Correio do Minho

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Lixos

Ser Dirigente no CNE - Desafios

Ideias

2012-01-06 às 06h00

Borges de Pinho Borges de Pinho

1 . “Cada português faz, em média, meia tonelada de lixo por ano. E o que foi produzido pelos governos e no parlamento não entrou nas contas...” (Elias, o sem-abrigo, cartoon de R.Reimão e Aníbal F. no JN de 29.11.11).

Este Elias, apesar de ser um pobre sem-abrigo, tem-nos vindo a proporcionar toda uma série de pensamentos e observações que nos obrigam a meditar, muito embora a piada ensarilhada e subjacente humor nos convidem também a um sorriso.

Mas a verdade é que isto do lixo apresenta-se de incontornável e significativo relevo dada a sua intrínseca envolvência em termos de reciclagem, economia de meios e preservação do ambiente.

E se é inquestionável que a própria defesa do planeta reclama cada vez mais todo um cuidado com os resíduos e lixos, uma melhoria nos aproveitamentos e toda uma atenção para não se inquinar ainda mais o ambiente, é de todo legítimo e mesmo necessário que se avance no sentido de tudo aproveitar e se reciclar.

No entanto, ainda que respeitando e compreendendo os legítimos interesses duma Braval e demais empresas do género, se já tínhamos sérias dúvidas quanto às eventuais rentabilidade e utilidade de uma qualquer reciclagem dos lixos do poder o certo é que nos sobram ainda muitas reservas e legítimas dúvidas, numa miscelânea de receios e medos, de que daí possa resultar uma qualquer vantagem ou benefício para o país em parâmetros de limpeza, sanidade mental, verdade existencial, puridade, simplicidade de métodos e preservação dos ambiente e sistema democráticos.

Até porque, impõe-se-nos referir e sublinhar, é de temer-se fundadamente que os produtos obtidos dos resíduos do poder, e sua reciclagem, se venham a revelar não só tóxicos como mesmo perigosos e venenosos para a saúde mental e económica do próprio país. Um país que nos últimos anos tem vindo a viver inconscientemente alegre, reconheça-se, mas de todo contaminado e intoxicado pelo lixo de políticos e governantes deficientemente preparados, mal formados ou indevidamente reciclados.

Aliás o povo português, a perfilar-se e a assumir-se como uma verdadeira Agência de “rating”, sem dúvida que teria avaliado e classificado como verdadeiro lixo os sucessivos governos e políticos que nos têm vindo a afundar e a desgraçar ao longo de mais de 30 anos, levando-nos à bancarrota. E, diga-se, sem quaisquer reservas!...

2 . Se havia dúvidas quanto à origem madeirense de Joe Berardo, de certo que desapareceram face à sucessão de atitudes e de “bocas” de tal pessoa na sua figuração de personalidade (!) pública “podre de rico”.

Atitudes e “bocas” que pelas suas “riquezas” léxica, abrangência, significação e sotaque não destoariam no AJJardim, de quem poderá ser eventualmente parente, sendo certo que o dito Joe, não sendo “uma eminência cultural” apesar da sua colecção de arte no CCB, bem podia e devia calar-se e mesmo “resignar”, como aliás o sugeriu a Cavaco, pois também ele “ganhou dinheiro” na banca quando pediu à CGD “dinheiro emprestado para apostar no BCP” (MAPina, JN, 5.12.11).

É de todo óbvio, e já o escrevemos, que como muitos outros o nosso presidente “facebookista” integra o número dos muitos responsáveis pelo estado a que chegou este país, mas sugerir-lhe a resignação não lembrava a ninguém, nem sequer ao Diabo!...

Na verdade o seu posicionamento titubeante, de Pilatos, de “personalidade que procura passar entre a chuva” (Rui Alves, O Jogo, 15.12.11) e estar sempre de bem com Deus e o Diabo já não convence nem engana ninguém, sendo certo que dele não se pode esperar outra coisa a não ser as repetidas, inócuas e habituais “baforadas” de independência, democracia, defesa do povo, legalidade, constitucionalidade, etc., que vem “soltando” nos actos públicos sempre que tem os media à perna.

Sem nunca se comprometer, claro, calando-se ou não se pronunciando sobre certas questões, fugindo às respostas, escudando-se numa “estudada”, alardeada e de todo conveniente independência, quase sempre sob o olhar atento, maternal, embevecido, interrogativo e reverencioso da sua Maria, aliás figurativamente “controlador” como flui dos seus quase imperceptíveis acenos de cabeça e dum apreciador e fiscalizador revolutear de olhares que as TVs nos vêm mostrando.

Que até como “Presidenta”, note-se, já se deu ao trabalho de “deitar faladura” na TV ao lado do marido, e após as palavras por ele proferidas, num insólito e de todo inesperado “postal” de Natal.

Aliás afigura-se-nos que o nosso presidente algarvio de modo nenhum está interessado em comprometer-se a “acompanhar” os governos do país (já foi assim no primeiro mandato), primando antes pela defesa dos seus interesses, imagem, nome e figura.

Até porque a dita defesa do povo quanto aos cortes nos subsídios se nos afigura antes, e tão só, mero resultado das naturais perturbação e preocupação pelos reflexos perversos de tais cortes nas suas pensões e da mulher. O que humanamente se compreende, diga-se, como aliás de igual modo se compreende o “negócio” com o BPN e as “amizades” com os Loureiro e Fonseca e Costa, do mesmo BPN.

Dinheiro é dinheiro e ... a vida faz-se de muitas “vidinhas”, aliás como as de muitos outros portugueses, políticos ou não. Como a do Joe Berardo, também ele um “jogador” da banca e sem legitimidade moral para pedir a Cavaco que se demita, sendo certo que a “boca” de “que Portugal precisa de «um novo género de ditadura»” (id.) muito o identifica com a Madeira e o Jardim.

3 . Falando-se em feriados e na extinção de alguns, como pretende o governo, não podemos deixar de acompanhar o leitor Alberto Vilela (JN, 5.12.11) quando sugere que se anule “o feriado do Carnaval, pois já temos a Assembleia da República que é o Carnaval mais popular do país”, e alerta para o facto de as tolerâncias de ponto (as pontes) indexadas aos feriados serem bem piores pois se repercutem séria e muito negativamente no trabalho e no PIB nacional.

Claro que de igual modo estamos com ele quando expressa a sua esperança de “que um dia se faça um almanaque com as vigarices que todos os políticos fizeram depois do 25 de Abril”, acreditando-se também “que em poucas horas seria o livro mais vendido de todos os tempos” (id.).

Neste país em que por tudo e por nada se publica um livro e onde os escritores surgem como cogumelos na humidade das brenhas (que nos perdoe a “escritora” Carolina Salgado!...), a ideia de um almanaque até teria o seu interesse. É que para além de conselhos, curiosidades, historietas e coisas de alguma utilidade sempre nele haveria lugar para as excentricidades, aleivosias, patacoadas e anedotas da política, que até poderiam ser a cores.

Aliás seguindo a moda, em vez de “livro branco” teríamos o “livro negro” da democracia portuguesa, sem dúvida de incontornável valor histórico.

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