A irresponsabilidade social da construção civil
Ideias
2012-04-30 às 06h00
Um dos mais emblemáticos liceus do país situa-se em Braga e tem já mais de 175 anos. Trata-se da Escola Secundária Sá de Miranda. No entanto, nos seus 175 anos, este nome foi usado somente nos últimos 100 anos.
No ‘Diário do Governo’, do dia 30 de Abril de 1912 (faz hoje exactamente 100 anos) foi publicado o decreto que alterava a denominação do liceu de Braga. A partir desse dia, este estabelecimento de ensino deixou de ser denominado “Liceu Nacional de Braga” para ser denominado ‘Liceu Nacional Central de Sá de Miranda’. No entanto, a denominação de ‘Sá de Miranda’ não foi a proposta inicial, nem sequer foi defendida pelo então reitor do liceu, reverendo José Martins Barreto Júnior.
O reverendo José Martins Barreto Júnior foi uma pessoa que dedicou muito do seu tempo ao liceu. Era, também, um profundo conhecedor da história de Braga e da história do liceu de Braga. Quando começaram a pensar num patrono para a instituição, o reverendo José Martins Barreto Júnior propôs o nome de alguém que tivesse uma forte ligação ao liceu e que tivesse uma contribuição positiva na história de Braga e desta região. Ora, a pessoa que o reitor encontrou que, pelo seu percurso, mais merecia ficar com o seu nome associado ao liceu, foi Pereira Caldas.
José Joaquim da Silva Pereira Caldas nasceu em S. Miguel das Caldas de Vizela, em 26 de Janeiro de 1818. Estudou Medicina, Filosofia e Matemática, na Universidade de Coimbra, sendo nomeado professor de Matemática e Filosofia no Liceu de Leiria, em 1845, passando para o Liceu de Braga poucos meses depois, por decreto de 26 de Julho de 1845. No Liceu de Braga acabaria por se manter durante quase toda a sua vida.
Pereira Caldas defendeu os liberais, tendo inclusive organizado, em Guimarães, um batalhão popular, que ficou conhecido por ‘Polacos do Minho’. Após a vitória dos liberais, Pereira Caldas recusou integrar qualquer governo e, pelo contrário, resolveu criticar a maioria dos ministros, acusando-os de não defenderem as doutrinas liberais. Na segunda metade do século XIX, Pereira Caldas passou a defender a causa republicana, recusando desta forma todas as distinções que lhe propunham. Tinha em casa uma biblioteca considerada, na época, uma das melhores do país. Nunca pediu a aposentação, trabalhando até à tarde de sexta-feira, na biblioteca da sua casa. Faleceu umas horas depois, exactamente às 8 horas de sábado, dia 19 de Setembro de 1893. Tinha 86 anos.
Foi esta personalidade que o reverendo José Martins Barreto Júnior propôs, em 1912, para patrono do Liceu Nacional de Braga. No entanto, o reitor não esperava encontrar a oposição do ‘Conselho Superior de Instrução Pública’, que decidiu rejeitar liminarmente o nome de Pereira Caldas. E a rejeição baseava-se no facto de existirem “na nossa historia cientifica e pedagógica (…) nomes de mais alta categoria e envergadura, respeitados e considerados em todo o mundo culto, alguns dos quais tinham sido professores das mais notaveis Universidades da Europa e que era exactamente aos nomes d’esses grandes vultos que se deveria ir buscar a designação para os nossos estabelecimentos de ensino”. (1)
Como alternativa ao nome de Pereira Caldas, foi apresentado o nome de Francisco de Sá de Miranda, um excepcional poeta português, que nasceu em Coimbra em 1481 e faleceu em Amares, em 1558.
É curioso verificarmos que o reverendo José Martins Barreto Júnior, cerca de meio ano depois de ter proposto o nome de Pereira Caldas, foi exonerado do cargo de reitor do liceu, sendo substituído pelo professor Alfredo Machado. Este assumiu o cargo de reitor no dia 11 de Outubro de 1912, por decisão do ‘Conselho Escolar’ do liceu, em reunião efectuada nesse mesmo dia. Alfredo Machado tinha sido nomeado professor “do 5.º grupo do liceu”, em Novembro de 1904.
No momento em que assinalamos os 100 anos da mudança de nome do ‘Liceu Nacional de Braga’ para ‘Liceu Nacional Central de Sá de Miranda’, torna-se importante lembrar este facto, até para que outras instituições vejam nelas um exemplo de crescimento, de maturidade e de elevação cívica e moral. Neste âmbito, refiro-me concretamente ao Hospital Central de Braga, que creio chegada a altura de dar início a uma nova denominação. ‘Hospital Elísio de Moura’, proposta que apresentei e defendo desde 2004 e que foi, então, imediatamente apoiada pelo Professor Marcelo Rebelo de Sousa, prestaria homenagem a um dos mais insignes bracarenses, que foi notável médico e o primeiro bastonário da Ordem dos Médicos.
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