Os perigos do consumo impulsivo na compra de um automóvel
Ideias
2025-01-27 às 06h00
A última semana foi dominada pela tomada de posse do novo presidente dos Estados Unidos da América e pelas medidas que este pretende adotar para tornar o país «grande» novamente. Entre muitas e variadas temáticas, foi discutida a importância das tarifas aduaneiras que, no seu entendimento, serão uma estratégia essencial para a recuperação da economia nacional. Parece-me, sobretudo, que o seu objetivo passa por amedrontar meio mundo, colocando o foco na necessidade do seu país tornar os produtos provenientes do exterior mais caros, logo menos apetecíveis, e no incentivo ao consumo/compra de produtos nacionais, protegendo empregos e empresas locais. Ora, políticas à parte, na sequência destes discursos, tão exuberantes quanto provocadores, recordei a importância de conceitos associados ao comércio internacional e questões aduaneiras, tais como o «país de origem», para além da nem sempre bem compreendida etiqueta «Made In».
Em tempos, quando frequentei as aulas do meu amigo e professor Sílvio Varandas, aprendi, com maior detalhe, esses conceitos. Nas suas apresentações, para além do termo «origem», foram abordados outros temas muito interessantes, como a importância dos incoterms, da classificação pautal, regimes especiais, tarifas aduaneiras, contratos, entre outros. O domínio destas e de outras temáticas permitiram solidificar o meu desempenho a nível profissional, compreender os meandros destes processos e a sua aplicabilidade na nossa sociedade e organizações. Em relação às tarifas, por exemplo, se por um lado, servem o propósito de proteger a economia do país que as implementa, aprendi que, por outro, têm um elevado papel político e estratégico, na medida em que funcionam como instrumento para pressionar outros países a ajustarem certas práticas comerciais, de forma a regular o comércio internacional.
Tenho a intenção de substituir o meu velhinho automóvel. Por este motivo, nos últimos tempos exploro revistas, vídeos e navego em sítios de diversas marcas, cujos modelos me suscitam interesse. Encontro uma panóplia de opções, fator que me leva a esbarrar numa grande parede. Tenho duas grandes dúvidas. A primeira, está relacionada com o tipo de motorização. Para evitar desaponta- entos futuros, questiono-me se devo adquirir um veículo elétrico, híbrido ou a combustão. A segunda, está relacionada com a origem. Produtos originários da China ou mesmo etiquetados com «Made in China», remetem-me inconscientemente, para um produto de menor qualidade.
Infelizmente, a atual sociedade está repleta de estereótipos e exemplos semelhantes. Embora a origem de um produto possa ser um indicativo da sua qualidade, a realidade é que as fronteiras de produção e inovação estão cada vez mais ténues, daí que as diferenças não sejam assim tão evidentes. Atualmente, um automóvel é o resultado de uma colaboração internacional, onde diferentes países contribuem com ideias, tecnologias, componentes e conhecimentos especializados. Até que ponto é que, neste setor, o selo «Made in Germany» é melhor do que o «Made in China»? De que forma reflete a verdadeira essência desse produto e marca, sabendo que a maioria dos componentes das marcas alemãs, por exemplo, são compostas por componentes originários da China?
Vejo que a indústria automóvel está a enfrentar uma verdadeira mudança de paradigma, algo que me parece cada vez mais evidente, tanto nas preocupações diárias que surgem nos noticiários, como nas minhas próprias indecisões. Na minha opinião, embora o «Made In» e a origem dos produtos ainda evoquem em nós reações imediatas, a escolha de um automóvel ou de qualquer outro produto vai muito além disso. Com base nas tendências de mercado e no surgimento de marcas inovadoras e interessantes, acredito que, em breve, o peso desse selo irá diminuir. Mais do que isso, vejo um futuro em que seremos menos céticos em relação a produtos provenientes de outras partes do mundo, mesmo quando submetidos a tarifas e impostos adicionais.
* com JMS
15 Junho 2025
15 Junho 2025
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