Portugal deve ratificar o Tratado para a Biodiversidade dos Oceanos em Alto Mar
Voz às Bibliotecas
2019-06-13 às 06h00
Estamos na época das festas populares, onde reinam o Santo António, o S. João e o S. Pedro. Nestas festas populares, surge muito ligeirinha a nossa poesia popular, onde sobressai a alma do poeta, cantada e rimada, na qual as palavras se casam em praça aberta com sons abertos e ondulantes, encantando homens e fazendo arte.
Há poesia e quadras populares para todos os gostos. Podemos dizê-las a cantar, quase em jeito de romaria. Supomos ser o modo mais autêntico e direto de animar e consolar os espíritos cansados através da “arte de fazer versos”. Cantar os sentimentos do povo, os seus dizeres, cuidando-lhe dos sonhos, satirizando as dificuldades do quotidiano, exibindo o imaginário e construindo cenas do dia-a-dia numa linguagem simples, sem mistificar a realidade, mas apresentando sempre o mundo literalmente real. A poesia popular é muito a canção que o povo canta nas lides diárias, em jeito de desafio. É uma manifestação criativa, artística cultural que provém da sensibilidade do povo. O povo pode através de seus videntes, encontrar uma forma de manifestar-se, passando a narrar em versos os fatos históricos importantes, os grandes amores, as paixões celestes, o heroísmo dos valentes, as lendas, os mitos, as guerras e as festas religiosas.
A nossa poesia popular portuguesa tem uma longa história, de tradição.
Fala-se muito sobre a origem possível da poesia popular, facto que demandará algum esforço mental e disponibilidade de tempo para se chegar a bom termo. Temos algumas informações que nos remetem ao século XII, d.C, dando conta de que as primeiras manifestações da literatura popular, ou literatura “oral”, ou literatura de cordel, ou literatura do povo, ocorreram no ocidente com os peregrinos que se encontravam no sul da França, em direção à Palestina; no norte da Itália, para chegar a Roma; e ainda na Galícia, no santuário de Santiago de Compostela.
Inicia-se a época da poesia galaico-portuguesa. Admite-se que a mais antiga poesia em português é de 1189 e teve como autor Paio Soares de Taveiros. O seu estilo é de cantiga e fala de uma queixa ingénua de um grande amor. Na época, surgem as cantigas de amigo, as cantigas de amor e as cantigas de escárnio e maldizer. Foram compiladas em antologias da época, manuscritas, às quais se deu o nome de “Cancioneiros”. Os mais importantes o “Cancioneiro da Ajuda”, o “Cancioneiro da Vaticana” e o “Cancioneiro da Biblioteca Nacional”. Apenas a título de curiosidade, os trovadores e jograis cultivaram ainda outros géneros poéticos, como as tenções, as cantigas de seguir, as cantigas de vilão, as pastorelas, os prantos, os descordos, os lais.
A poesia popular circulava com o nome de folhas soltas, tendo chegado por volta dos séculos XVI e/ou XVII. Segundo Teófilo Braga (o estudioso mais entusiástico e infatigável, elevando a poesia popular portuguesa a um patamar nunca antes visto e que ainda hoje conserva fortes raízes), a venda e a divulgação dessas “folhas” tornaram-se prerrogativas de cegos.
“Eis o que é a poesia do povo: a natureza no momento mais expansivo da sua verdade, a inspiração no voo mais livre e inconsciente. É ele que nos faz estender a mão para sentir as pulsações latentes do coração da humanidade. Faz escutar as harmonias do mundo através desta harpa animada, em que ressoam todas as alegrias e tristezas do poema da vida”. (Teófilo Braga)
A partir de 1815, com o Romantismo em Portugal surge o culto pelo folclore e pelas composições poéticas populares de tradição oral, amorosamente trazidas a público pela mão do escritor Almeida Garrett, a quem devemos a publicação da primeira colectânea do “Romanceiro popular português”.
Nesta época festiva, aventure-se a escrever poemas populares cheios de ironia e crítica social. Torne-se num poeta usando a métrica mais comum da língua portuguesa (heptassílabos, em pequenas composições de quatro versos, conhecidas como "quadras" ou "trovas"). Declame poemas populares e contribua para que nunca a poesia popular tenha uma perda irrepará- vel no nosso património cultural e língua portuguesa.
20 Fevereiro 2025
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