Os amigos de Mariana (1ª parte)
Escreve quem sabe
2020-09-19 às 06h00
No passado dia 9 de setembro, o deputado norueguês Christian Tybring-Gjedde propôs o nome do 45ª Presidente dos E.U.A., pela segunda vez, para receber o Nobel da Paz. Pouco tardou para que fosse alvo de ataques ad hominem visando descredibilizar a sua proposta, supostamente não merecedora de qualquer consideração por provir de alguém afeto à extrema-direita.
Nenhum argumento ou qualquer justificação racional foram dados sobre por que é que esse membro eleito – com mais 26 – pelo Fremskrittspartiet (Partido do Progresso) no Stortinget, o Parlamento da Noruega, não tinha legitimidade para fazer tal proposta. O político libertário escandinavo retorquiu limitando-se a reivindicar que Donald Trump fez mais para criar condições de paz entre as nações que a maioria dos outros (317) indicados para o prémio em 2020.
A questão substantiva não é, então, se Trump merece ser proposto para o prémio, mas se (uma vez proposto) o merece. Ora, para a avaliarmos de modo minimamente objetivo, teremos de fazer um esforço para nos abstrairmos da imagem bastante negativa de Trump que foi mediaticamente construída. Ela resultou, em boa medida, de Trump, após ter sido confirmado vencedor das eleições presidenciais em 2016, ter declarado guerra aos meios de comunicação, quase todos, com exceção da cadeia televisiva Fox, que o tinham detraído ao longo de toda a campanha e, pasme-se, o advertiram a cooperar com eles depois de eleito – por maioria no colégio eleitoral, mas não no voto popular – sob pena de tornarem a sua administração num inferno.
O que se sucedeu é bem conhecido: Trump tem enfrentado sozinho esse “quarto poder” com a política da “pós-verdade” e com eficazes instrumentos para o neutralizar, como os tuítes incendiários da esfera mediática e as acusações repetidas, até parecerem plausíveis, de que os média que o criticam são comerciantes de “fake news”.
Isso, todavia, custou-lhe muito má publicidade e uma constante comparação desfavorável com o seu antecessor. Talvez esta última nos ajude a apreciar se Trump merece o agraciamento pelo Comité Norueguês. Barack Obama, como se sabe, foi escolhido para receber o Nobel da Paz em 2009 pelos seus “esforços extraordinários para fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre povos”. A sua reação inicial foi de embaraço, porquanto, como o próprio assinalou, “o comandante supremo das Forças Armadas de uma nação envolvida em duas guerras” não será talvez o destinatário mais apropriado dessa honra. No entanto, acabou por aceitá-lo; humildemente, claro!
Trump, por seu turno, mandou retirar um grande número de tropas do Afeganistão, Iraque e Síria, interrompendo uma sequência de quase quatro décadas de presidentes estadunidenses que ou começaram guerras ou mantiveram o envolvimento do seu país em conflitos armados internacionais. Dedicou esforços à diminuição da tensão nuclear na península coreana e à reconciliação entre as desavindas Coreias. Tem vindo a mediar habilmente a disputa entre a Índia e o Paquistão sobre a Caxemira. O seu papel no acordo assinado, na passada terça-feira, na Casa Branca, entre Israel, o Barém e os Emirados Árabes Unidos, semeia a esperança de encaminhar o Médio Oriente a transformar-se numa região de cooperação e prosperidade, uma vez que se espera que outros países vizinhos sigam os passos dos influentes E.A.U.
É possível, pois, que em termos objetivos, depois de Theodore Roosevelt, de Woodrow Wilson, de Jimmy Carter e de Barack Obama, Trump mereça vir a ser o quinto Presidente dos E.U.A. a receber o Nobel da Paz.
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