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Ideias

2015-05-11 às 06h00

Felisbela Lopes Felisbela Lopes

O s media vivem frequentemente numa espécie de esquizofrenia, procurando situar-se num tempo que está muito à frente. Assim, em período de pré-campanha para as legislativas, falam de presidenciais; em período de coligações para o futuro executivo, falam de acordos partidários em caso de governo minoritário; em véspera de 13 de maio, falam da visita do Papa a Fátima em 2017. Tão centrados no que está para vir, perdemos o pé no presente e isso faz-nos passar ao lado daquilo que importa reter.

De repente, o país começou a falar de eleições presidenciais. De uma assentada, vários candidatos apresentaram-se formalmente; outros, sem apoios, recuaram. É verdade que há ainda uns quanto que aguardam melhor hora para decidirem se estão prontos para esta corrida, embora se mantenham na estrada a fazer quilómetros para não perder a carruagem para Belém. No entanto, convém ter em mente que o novo Presidente da República será apenas eleito em 2016. Antes, haverá uma outra disputa eleitoral, as legislativas, em relação à qual tudo está em aberto.

Ora, enquanto os partidos preparam todas as armas para atirar ao adversário, eis que Cavaco Silva fez saber esta semana, através do “Expresso”, que “exige acordos para dar posse a uma Governo minoritário”. A fonte era um “observador de Belém” segundo a qual o Presidente da República irá avançar com várias iniciativas para conseguir entendimentos. Há que reconhecer que o atual PR sempre falou na necessidade de consensos, mas existirá neste momento espaço para colocar isso na agenda política? Claro que não! Este é o tempo de cada partido dizer ao que vem. Mais tarde far-se-ão as alianças necessárias. Por que razão se lembrou a Presidência da República deste tópico e por que lhe deu o semanário “Expresso” todo este destaque? É bizarro.
Também por estes dias se falou de Fátima, projetando aquilo que irá acontecer em maio de 2017, ano em que se celebra o centenário das aparições e em que o Papa Francisco visitará o santuário mariano. E o que se irá viver nessa altura? A nível do turismo, uma grande confusão, na medida em que, a dois anos de distância, as unidades hoteleiras já estão esgotadas. Mas convinha aqui não perder de vista o que importa reter, quando se fala de Fátima numa altura em que cinco pessoas morreram em peregrinação para aí.

Na minha habitual crónica do “Jornal de Notícias”, escrevi esta semana que, a par da fé que os crentes assinalam por estes dias, responsáveis políticos e eclesiásticos deveriam unir-se para pensar um projeto que afastasse os caminhantes das bermas de vias rodoviárias cheias de carros que excedem limites de velocidade numa condução de alto risco. Para que não morram mais pessoas a caminhar para Fátima.

Precisamos com muita urgência de instituir vias alternativas de peregrinação. À semelhança dos Caminhos de Santiago, precisamos de criar os Caminhos de Fátima. Para isso, há que constituir uma equipa para desenvolver um projeto consistente, cativar financiamento (o dinheiro do Portugal 2020 poderá ser aqui uma importante âncora), enfrentar os enormes lobbies que se escondem por detrás das peregrinações (levar peregrinos pelas estradas nacionais constitui para muitos um bom negócio) e fazer uma pedagogia junto dos caminhantes para que adoptem rotas alternativas (as paróquias poderão aqui ter uma função vital). Políticos e hierarquia da Igreja devem unir esforços e levar este projeto para a frente. Não podemos deixar morrer mais ninguém.

Como escrevi no JN, um povo em peregrinação para Fátima não pode ser composto por romeiros que marcham em bermas de estrada a poucos metros de carros em alta velocidade. Um povo em peregrinação para Fátima tem de ser formado por peregrinos que abrem caminho em rotas seguras. Isso deveria ser uma prioridade absoluta para o nosso país. Para cada um de nós.

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