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Não à abstenção

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Não à abstenção

Escreve quem sabe

2025-05-13 às 06h00

Vítor Esperança Vítor Esperança

Quanto sangue foi derramado para que cada um de nós tenha hoje o direito de votar. Bastava termos consciência disto para darmos valor a um direito que muitos banalizam, e alguns desdenham, apesar de se saberem manter-se inacessível a milhões de seres humanos.
O voto não é apenas uma justificação para que o cidadão legitime alguém no acesso ao poder. O voto é a mais importante oportunidade que temos para escolher quem nos deve representar no comando da gestão dos assuntos da Nação, que irão condicionar o nosso presente e orientar o nosso futuro. É transferência na nossa parcela individual de poder para quem acreditamos ter a legitimidade e a melhor estratégia pública do caminho a seguir. É um direito que se juntará ao de muitos outros cidadãos e que deverá servir para responsabilizar quem elegemos para zelar pelos nossos interesses e património comum, o nosso estilo de vida e resolver os problemas que surgem diariamente ao país, segundo valores e princípios que aceitamos maiores.
O voto é também uma obrigação civilizacional que nos responsabiliza à participação cívica e política da vida em comunidade seja a da simples contribuição dada para a gestão de uma associação ou coletividade; seja as escolhas de quem gere as instituições públicas mais próximas de nós, como nas autarquias locais; seja na gestão da nação, incluindo a nossa representação no seio da comunidade internacional.
É por tudo isto que fico triste quando ouço amiúde, vozes que minoram o valor deste tão elevado ato da Democracia.
O voto é tão importante que más escolhas nos podem trazer os déspotas. O mesmo pode vir a acontecer se deixarmos que outros escolham por nós, abstendo-nos. Com esta opção estamos simplesmente a anular um direito individual próprio.
Que desilusão me traz ouvir justificações fáceis para não ir votar, como as que afirmam incómodos nas suas rotinas de vida banal, ou nas afirmações de desvalorização do ato de votar e da sua inutilidades numa Democracia estabilizada, ou a pior de todas quando afirmam a Democracia como um sistema ao serviço de uns poucos. Este tipo de desdém choca mais quando ouvido como afirmações de heroísmo de contestação bacoca. Ouvir dizer que “são todos iguais”, e que tudo está previamente combinado entre quem controla os cordelinhos do poder, atira-os para a simplificação da ignorância alimentada pela ficção cinéfila das cabalas, fustigando a memória de todos os souberam aprender com a História.
Não! Não são todos iguais. Basta um olhar mais atento para a história das nações e acompanhar o que se passa à nossa volta nos dias de hoje, sendo suficiente analisar as consequências que resultam da eleição de D. Trump, ou a de V. Putin. Ou analisar o que se vem passando com as escolhas feitas - pelo voto - na Hungria e na Venezuela. Podemos também comparar os resultados e as consequências trazidos ao país por Governos liderados por Cavaco, ou por Sócrates, entre outras escolhas. Todos foram escolhidos pelo voto, mas qualquer um de nós consegue distinguir e apreciar as diferenças, para poder fazer uso do seu voto para as ajudar a corrigir, ou a afirmar.
No próximo dia 18 haverá a oportunidade de escolher quem liderará o próximo Governo: Nuno Santos ou Luís Montenegro, bem como outras figuras politicas que não são indiferentes na gestão da “Coisa Pública”. Podemos estar mais ou menos de acordo, ou mesmo em total desacordo, com este ou mesmo quase todos, e questionarmo-nos se não poderia haver outros para iguais responsabilidades. Cada um teria a sua justificação, mas a Democracia tem as suas regras e estas devem ser respeitadas. Os Partidos Políticos apresentam as suas escolhas. a nós compete-nos escolher os que achamos melhores. Se não gosta de nenhum, vote naquele que menos o desagrada, mas não deixe que o voto de outro escolha por si. Não se auto proponha como inutilidade cidadã, abstendo-se.
Quem não vota despreza o valor dum direito que lhe foi oferecido pela luta de muitos. A abstenção não serve de protesto válido, nem diminui lugares no Parlamento. Não serve para dar indicações alternativas, nem o considerarão como ato de protesto. Serve apenas como valor estatístico da renúncia, que classificará a idoneidade dum povo para escolher os seus soberanos.
Nem tudo funciona bem na nossa jovem Democracia, mas nunca contribuiremos para a sua melhoria se nos afastarmo-nos das suas práticas. Pelo contrário, a abstenção só favorece as minorias ideológicas que vão crescendo porque mais aguerridos e extremistas. A nossa Democracia tem que evoluir para formas mais atrativas de participação dos cidadãos e encontrar modelos e formas de melhorar a representação. Talvez esteja chegado o tempo de não ser suficiente atribuir apenas aos Partidos Políticos e aos seus líderes o direito exclusivo de escolherem os rostos de quem será votado. Cabe-lhes a eles estudar e apresentar propostas neste domínio. Olhem para o Mundo. As Democracias vão sendo substituídas por autocracias, oligarquias e outros sistemas que só favorecem os déspotas. Querem seguir-lhes os exemplos?
Lembrem-se que o Poder nunca fica vazio. Vão votar.

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