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“Lendas vivas”

A necessidade de dizer chega

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“Lendas vivas”

Voz às Escolas

2023-06-01 às 06h00

Luisa Rodrigues Luisa Rodrigues

Ahistória é uma ciência que estuda a vida do homem através do tempo – o que os homens fizeram, pensaram e sentiram enquanto seres sociais, com base em fontes que nos permitem o acesso à compreensão do passado humano, para uma melhor e maior compreensão do presente.
Das fontes que sustentam e autenticam os estudos produzidos sobre o passado, talvez a menos valorizada, talvez por ter implícita uma dose acrescida de subjetividade, seja a do testemunho vivo prestado por quem viveu e sentiu o passado, embora recente, o que nos remete para uma reflexão sobre a valorização do conhecimento das gerações mais velhas, com quem temos o privilégio de ainda poder relacionar-nos.
Apesar da evolução, aos mais diversos níveis, da sociedade, e não pretendendo perder-me em conjeturas sobre os efeitos, a curto/médio prazo, de alguns dos caminhos que nos são apresentados como “receitas” para um futuro mais promissor, o certo é que a preservação da nossa história, contada na primeira pessoa, não surge como prioridade, à exceção de algumas medidas pontuais que se ficam pelo mediatismo que lhes está associado.
Acontece que, com o aumento da esperança média de vida, uma faixa significativa da população reúne todas as condições para ser afetada pelo isolamento, que não necessariamente apenas físico, com as consequências daí decorrentes, ao nível da saúde mental, uma situação pe- la qual todos acabamos por ser respon- sáveis, escudando-nos na “falta de tempo”.
Efetivamente, nunca o tempo foi tão limitado, mas urge parar e refletir sobre as alternativas que, de alguma forma, possam contribuir para compensar o facto de estarmos a falhar no papel que cada um deve assumir na definição de estratégias que permitam salvaguardar e valorizar a história contada na primeira pessoa, a partilha de conhecimentos e, não menos importante, que permitam respeitar o percurso de vida de quem desbravou o caminho que, hoje, percorremos.
Há dias, participei numa atividade dinamizada pela Câmara Municipal da minha terra – uma homenagem ao Mestre Ruy de Carvalho e, ao escutar as várias intervenções que o ator fez, transportei-me para a Escola, para o trabalho que temos desenvolvido, e desejei que todos tivessem podido ouvi-lo, que todos tivessem tido o privilégio de partilhar aquele momento, embora tão breve, com um Ser Humano tão genuíno, com uma visão tão peculiar e tão humanista de liberdade.
Nenhuma fonte histórica, por mais fidedigna, e por mais cativante que seja a descrição dos factos, consegue prender-nos como o relato, na primeira pessoa, de quem viveu a “história” e de quem a sentiu, razão pela qual acreditamos que a implementação de projetos em que as partilhas intergeracionais são o alicerce das ações que dinamizamos pode ser a resposta.
A resposta para, por um lado, enriquecer os conhecimentos e reforçar os valores que pretendemos transmitir aos nossos alunos e, por outro lado, para colmatar a falta de assunção da quota parte de responsabilidade que nos cabe, na promoção de iniciativas para o reconhecimento e para a valorização dos relatos da história vivida na primeira pessoa.
Ouvir Ruy de Carvalho foi, sem qualquer dúvida, um excelente incentivo para continuar a investir nos “Avós” que passaram a integrar a Comunidade Escolar Gonçalo Sampaio, embora, ainda, numa fase experimental de um projeto que, estamos certos, pode fazer a diferença e contribuir para a valorização da nossa identidade, enquanto seres humanos.
Aproveitemos as memórias dos mais “sábios”, enquanto temos o privilégio de poder conviver com as “Lendas Vivas” da nossa história.?

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