Da Avenida da Liberdade para a cidade
Escreve quem sabe
2024-07-31 às 06h00
Tarde vou à polémica das creches e não sei se repito o que outros hajam dito, mas aqui fica um punhado de linhas. Pareceu-me unânime a reprovação da proposta de secundarizar os filhos de desempregadas/os no acesso aos lugares de creche. Quem conta caiu em cima dos párias parlamentares, por demais evidente sendo o viés reaccionário do enunciado, a tripla desumanidade de penalizar agregado onde um rendimento falta, de sobrecarregar quem limitado se veja na demanda activa de emprego, e a de comprometer, por último, o bem-estar e a evolução salubre de um bebé desventurado.
Separando águas: suposta – porventura real – sendo a vilania, a mesquinhez, muito eu gostava de ver que decisão tomaria cada um dos juízes esclarecidos, postos perante duas admissões para uma vaga. Dariam prioridade à criança de progenitor desempregado? Em nome de que racionalidade explicariam a decisão à mãe/pai que ficasse sem ter como se arrumar?
Populismos de que me defendo, embora legítimo pareça apontar quem pouco faça e muito se louve. O drama das creches é uma extensão do drama da habitação, e um e outro, ademais, são projecções de deficiente organização social. E, como as causas se fundem com os efeitos, gerando uma espiral negativa, por esta claríssima avenida chegamos à regressão populacional e a série de constrangimentos.
É de direita baixa a medida de deputado de quem não queremos reter o nome? E que boas esquerdas deixaram que a carroça rolasse ladeira abaixo?
Sexta-feira de inferno, e não era 13! Quatro de cinco eixos ferroviários maiores sabotados. Horas que o comentário oficial dedicou a explorar a pista russa. Até que apareceu um senhor que sabia dizer umas coisas. Nunca o vira em nenhuma das cadeias de informação. Alexandre Malafaye do think tank Synopia. Que podia ser obra de grupo franco-francês, pessoas que por rancor e insatisfação davam uma machadada no prestígio nacional. Só lhe faltou associar o evento à extrema-esquerda, mas a descrição batia por aí. Do que recordava a Insurreição, já eu o dissera aos colegas de escritório – operação de núcleo trotskista.
Levou tempo a que os russófobos largassem o osso – se era uma manobra de alto coturno de facção terrorista, onde estava a reivindicação? Onde é que se vira que coisa tão apurada ficasse anónima? Passa sexta, sábado vai alto, e uma reivindicação esfarrapada chega a algumas Redacções. Assina: «uma Delegação Inesperada».
Que ressalta da sabotagem da madrugada de sexta? Que não é obra de liceais de mão colada em quadro de museu ou em pista de aeroporto. Que não é obra de insurrectos de calhau e barra de ferro, que esses, o que gostam, é de enfrentar a polícia, escaqueirar e pilhar. Que não é obra de grupo clandestino que se assuma doravante como actor político. Mais não será, enfim, do que um cartão de visita, do que uma resposta à altura do posso, quero e mando de Macron. Ora, por bem, a líder do EELV, Marine Tondelier, não se atardou a acusar Macron de “sabotagem”. Parlamentar, entenda-se.
A cerimónia de abertura dos JO teve umas coisinhas. O pastiche da «última ceia» é o que se me afigura de deplorar. Porquê? Porque nenhuma seja a relação com o espírito do evento, porque nada denuncia, usando do grotesco, porque se resuma ao ridículo pelo ridículo. O quadro nem sequer é blasfemo – é apenas de mau gosto. Vá lá, passável como quadro de revista em teatrinho de transgressões, aplaudível por plateia desviante, e louvável em crítica pela exuberância do kitsch. Valha a liberdade de criação, e a vergonha do COI. Há, e a cobardia secundária dos mentores, pela colagem que desmentiram.
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