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Lúcio Craveiro da Silva, na cultura todos somos parceiros

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Lúcio Craveiro da Silva, na cultura todos somos parceiros

Voz às Bibliotecas

2022-10-27 às 06h00

Aida Alves Aida Alves

É missão das bibliotecas serem um centro difusor do saber e da cultura, preocupando-se em homenagear os seus pares, especialmente aqueles que se dedicaram à causa humana e social, à cultura, à educação, às ciências, às artes. As bibliotecas consagram aqueles cuja missão engrandeceu os seus territórios e as instituições que serviram. A sua ação é preservada em inúmeros documentos que consolidam a sua ação, perpetuando a sua memória. Ao mesmo tempo que se perpetua a memória e se estende às gerações futuras a vida e obra de determinadas personalidades, também as instituições são apadrinhadas e beneficiam do manto protetor da influência de uma figura importante, muitas vezes o seu patrono. A Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, por exemplo, perpetuará para sempre a ação do seu patrono, um homem de braços abertos à cultura, ao conhecimento, promotor de parcerias entre distintos agentes culturais, do ensino, educação e formação. Na cultura todos somos parceiros e agentes do conhecimento. Hoje damos a conhecer uma nota biográfica muita sucinta do Senhor Professor Lúcio Craveiro da Silva, que nasceu a 27 de novembro de 1914.
Nasceu em Tortosendo (Covilhã), num local denominado de “casa dos correios”, situada no Largo da Amoreira. Veio de uma família numerosa, muito conhecida em Tortosendo, a Família Craveiro. Faleceu em 13 de agosto de 2007.
A 11 de julho de 1931 entrou no noviciado da Companhia de Jesus, em Santa Maria de Oiã (Galiza) e em fevereiro de 1932 foi transferido para o antigo Mosteiro de S. João Baptista de Alpendurada (Marco de Canaveses), tendo aí permanecido cerca de sete a oito meses, para ampliar os estudos de Humanidades, entre 1933-1934. Em Braga, continuou os seus estudos de Ciências e Filosofia durante 4 anos. Terminados os estudos, foi professor de Literatura em Guimarães, no Convento da Costa, durante três anos, onde ensinou Matemática, História, Língua, Literatura Portuguesa e Eloquência Sagrada aos jovens religiosos da sua ordem. Mais tarde, foi colocado como professor de Ética Económica e Política, tendo para esse efeito novamente ido para o estrangeiro, para a Bélgica, para se especializar nesta temática, na Universidade Católica de Lovaina. Foi nomeado Provincial dos Jesuítas Portugueses entre 1958-1964 e por várias vezes eleito pelos seus pares para ir a Roma representar a Província Portuguesa da Companhia de Jesus, em Congregações Gerais ou de Procuradores. As suas qualificações académicas conferiram-lhe ascendente sobre os seus colegas; o exercício da docência criou-lhe admiradores e discípulos. Não admira, pois, que fosse chamado a participar nos fóruns mais importantes dos jesuítas portugueses, quer por inerência do cargo, quer por eleição dos seus pares. Nos anos 50 do Séc. XX, Lúcio Craveiro da Silva era o único jesuíta português com formação específica no “domínio do social” (Sociologia, Economia, Ciências Políti- cas), embora outros jesuítas houvesse em Portugal, peritos em Ética, Filosofia Social, Doutrina Social Católica e mesmo em Direito. Mas, já desde finais da década de 40, o Geral e as Congregações Gerais insistiam em que “o social” deveria ocupar as mentes e as atividades dos jesuítas. Foi com esse intento que os Superiores traçaram a Lúcio Craveiro um roteiro de especialização, diferenciado dos demais jesuítas da sua geração, após uma exigente formação sacerdotal (Filosófica e Teológica). O seu destino seria a docência na Faculdade de Filosofia de Braga, nos domínios da Ética Social e Política, e, a curto prazo, legitimava essa distinção. Depois de concluídos os estudos secundários em Espanha, cursou Filosofia, entre 1934-1938, no então Instituto de Filosofia de Braga, tendo obtido a licenciatura na Faculdade de Filosofia de Oiã, Burgos (Espanha), com 18 valores. De 1941 a 1945, cursou Teologia na Faculdade Pontifícia de Granada, na qual também se licenciou. Foi colocado como docente na Faculdade de Filosofia de Braga, em 1944, tendo aí aprofundado os estudos nas áreas de Ética Económica, Social e Política. Licenciou-se em Ciências Económicas na Universidade Comercial de Deusto, Bilbau (Espanha), tendo realizado aí estudos entre 1943-1947. Logo a seguir, cursou Ciências Políticas e Sociais na Universidade Católica de Lovaina, entre 1949-1950. A partir de outubro de 1949, exerceu a função de Professor Ordinário de Filosofia Moral, Economia Política e História de Filosofia, na Faculdade de Filosofia em Braga. Em 9 de novembro de 1951, doutorou-se solenemente em Filosofia em Braga, durante as comemorações do IV Centenário do nascimento do filósofo bracarense Francisco Sanches, promovidas pela Câmara Municipal de Braga e a Faculdade de Filosofia, que se desenrolou segundo todo o rigor das praxes académicas. Foi o primeiro doutoramento conferido pela Faculdade de Filosofia e também o primeiro a realizar-se na cidade de Braga. A tese apresentada e defendida intitulou-se “A Idade do Social: ensaio ético-social sobre a sociedade contemporânea”. Em novembro de 1953, foi-lhe atribuído pelo Secretariado Nacional da Informação, o prémio literário «Anselmo de Andrade» - Ensaio de Doutrina Política ou Económica. Lúcio Craveiro da Silva foi Professor Ordinário da Faculdade de Filosofia de Braga onde lecionou as disciplinas de Ética e Filosofia Social, tendo, nesse tempo, também ministrado cursos de História da Filosofia Antiga e Medieval, tanto na Faculdade de Filosofia como no Centro de Estudos Humanísticos, integrado à Universidade do Porto. Foi Diretor da Faculdade de Filosofia de Braga (1952-1958), Diretor do Instituto Superior Económico e Social de Évora (1964-1971) e novamente Diretor da Faculdade de Filosofia de Braga (1971-1976; 1986-1994). O Conselho Cultural da Universidade do Minho foi criado em 1986 e formalmente estabelecido em 1989, tendo contado com a presidência do Prof. Lúcio Craveiro da Silva até à sua morte, em 13-08-2007. Foi membro da Comissão Instaladora da Universidade do Minho desde a sua criação, em 17 de fevereiro de 1974. Foi Vice-Reitor desta Universidade e posteriormente seu Reitor, o primeiro eleito em Portugal, em 18 de janeiro de 1982. Dedicou-se, durante parte da sua vida e de modo especial, à Filosofia Social, Política e Económica e à História da Cultura Portuguesa. (Fonte: http://www.blcs.pt/portal/lcs/index.html )
Deixamos assim aqui uma singela homenagem a esta grande figura do pensamento filosófico e social do nosso território.

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