Entre decisões e lições: A Escola como berço da Democracia
Ideias
2025-04-15 às 06h00
Aparentemente as audiências demonstram que os eleitores podem não querer eleições, mas querem debates.
E nesse espetáculo televisivo e democrático temos assistido às diferenças cada vez mais notórias entre candidatos. Descobriu-se a “revelação” Raimundo, mas logo a seguir a “rising star” comunista virou cometa em queda, perante o credo repetido, só que verdadeiro e irrefutável, de que a Ucrânia ainda espera por uma palavra de solidariedade do PCP.
Vimos Inês Sousa Real cada vez menos lembrada do A e mais centrada no P e no N da sigla que dá nome ao partido. Os animais não foram abandonados, mas estão claramente escondidos, para que ninguém se esqueça que as Pessoas e a Natureza são o princípio e o fim do PAN. Sobra em voluntarismo o que falta em genuína preocupação com o dia-a-dia dos portugueses que continuam a ter de cuidar mais de ter PÃO do que PAN.
No Bloco de Esquerda, os debates não têm servido para colmatar as últimas notícias que colocam o partido da vanguarda na retranca. Os sucessivos golpes morais, de Robles às lactantes despedidas, tornam o habitualmente desembaraçado, descomplexado e tonitruante discurso woke do Bloco num sussurro envergonhado.
Neste panorama sobra o Livre como reduto de crescimento da esquerda, mas o baú das frases de efeito intermináveis não parece chegar para contraria o óbvio: aumentar a votação do Live só à custa da canibalização dos irmãos mais velhos, leia-se PS, PCP e Bloco.
No polo oposto, a Iniciativa Liberal e Rui Rocha queriam “bancar” na responsabilidade demonstrada durante a crise política, mas parece faltar algum carisma e entusiasmo que suporte as pretensões de crescimento eleitoral de quem tem no crescimento económico uma luta quimérica e nem sempre bem explicada.
O PS quer dar ares de governante a Pedro Nuno Santos, de homem de Estado, o que não deixa de ser irónico, dado que Pedro Nuno Santos já foi ministro e, por isso, homem de Estado, o que só nos leva a pensar e recordar o que terá acontecido nesses tempos para agora se querer apresentar como diferente?
Não é só do impetuoso amedrontador de alemães que os portugueses se lembram, nem do episódio da desautorização humilhante a que foi sujeito por António Costa, quando o mandou (e PNS obedeceu) a retratar-se por anunciar um aeroporto de que o Primeiro-Ministro da altura nem sequer havia aprovado. Não é também das indemnizações milionárias tratadas por whatsapp (pudera, não fosse o dinheiro de Estado do Estado, e não fora o Estado do PS) ou sequer da injeção irrestrita de dinheiro na TAP, não para salvar a empresa, mas para salvar uma promessa do PS.
Não, os portugueses não se lembram parcelarmente disso, mas antes de tudo em conjunto. E PNS não é hoje um (muito menos “o”) homem novo. Louve-se a inteligência de ter percebido que a turca juventude grupal tem os seus limites, mas que ninguém se engane, como não se enganam os portugueses quanto ao que está defronte de todos. O estatismo mais anacrónico travestido de modernidade social está lá todo e no Estado está o que sempre esteve e estará para o PS, não um propósito ou meio, mas um fim em si mesmo.
De Ventura, na extrema-direita sobra o cansaço da repetição de uma fórmula que pode não ter cristalizado em cassete, dado o deslumbramento com a modernidade social, mas freezou em modo TikTok, num loop contínuo, qual ladainha, onde os imigrantes, os ciganos e os corruptos servem de demonicíssima trindade para afastar todos os que creem e arrebanhar todos quantos temem. O partido da voz forte transformou-se no partido do medo e nele cativo porque, como escreveu o poeta, nele vive, é força que viva.
Luís Montenegro, depois da campanha incessante, repetida, inapelável e ininterrupta a que foi pessoalmente sujeito, sobrevive e convence cada vez mais eleitores. Não sei se será suficiente para chegar a outros voos, mas as notícias repetidas que confirmam a sua seriedade, ainda que abafadas em notas de rodapé, servem como amplificador da injustiça do terror a que foi sujeito e confirmam que o verdadeiro problema não é a falta de ética, mas tê-la para dar e vender.
Nos debates já ninguém ousa colocar em cima da mesa os casos e casinhos, porque já se percebeu o quanto fortalecem o incumbente. Sobram as políticas e, aí, o líder do PSD não tem falta de argumentos. Se a geringonça “descrispou”, este executivo reconciliou as classes profissionais com o Estado, dignificando-as e valorizando-as. Numa palavra, cumpriu. E fê-lo em tempo recorde. Cuidou de quem mais precisa, aumentando as pensões e tornando gratuitos o acesso a medicamentos por quem menos tem.
E tratou também as pessoas como adultas, não lhes sonegando parcelas do rendimento mensal que são suas. A discussão a que temos assistido nos últimos tempos a este propósito é, de resto, demonstrativa do quão paternalista é o Estado em Portugal e, portanto, quão crítico se tornou desestatizar não a economia, mas a própria portugalidade.
Não, eles não são todos iguais. Saiba o povo escolher quem é diferente.
15 Maio 2025
15 Maio 2025
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