Ser Dirigente no CNE - Desafios
Ideias
2013-11-29 às 06h00
Escrevia há dias um leitor que “a «miserocracia” está instalada em Portugal” dizendo que “os níveis de pobreza geral são confrangedores”, “os jovens estão sem emprego e a emigrar”, “os velhos passam muito mal e ainda têm de ajudar os filhos desempregados e os netos sem futuro” enquanto “temos uma classe política (partidária) faustosa, sem vergonha, que continua a usufruir dos mais ultrajantes benefícios” e concluindo que “o poder do povo já só é o de vir à rua” (JN,12.10.13).
Mas o vertido em título não deixa de ser a realidade de um país nascido há 37 anos para a democracia que depressa viu crescer uma classe de figurantes políticos que a denegriram e estragaram, tendo-se descambado para uma política de miséria do povo.
Aliás Sócrates, ultimamente “ressuscitado” e “beatificado” pelos seus prosélitos, tudo “explicou” ao referir que o ocorrido se ficou a dever a alguns estupores, a certos bandalhos e aos filhos da mãe da direita. E também da esquerda, acrescenta-se, que vêm infestando a nossa vida pública e política.
Uma “explicação” numa entrevista em que se revela “um pequeno tirano de vaidade vingativa” (Manuel Catarino, cit. no C. Manhã de 23.10.13), para mais com o desplante de dizer que «os filhos da mãe da direita deram cabo de uma solução», de evocar «aquele grande estupor do ministro das Finanças» (da Alemanha) acrescentando que «todos os dias esse filho da mãe punha notícias nos jornais contra nós» e de revelar que o seu ministro das finanças «foi-se abaixo e teve uma atitude horrível connosco». A ele, uma“vítima” da “cambada” de estupores, bandalhos e filhos da mãe que enfrentara (!!!).
Mas a realidade é que temos cá a Troika, o país está cheio de dívidas e tem os credores à perna, o povo, afogado em impostos e cortes, está na miséria, aumentam as falências, engrossa o desemprego e já se passa fome, e tudo isto, ao que se deduz, devido à corja de bandalhos, estupores e filhos da mãe que nos têm vindo a governar.
Desconhecendo-se a pronúncia correcta das palavras “bandalho”, “estupor” e “filhos da mãe“ em inglês técnico ou francês parisiense, no entanto estamos em crer que Sócrates expressou num português “claro” e “popular” tudo quanto o afectara na governação, ainda que alardeando um nível de linguagem que de certo encherá de “orgulho” seus fiéis prosélitos e apoiantes, como os ex-presidentes da PGR e do STJ e alguns outros “figurões”, aliás presentes no Museu da Electricidade no lançamento do livro “A confiança no mundo”, com a sua tese sobre a tortura na democracia.
Mas responsáveis por tudo isto foram os que viram na jovem democracia um meio hábil e fácil de subir na vida, enriquecer e ter estatuto, esquecendo-se de que o estar na política envolve um compromisso em servir o povo, e não em servir-se dela, suas instituições e leis para singrar e ter dinheiro. Como vem acontecendo nesta democracia “à portuguesa” que, às cavalitas dos media e oportunistas logo derivou para uma “partidocracia”, com os partidos e Jotas a vingar e a alastrar como escaravelho num batatal, enquanto os “factos”, peripécias e até as perversidades da dita democracia passam a ser objecto de um “bombardeio” diário e perverso pelos media que nos vêm arrastando para uma “mediocracia” de condicionamentos e intervenção devido à sua influência e peso na vida nacional e governação.
Uma “mediocracia” suspeitosa, perversa e de certo modo responsável por todo um “descambar” para a miserocracia de que fala o leitor, aliás dando azo e contribuindo para uma incontornável e crescente “idiotocracia” como flui de painéis, entrevistas, mesas redondas, análises e noticiários sem independência, isenção e inocuidade.
Com comentadores a “destilar” saudades, ânsias e despeitos de passados, têm vindo a ser “torpedeadas” e “manipuladas” as verdades e realidades e anulada toda uma isenção, perturbando-se o próprio povo, sempre sob a “metralha” de opiniões e comentários interactivos e reflexos nos media, partidos e mais incendiários da política.
E ante uma tão avassaladora “idiotocracia”, não nos espantam as atitudes e linguagem “extravagantes” de um ex-governante a apodar de “bandalhos”, “estupores” e filhos da mãe” os que interferiram na sua governação nem as “facebookadas” de certos deputados já a resvalar para o insulto fácil, descarado e criminoso.
Isabel Moreira, filha de Adriano Moreira e deputada do PS, “qualificou Cavaco Silva como «um nada, zero, inútil, traidor, autocentrado, calculista, contraditório, que é, formalmente, presidente da república»” (D.Notícias, 24.10.13), e tão só se estranha a falta de reacção do visado. Não desconhecendo as suas funções públicas, é de se concluir que intencional e acintosamente o quis atingir e ofender ao apodá-lo de traidor, mas é incontornável que certa “libertinagem” vocabular já faz escola, com o deputado Miguel Coelho a chamar “«Facho» a Alexandre Soares dos Santos, ex-presidente da Jerónimo Martins, empresa dona do Pingo Doce” (C.Manhã, 23.10.13).
Um desbragado linguajar que dá razão a Francisco J. Gonçalves quando diz que “as ideologias, como as cataratas, tendem a tornar o olhar um pouco turvo” (id.), apenas se acrescentando que a loucura da política conduz na verdade a toda uma “idiotocracia”, aliás de certo modo “espelhada” na entrevista de Sócrates.
Quanto ao episódio da apresentação do livro da tese “A Confiança no Mundo” sobre o tema “ a tortura em democracia”, não sabemos o que sublinhar: se a “provecta idade” e “qualidade” dos apresentadores ou se a incontornável realidade duma certa “tortura na democracia”, aliás a evolar de alguns figurantes presentes e do próprio autor.
Mas espera-se que não dê ouvidos a Lula e volte a “politicar” já que vimos sendo “politicados” e “lixados” pela “tortura” duma democracia de cariz medio-partidário a resvalar para toda uma incontrolável “idiotocracia”. Aliás a afundar-se de todo naquela miserocracia a que nos conduziram e em que há muito mergulhámos.
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