Projetar e criticar
Ideias
2016-11-21 às 06h00
A Estação Ferroviária de Viana do Castelo recebeu, no passado dia 19 de Outubro, a cerimónia de contratualização da empreitada de Eletrificação da Linha do Minho, no troço Nine - Viana do Castelo, que contou com a presença do Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, do Secretário de Estado das Infraestruturas, do Presidente e Vice-Presidente das Infraestruturas de Portugal, do representante do Governo de Espanha, do representante do Governo da Galiza, do Secretário-Geral do Eixo Atlântico, de Deputados, dos autarcas do Alto Minho e dos representantes das Associações Empresariais de Viana do Castelo, do Minho, de Barcelos e da Galiza e de muitos convidados.
Tive oportunidade, na minha intervenção, de enquadrar a importância desta cerimónia e da importância desta obra na história do caminho-de-ferro no Alto Minho. Foi em 1867 que o Ministro das Obras Públicas, Andrade Corvo, propôs que a ligação ferroviária à Espanha se fizesse através de Viana do Castelo. De acordo com os historiadores, o Rei D. Luís empenhou-se pessoalmente neste projeto e envidou todas as diligências tendentes à construção da mesma, consagrando em Lei de 2 de Julho desse ano a autorização ao Governo para construir a linha férrea a partir do Porto seguindo por Viana do Castelo, até à fronteira da Galiza.
Esta ligação Porto - Viana foi inaugurada em 1878 e comportava uma das maiores maravilhas da engenharia de então, uma ponte metálica de dois tabuleiros sobrepostos, que foi uma das mais engenhosas realizações da Casa Eiffel. A estação dos caminhos-de-ferro de Viana do Castelo foi construída segundo o projeto do Eng.º Alfredo Soares, começada em 1878, e a sua construção demorou 5 anos, tendo sido aberta ao público em 1882 e inaugurada a 25 de Março de 1887 pelo próprio Fontes Pereira de Melo.
A intervenção agora iniciada entre Nine e Viana do Castelo está integrada no Plano de Investimentos Ferroviários 2020 aprovado pelo atual Governo e a empreitada de eletrificação do troço com 43,6 quilómetros entre Nine e Viana do Castelo, foi adjudicada no valor de cerca de 16 milhões de euros. A primeira obra no terreno - a empreitada de supressão da Passagem de Nível em Midões - arrancou já no final do passado mês de junho.
As empreitadas contemplam igualmente a construção de estações técnicas em Midões e Barroselas para permitir o cruzamento de comboios de 750 metros, a alteração de layout das estações de Barcelos, Barroselas, Darque e Viana do Castelo e o rebaixamento da via sob algumas Passagens Superiores existentes e a impermeabilização dos túneis de S. Miguel da Carreira, Tamel e Santa Lucrécia. Foram assinados também, em Viana do Castelo, os Autos de Inicio dos Trabalhos para as Empreitadas de Conceção/Construção da Subestação de Tração de Vila Fria, com um valor de 3,7 milhões de euros, e de Conceção, Construção e Manutenção do Sistema de Sinalização do troço Nine/ Valença, no valor de 8,8 milhões de euros.
Este ato assumiu uma relevância para todo o Alto Minho mas também para a Euro-Região Galiza Norte de Portugal pois, como todos se recordam, em 2011 a CP anunciou unilateralmente que pretendia encerrar a ligação entre Valença e Vigo a partir do dia 10 de julho desse ano e, na altura, inconformado com esta decisão, pedi uma reunião da Comissão Executiva do Eixo Atlântico, que se realizou em Vigo, onde obtive a concordância e apoio de todos os autarcas da euro-região e empresários para pedirmos uma reunião com os Governos de Portugal e de Espanha, para se reverter esta situação e reivindicarmos a melhoria e eletrificação da ligação ferroviária Nine-Viana-Valença-Vigo.
Esta iniciativa teve como resultados várias reuniões com membros do Governo Português, Governo Regional da Galiza, Governo de Espanha, Embaixadores e Comissão Europeia, que se traduziram em compromissos políticos nas conclusões em duas Cimeiras Ibéricas. Realizamos também uma reunião em Viana do Castelo com autarcas, empresários e representantes do Governo da Galiza e da CCDR-Norte, da qual resultou uma declaração pública apelando aos dois governos para a “ Modernização da Ligação Ferroviária Internacional Porto/Vigo, para potenciar a euro-região Norte de Portugal - Galiza”.
Como resultado de todo este esforço e do empenhamento político de todos os parceiros da euro-região, o que muito agradeço, a 2 de Julho de 2013 inicia-se o Comboio Celta (comboio com material circulante mais moderno e com menos paragens) entre Porto e Vigo, como primeiro passo na redução do tempo de viagem e melhoria da qualidade do equipamento circulante.
Curiosamente, nunca nos foram fornecidos dados sobre a utilização deste comboio por parte da CP, a tal entidade que, em 2011, quis encerrar esta ligação alegando questões económicas. Mas através da vizinha Galiza temos dados muito interessantes: a ligação Celta reduziu o tempo do trajeto Porto - Vigo de 3 horas para 2 horas e 15 minutos. Facilitou-se a compra de bilhetes e os condutores das locomotivas. Em 2013 o Comboio Celta transportou 28.300 passageiros, em 2014 passou para 56.700 passageiros, em 2015 transportou 72.300 passageiros. Ou seja, registou um aumento de 155% em 3 anos de utilização.
Estes dados vêm dar razão a todos os que defenderam a manutenção desta ligação ferroviária e a sua modernização. Não deixa de ser curioso que Portugal assinale, a 28 de Abril do próximo ano, 60 anos da inauguração do primeiro comboio elétrico, a ligação Lisboa-Sintra.
Pois, passados 60 anos do início da eletrificação do caminho-de-ferro em Portugal, Viana do Castelo terá finalmente a oportunidade de ter um comboio elétrico ao serviço da sua população, da economia e do turismo.
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