O Censo Escutista Anual
Ideias
2013-12-13 às 06h00
O que faz um líder, em particular um bom líder, tem merecido uma grande atenção, e existem na verdade diversas teorias explicativas.
Para alguns, “nasce-se” líder, como se pode nascer com grandes capacidades em pintura, na música, na matemática, etc. Nesta linha um líder será sempre alguém com carisma, inteligência e capacidade para diagnosticar necessidades de mudança, influenciando ativamente a sua implementação, quase com uma “inspiração divina” como lhe chamava Carlyle. É a mitologia dos “grandes homens”, como Alexandre o Grande, Júlio César, mais recentemente personalidades como Gandhi ou Lincoln.
Os “líderes efetivos” são personalidades íntegras, otimistas, bons comunicadores, que confiam nas suas capacidades e inspiram a ação, que apoiam os seus colaboradores e não têm medo de tomar as decisões que consideram necessárias e corretas. Esta abordagem foi muito popular no século XIX, mas está ainda muito presente na forma como pensamos os heróis e como olhamos para os líderes.
Para outros, a liderança resulta de traços de personalidade enquanto características relativamente estáveis que levam a que as pessoas se comportem desta ou doutra forma; as pessoas são diversas, únicas, porque esses traços se combinam de forma diferente. Esta abordagem levou à construção e divulgação de muitos questionários para identificar os fatores da personalidade, a que as empresas de recursos humanos recorrem frequentemente.
Os chamados ‘big five’ são famosíssimos; a ideia é que existem cinco dimensões fundamentais na personalidade - equilíbrio emocional, agradabilidade, sociabilidade, adaptação à mudança e humildade - que interagem para formar a personalidade humana. No entanto, nem todas as pessoas que têm as mesmas qualidades são líderes. E essas características nascem com as pessoas , ou podem ser adquiridas, ou seja pode ensinar-se a maneira de fazer as coisas por forma a ser um líder? Muitos acreditam que sim, por isso se ensina liderança em formação profissional e executiva, já que se trata de um comportamento.
Para outros autores, ser ou não um líder depende de características que lhe são próprias, mas também das situações, do momento e da cultura, do meio envolvente, das normas pré-existentes, mesmo das pessoas com que interage. Tudo depende portanto das circunstâncias, e logo a liderança tem de ser vista de forma flexível, não é uma mera descrição de um dado conjunto fixo de características.
Mas a variedade de explicações continua. Há quem defenda que a liderança requer planeamento estratégico de longo prazo, a definição de objetivos claros e uma visão do futuro, a implementação de sistemas e processos eficientes que tornem possível mudanças significativas na organização a que se pertence, ou ainda o incentivo a “vestir a camisola” traduzindo isto um sentimento de pertença, a identidade com um grupo, uma organização, uma região, um país, seja o que for.
A maioria das abordagens à liderança entroncam no trabalho de reputados especialistas em psicologia, mas mais recentemente as teorias da gestão têm vindo a sublinhar o papel relevante de um líder na organização, na empresa , e o seu papel na definição dos procedimentos e na eficiência do seu funcionamento, na gestão dos assuntos correntes, na capacidade de inovar.
No fundo, um misto de tudo - recebi hoje uma fotografia, por mail, desses tantos e tantos que circulam por aí. Numa estrada longa, uma recta com quase uma dezena de carros potentes em fila vagarosa. À frente, um leão enorme, majestoso, imperturbável. Na fotografia vinha uma legenda: “Sigam-me. Estou á frente”.
Ser líder não é necessariamente sinónimo de grandeza; a história está cheia de indivíduos que foram líderes e contudo autocratas e mesmo ditadores. Mas são os casos dos verdadeiros líderes, aqueles que tomamos como heróis, que contribuem de forma positiva para a criação de uma identidade que pode ser global, que nos junta a todos na perceção do que é verdadeiramente importante.
Seja qual for a explicação - porque nasceram assim, porque a vida os moldou, porque as circunstâncias os definiram, porque atuaram num dado tempo e numa dada cultura, porque interagiram com outras pessoas com características particulares, abriram portas. Como Mandela.
15 Janeiro 2021
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