e energia em conhecer e saber mais. Só assim valerá a pena!

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