A Cruz (qual calvário) das Convertidas
Ideias
2019-12-02 às 06h00
Este fim-de-semana, muitos municípios inauguraram gigantescas árvores de Natal e iluminaram as suas principais ruas. Os centros ficaram mais aquecidos neste tempo de frio. Gosto muito da luz que se espalha pelas cidades e que traz tanta gente para fora de casa. No entanto, este ambiente natalício cedo é toldado por uma azáfama tal de presentes que se torna difícil celebrar a essência desta quadra: o (re)nascimento.
Importando uma tradição americana, abrimos esta época com o chamado “black friday”.
E aí estamos nós engrossando filas para centros comerciais para aí comprar produtos completamente dispensáveis, julgando estarem aí promoções irresistíveis. Circulando ora pela VCI, ora pelo Freixo, esta sexta-feira à noite vi-me imobilizada num trânsito infernal que se precipitava em direção aos shoppings da cidade invicta, debaixo de uma forte chuva.
Quando finalmente cheguei a casa, estava exausta de uma condução que foi sempre cruzada com automobilistas que revelavam uma colossal impaciência. E pensei: como se sentirão todas aquelas pessoas que esta noite andaram às compras? Confesso que receio saber qual será a resposta...
Tenho de reconhecer que não gosto deste Natal que se estafa com tantos presentes. Procuro evitar entrar em lojas que se enchem de clientes que, à pressa, compram não importa o quê. E tento esquivar-me dos embrulhos que se procuram despachar a toda a pressa. Também não aprecio que o meu filho receba muitas prendas nesta quadra, porque, no meio de tanta coisa, é difícil olhar devagar para cada uma.
Uma das mais belas recordações que guardo da noite de Natal são os presentes que o menino Jesus me deixava no sapatinho. Nunca eram muitos, mas eram tão, tão valiosos!
Acreditava profundamente que cada um deles tinha sido pensado de um modo muito especial para mim e guardava-os durante todo o ano como se constituíssem um verdadeiro tesouro.
Ainda hoje, passados tantos anos, recordo a maior parte deles: uma boneca que falava, um puzzle, um estojo com lápis de todas as cores, os livros dos Cinco, umas luvas quentinhas... Tenho procurado reabilitar essa magia de Natal, mas, em ambientes que rebentam de tanto consumo, é muito difícil descobrir que a beleza deste tempo está naquilo que se oferece com o coração...
Por estes dias, vou procurar andar mais na rua, trocando as voltas aos horários de maior agitação, para ouvir mais nitidamente as músicas natalícias que se soltam pelas ruas das cidades e para contemplar devagar a beleza de certas montras. Vou também procurar espreitar os presépios que se multiplicam por muitos lados. Regressarei, sem dúvida, a Tibães. Já conhecia aquele presépio há muito tempo, mas, no ano passado, descobri os bastidores daquelas construções em movimento: um grupo de jovens que mete mãos à obra muitos meses antes do Natal chegar. E fiquei boquiaberta com aquilo que eles contaram acerca do trabalho que desenvolvem. O “backstage” é extraordinário. Quem olha os padeiros a cozer o pão, os barquinhos a deslizar no rio ou a banda de música a tocar, não imagina os fios que sustentam toda aquela animação.
Vou também olhar mais demoradamente o céu para nele contemplar melhor certas Estrelas que continuam sempre presentes na nossa vida, agora em forma de uma Luz especial que vai iluminando caminhos mais sombrios, fazendo-nos acreditar, com convicção, que, mesmo em tempos mais escuros, há sempre uma oportunidade para (re)nascer.
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