Correio do Minho

Braga, quinta-feira

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Les uns contre les autres

Entre a vergonha e o medo

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Les uns contre les autres

Ideias

2020-05-26 às 06h00

João Marques João Marques

À medida que o regresso à normalidade faz com que a poeira dos dias assente, vislumbram-se os primeiros raios de luz política no país e no concelho.
Já vimos como as polémicas entre os mais altos representantes da nação aqueceram o ambiente do debate público na última semana.
Por cá, começa a perceber-se que o ecossistema das autárquicas está a despertar os partidos locais. A dialética mediática das candidaturas internas impõe-se ao institucionalismo que há de cobrir as escolhas para os candidatos à presidência da autarquia.

Primeiro surgem as vagas de fundo. Sem que nos apercebamos, notícias nacionais e regionais lançam as lebres e provocam os primeiros tremores nas organizações internas locais dos partidos.
Sob mantos diáfanos de realidades virtuais, oferecem-se nomes e equipas para, na melhor das hipóteses, ganhar eleições, na pior, queimar protocandidatos. No meio fica o equilíbrio de quem, apostando na vitória sabe que, no caso de não se concretizar essa expectativa, lança a âncora para estabilizar um barco que vai fugindo às marés e às vagas inconsequentes de gente sem projetos ou de projetos sem gente.
Foi assim que Ricardo Rio estabeleceu as bases que lhe permitiram criar uma estrutura agregadora, mobilizada e mobilizadora. Para lá de cada uma das duas derrotas (de 2005 e 2009) ficava a crescente certeza de que a vitória estava próxima, tal era a solidez de propósitos e a qualidade da pessoa.

Esta dialética de surdos, em que só se ouvem os que falam a mesma língua, faz dos partidos criações quase esotéricas que escapam à compreensão do comum dos mortais. Admito que até afaste muita gente da política, mas são exercícios absolutamente cruciais na hora de testar a solidez interna e a robustez das tais propostas vencedoras. Assistimos nos últimos dias, a propósito de uma notícia do jornal Público, ao lançamento da candidatura de Hugo Piras à candidatura à Câmara Municipal de Braga. Não me enganei, é mesmo uma candidatura a candidato. Sob os auspícios da reportagem do jornal, Hugo Pires admite ser o candidato caso tal seja consensual.

Não deixa de ser interessante como a consensualidade é condição para uma candidatura que, até aqui, não parecia estar sequer no horizonte das possibilidades de quem lidera atualmente o PS em Braga. É facto assente, público e notório que Artur Feio aposta forte em si próprio e na possibilidade de ser candidato contra Ricardo Rio.
Ver, por isso, alguém que é conotado com a oposição interna ao próprio Artur Feio – todos nos lembramos dos episódios das legislativas, com a despromoção de Pedro Sousa de quase empossado na Assembleia da República a quase-candidato a deputado, preterido em favor de Hugo Pires pelo PS nacional – a pedir consenso alargado na sua eventual indicação, não deixa de causar um sorriso açucarado a quem assiste ao apelo à distância.

Os requintes de malvadez são condimentados por críticas concretas ao executivo da Coligação Juntos por Braga, que, independentemente do acerto do tiro, mais parecem lições sobre como bem fazer oposição apontadas ao próprio PS local e muito menos ao suposto e declarado inimigo – Ricardo Rio.
O que sobra para quem gosta de política é o aquecer dos motores que toda esta coreografia potencia, sabendo-se já que Pires se coloca à frente de Feio, ultrapassando-o pela direita. O secretariado local do PS deve estar a recordar as palavras de Mário Soares, “é (F)eio e não é bonito”. Mas, em política, a avaliação sobre a beleza das coisas é de grande subjetividade e fica normalmente condicionada à qualidade dos resultados. De forma mais lírica o resumiu a música interpretada por Fabienne Thibeault: On danse les uns avec les autres/On court les uns après les autres/On se déteste, on se déchire/On se détruit, on se desire/Mais au bout du compte/On se rend compte/ Qu'on est toujours tout seul au monde.

Enquanto tudo isto ocorre no seio do maior partido da oposição, a coligação Juntos por Braga assiste de cadeirão, ainda que a gestão do município prossiga com o turbo ligado.
Como aqui salientei há duas semanas, os 25 milhões de euros de intervenções no espaço público estão já a acelerar e dezenas de projetos de requalificação de estradas, parques infantis, passeios pedonais, ciclovias, escolas e equipamentos culturais encontram-se em fase adiantada de preparação ou, até, de conclusão, demonstrando que Braga não será parada pela enorme adversidade que atravessamos.
Para lá destes investimentos, projetos emblemáticos como as Sete Fontes e o grande Parque da Cidade continuam a dar passos decisivos para se tornarem realidade e concretizarem a visão diferente que agregou os bracarenses em torno de um novo modelo de concelho.

Os dados começam a lançar-se, veremos que apostas sairão vencedoras.

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