As plantas do São João de Braga: tradições que mantêm viva a identidade bracarense
Escreve quem sabe
2024-04-28 às 06h00
O senhor Rebelo de Sousa tem umas saídas. A diferença entre “saídas” e declarações é boa de ver: as “saídas” são uma coisa que se diz, quase como quem bate de fontes na porta aberta do armário da cozinha, porque estejamos com a cabeça num sítio e com o discernimento noutro. Acontece a todos, mesmo àqueles em que discernimento já não há muito para amostra.
Desta vez foi aquela coisa das reparações pela colonização. E não é que o Brasil disse presente! Que a palavrinha de contrição não basta. Poderemos nós presumir que queiram Mafra, mais quantos retábulos de talha dourada desmantelemos? Isto porque eu não vejo onde mais se possa cavar o que indemnize aquilo que ninguém saiba verdadeiramente como contabilizar. E para o colocar nas mãos de quem, pode perguntar-se. Nas mãos de quem por lá mande? Se é justo que qualquer um de nós devolva aquilo de que abusivamente se assenhorou, quem dos de hoje se pode reclamar proprietário do que nunca teve dono conhecido? Se eu garimpo em descampado, e abalo com pepita ou gema, que indígena das cercanias nesse instante me acoima de gatuno? Não é o Brasil, hoje, aquilo que não era à altura? Não são as colonizações exploração e construção? Porque se sublinha o primeiro termo e se atira às urtigas o segundo?
Bem sabemos que o senhor Rebelo de Sousa tem família em terras de Vera Cruz, e que bom acolhimento encontre aquilo que lhe saia da boca para fora por um empolgamento de alvorada. Mas, se assim é, penso que lhe cumpra a gloriosa incumbência de reclamar primeira reparação a Romanos e segunda a Mouros, pelas sangrias reais ou imaginadas de que a gente apresente as facturas.
E depois é a questão da escravatura! No caso específico que é o nosso: foi Portugal que inventou a escravatura? Mesmo em África, não se faziam eles escravos uns aos outros, bem antes que lá tivéssemos posto os cotos? Não havia escravos em Roma e em Cartago, na Grécia e na Pérsia? No Egipto e nos vários impérios de obediência muçulmana? Porque é que as boquinhas chique-woke só escumam escravatura de vergonha branca-europeia. E as cruzadas, enfim: quem é que levou a fé a portas alheias na ponta do alfange?
Ter-me-ei despistado, ou, para o caso, é o senhor Rebelo de Sousa que não é certo que saiba a quantas anda? Não estará o primeiro magistrado um bocado fora de idade para a farpela da moda de inspiração ianque? Diz-se que com a idade regressamos às meninices, mas a mim só me apetece pegar no megafone e soltar um “acorda Marcelo, abre o pára-quedas que estás a cair”.
Macron também tem umas saídas. Aliás, ontem, 25/4, tive direito a quase duas horas de “saídas” do presidente francês. É um fascínio ver as carinhas tensas de plateia em penitências, porque cerrados estejam os maxilares, que doutra forma um desgraçado boceja ou dá-lhe o amok ao final de um par de minutos. Foi o cavalheiro discursar à Sorbonne, alertando o mundo desatento para um desagregar da Europa. De qual Europa? Da que lhe convém? E o que lhe convenha a ele, convirá a quem não tenha estômago para o federalismo que o senhor Macron difunde? Cingindo-me ao contexto francês, porque há de alguém dar meio ouvido a quanto ele debita, se quem dele discorda, ou tem visão alternativa para a Europa, é dado por extremista feroz, muito possivelmente a soldo de Putin?
Continuamos a alombar com apóstolos de uma Europa talhada à feição de Hallstein, de quem a senhora Úrsula é continuadora a tempo inteiro. Em suma, wokes de um lado, supranacionalistas de outro, estamos entregues a mimalhos de guizo doirado. Mas de uma coisa podemos estar certos: a culpa será sempre dos populistas.
15 Junho 2025
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