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Maravilhas Humanas

Entre decisões e lições: A Escola como berço da Democracia

Maravilhas Humanas

Voz aos Escritores

2025-04-18 às 06h00

Fabíola Lopes Fabíola Lopes

Somos capazes das maiores descobertas e conquistas, maioritariamente à boleia da nossa preguiça endémica, ditas evoluções e civilidades que almejam a convivência salubre, a paz que permite a tão cobiçada prosperidade, ainda que haja quem antecipe maior riqueza obtida através da força ou conquista de territórios alheios e que num piscar de dias deitam por terra todas as conquistas feitas desde a Segunda Guerra Mundial. Ou quase todas.
Ainda assim recupero algumas, perdoem-me a eleição com base no gosto duvidoso ou na memória fajuta.

O Facebook, esse registo feito diário de uma certa evolução do comportamento humano no universo digital, tal como outras redes socias, teve a sua dose de clichés, desde o Keep Calm aos hashtags, dos desafios às nomeações, até às mais recentes arrobas seguidas de seguidores ou destacar. Vamos fazer a dissecação analítica da biologia inerente à corrida pelo papel higiénico nos supermercados perante a ameaça de um vírus? Ou o encher as ruas de uma massa humana em celebração de um clube ou de uma seleção que ganha uns quantos jogos de futebol? Ou as pessoas usarem o carro para tudo, até para ir ao mercadinho de bairro a 200 ou 300 metros da sua habitação, mas precisarem de um ginásio para manter o físico, e a mente, saudável?

Que dizer de tanto avanço e conhecimento científico, descoberta de tratamentos e vacinas, para virem uns iluminados recusarem ser vacinados? Um surto surge no Texas, com mais casos nos primeiros 3 meses deste ano do que em todo o 2024, já espalhado para os estados adjacentes, e já duas crianças morreram. Mas o mal são o diabo das vacinas.
Foi preciso uma série, por sinal muito bem feita, para que os pais sentissem uma chicotada que os fez acordar para uma realidade mais do que avisada por especialistas, médicos e, pasme-se, professores? (A propósito de teoria dos 80/20 e da cultura incel algo me assaltou o pensamento como uma evidência: mas afinal quanto sexo acham que é normal um rapaz de 13 anos ter? Ou de 14? Ou de 15? E estes afiliados ideológicos não conseguiram ainda discernir que essa rejeição acontece mais pelas suas incapacidades de interação social do que por qualquer outro motivo?)

Claro que ouve logo vozes a temperar esse sobressalto temporário, que rapidamente encontra analgésico nos livros de autoajuda e confortos em micro sinapses de fazer sentir bem e continuar no mesmo nível de autoconhecimento e autorregulação. Está no mesmo patamar de como ser uma besta atrás do volante, mas gostar muito de ser cordial e receber bem. Só que com consequências mais desastrosas e destruidoras.
Globalmente, parecemos já estar habituados a esta regeneração automática de normalidade que reconhecemos como território de identidade e cultivado como a paz interior necessária para manter a saúde mental.
Afinal, morremos duas vezes por ano, no Natal e na Páscoa, para nos erguermos esplendorosamente, vá, coisa de uma ou duas semanitas depois, se tanto, apenas com uma nova pele. Ou maquilhagem que chegou pelo correio. Para o efeito, nem é necessário que o investimento seja por aí além.

A mó continua a moer as mesmas dores rotineiras, tanto mais quanto a superficialidade com que se abordam os fracassos, coletivos ou individuais.
Nada como continuar a admirar as maravilhas humanas com que nos deparamos todos os dias.

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