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Não podemos colocar os outros em risco!

Ideias

2020-05-11 às 06h00

Felisbela Lopes Felisbela Lopes

Mesmo com a abertura da ministra da Saúde para que as celebrações de 13 de maio em Fátima pudessem ainda ter a presença de fiéis, a Igreja manteve a decisão: este ano, não haverá devotos no recinto do santuário. Também se determinou que não devem decorrer peregrinações até à Cova da Iria. No verão, teremos regras apertadas nos areais portugueses. Neste contexto, esperar-se-ia que todos respeitassem regras em prol da saúde pública. Nem sempre isso acontece.

A entrevista fazia-se em registo musculado. No Jornal da Noite da SIC, Rodrigo Guedes de Carvalho confrontava a titular da pasta da Saúde com a manifestação do dia 1 de maio promovida pela CGTP na Alameda onde se reuniram mais de mil pessoas. Se uma central sindical teve autorização para tão inusitada reunião de pessoas em pleno estado de emergência, como não permitir a presença de fiéis nas celebrações do 13 de maio em Fátima? A pergunta era pertinente e Marta Temido não tinha outra resposta se não a de abrir uma possibilidade para essa manifestação religiosa. Poucos dias depois, a Igreja restabelecia a ordem: não haverá qualquer acolhimento de peregrinos em Fátima nessa data. No santuário mariano, far-se-á uma celebração litúrgica, apenas com transmissão televisiva. Sem assistência. Foi uma decisão sensata. Que todos devem respeitar. No entanto, há sempre exceções que me entristece.

No passado sábado, o Correio da Manhã titulava em capa que, nos dias 12 e 13 de maio, 3500 elementos da GNR, através de dois anéis criados à volta de Fátima, vão impedir o acesso ao santuário. Isto acontece, porque se pensa que haverá gente que vai procurar entrar no recinto, violando a vontade da Igreja e o que está fixado em despacho governamental. Nesse dia, o Jornal de Notícias publicava uma reportagem com peregrinos que, a partir do Porto, se puseram a caminho de Fátima. Ninguém duvidará das boas intenções destas pessoas. No entanto, não é fácil perceber por que se insiste em não respeitar determinações coletivas, pensadas em função da saúde pública. Uma pandemia abateu-se sobre nós à escala global e já vitimou quase 300 mil pessoas. A situação é séria e paralisou subitamente o mundo inteiro. Claro que alguns de nós podem argumentar que têm uma necessidade inexplicável de se pôr a caminho até a um sítio que sentem como divino. Todavia, é preciso não esquecer que parte da peregrinação será sempre espiritual e a fé faz-se através de uma caminhada interior...

Com a Igreja a assumir em pleno este distanciamento físico dos peregrinos, os dias 12 e 13 de maio não terão certamente assinaláveis altercações. Maior confusão se prevê para a época balnear. Já se sabe que o período será mais reduzido este ano, mas desconhece-se, até ao momento, as regras que serão postas em práticas em diferentes pontos do país.
Esta semana, o Expresso falava em cercas, drones e apps para controlar os banhistas. Porque, para além do vírus, temem-se ondas de indignação motivadas pelas restrições no acesso às praias. A pergunta óbvia é a seguinte: vamos revoltar-nos com medidas tomadas em prol da nossa saúde?

Cada um de nós tem seguido com bastante temor as reportagens que retratam unidades de cuidados intensivos onde doentes com Covid-19 e profissionais de saúde lutam pela vida. Sentimos um calafrio cada vez que ouvimos notícias sobre os impactos económicos que esta pandemia já está a provocar nas nossas sociedades. Sendo este período um dos mais sérios da nossa História, será razoável reivindicar o direito à praia, ao banho no mar ou a uma tarde de sol na areia? Confesso que tudo isto seria risível, se não fosse demasiado trágico.

Por esta altura, em diferentes geografias, discute-se a ingerência que diferentes poderes políticos fazem no quotidiano dos cidadãos, quando colocam em prática medidas de controlo de movimentos. Pela minha parte, concordo com grande parte dessas decisões, que devem ser pontuais face ao momento excecional que atravessamos. Teremos nós dificuldades em aceitar tantas regras? Pensemos numa unidade de cuidados intensivos, num internamento com recurso a ventiladores ou na permanência num hospital por mais de uma semana... Talvez a vontade de infringir normas pensadas em função do bem de todos passe rapidamente para que o bom senso, finalmente, impere.

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