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Braga, sábado

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Insulto

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Insulto

Escreve quem sabe

2021-02-21 às 06h00

José Manuel Cruz José Manuel Cruz

Escrevo na primeira pessoa, mas não do que me envolva na primeira pessoa. Hoje abro uma excepção.
Tenho dedicado atenção às relações este-oeste, por afiliação antiga. Uma época houve em que trouxe assuntos relacionados com a França, porque lá me encontrava. Escrevi repetidamente sobre educação, raramente sobre Braga, vez por outra sobre o clube de futebol local, pelo qual nutro especial afeição. Viso o governo, frequentemente, certas decisões que não compreendo ou que menos justificadas acho. Procuro, com os meus escritos, reforçar a ideia de cidadania, a ideia de que estamos todos do lado de dentro. Opero com a ideia, no fundo, de que mal vai um país quando baixamos os braços, quando desistimos de nos fazermos ouvir.
Passando ao que me põe as tripas de fora. Já se deparou o meu leitor com anúncio sugestivo: saiba onde irão estar os radares! Parece que há clubes, que informações circulam nas redes sociais. Eu, dando os avisos por válidos, tenho passado ao lado. Porquê? Por não ser bom condutor, no sentido de que puxe por um carro, e nem veículo tenho que desenvolva grandes velocidades, ou que ofereça segurança para tanto, e mesmo na auto-estrada não avanço dos 120 – treme o carro, tremo eu.

Pois no ano findo caí em dois assaltos na via pública, o primeiro dos quais venho de o receber. Situe-se o meu leitor na circular de Barcelos, sentido Prado-Esposende, em cima da rotunda do galo. Noutras paragens há de ser o mesmo. A via é toda ela de 90. Na perpendicular a um fast food, abrupto, um painel de 50 se levanta, seguido de um sinal de 40, cinquenta metros adiante, e a rotunda propriamente dita a centena e meia de metros do primeiro sinal de limitação.
Com o enquadramento estabelecido, agora os factos. Penalizado sou por a 83 ter franqueado o primeiro aviso. Sublinho que estaria aquém do limite geral da via, que se o dito radar estivesse antes do fatídico sinal nada me seria imputado. Aceitemos que esteja em desaceleração, que me aperceba da rotunda, que a certeza tenha de chegar com velocidade controlada ao ponto em que deva reduzir e travar. Registe-se que é uma via em que não há acesso de particulares, que não há peões, que não há passadeiras. Em suma, ninguém eu ponho em risco naqueles exactos dez ou vinte metros com a minha velocidade excessiva, face ao previdente sinal.
Contesto eu o sinal? Não! Mas se o excesso de velocidade é um flagelo a que se devem muitos despistes, danos materiais e mortes, mais zelosas seriam as autoridades se se concentrassem em controlar e autuar – sendo o caso disso – quem exorbitasse entre rotundas, ou estou a ver mal o assunto?

Salvo quem conheça a estrada e esteja alertado para a armadilha, quem não passa ali a 60 ou 70? Isto se duas faixas tem de bom piso, se escasso é o tráfego, se de berma confortável dispõe, tanto que metros antes costumam estacionar pesados que publicitam uma escola de condução, em clara violação do código da estrada, julgo eu.
Muito se fala da lei e do espírito da lei, de todas, em geral, e se noutras circunstâncias, uns metros para trás ou para a frente podem fazer todo o sentido, neste caso, em concreto, não me parece, e que me perdoem a presunção.
Em suma, facílimo é multar ali, sem que eu, como cidadão, encontre mérito neste tipo de operações. Mas quem manda, pode, e não me parece que o chefe cuide que está mal. Cumprirá ordens. Importante é que o chefe do chefe saiba que não fortalece a sociedade que tem a cargo, quando de forma insensata organiza sessões de coimas de um quinto do salário mínimo. É um insulto.

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