A Cruz (qual calvário) das Convertidas
Ideias
2014-05-25 às 06h00
O jornalismo de saúde tem um inegável interesse público e, simultaneamente, suscita um inequívoco interesse do público. Esta realidade aumenta a responsabilidade dos media neste campo. Aquilo que se noticia sobre este campo tem sempre impacto nos cidadãos. Este fim de semana, artigos jornalísticos publicados na imprensa social preocuparam-me. Muito.
A saúde suscita cada vez mais interesse por parte dos meios de comunicação social, tendência que acompanha a crescente procura do público em relação a esse tópico. Outros fatores contribuem para o aumento da mediatização deste campo, como a profissionalização das fontes de informação, que frequentemente “alimentam” as redações com materiais gratuitos e prontos a publicar.
As instituições da saúde têm vindo a apoiar-se em poderosas estruturas de comunicação estratégica, sensibilizando os media para este tópico e disponibilizando-se a falar com os jornalistas. Por outro lado, a crise que se vem instalando nas organizações de comunicação social faz com que as redações estejam também mais abertas a acolher as sugestões de fontes organizadas, que conhecem as rotinas de produção dos media e operam numa lógica de mercado.
A falta de especialização dos jornalistas portugueses e a complexidade da informação sobre saúde levam as redações a confiar em fontes de informação profissionalizadas, que acabam por ter um papel importante na relação que se estabelece entre as ambas partes. Por fim, o público - recetor destes conteúdos de saúde veiculados pelos media - pode ser influenciado no processo de tomada de decisão relativamente à sua própria saúde, pelo que é fundamental que os jornalistas construam uma informação equilibrada e rigorosa.
Ora, ontem o Diário de Notícias apresentava a seguinte manchete: “o antibiótico mais vendido em Portugal não deveria ser usado”. No interior vinha a seguinte explicação: “alguns dos antibióticos mais receitados pelos médicos já não são eficazes. Entre eles, está a amoxicilina com ácido clavulânico que com a ciprofloxacina e a ofloxacina formam um lote de mais de 200 marcas comerciais”. Perceberam? Eu não entendi bem, mas retive o essencial: os médicos prescrevem medicamentos que não são eficazes e a jornalista não soube explicar a polémica.
No ‘Jornal de Noticias’, publicava-se isto: “Descontos com cartões e talões chegaram às farmácias”. Como? Será que estou a ler que há farmácias com produtos em promoções? Numa das fotos, vê-se um cartaz exposto numa montra onde se lê: “20 por cento de desconto em todos os produtos”. No texto, nenhuma fonte de informação explica devidamente uma situação que aproxima uma farmácia de um hipermercado ou de uma sapataria, ignorando que vender medicamentos talvez não seja o mesmo que comercializar batatas ou botas.
No ‘Público’, apresentavam-se dados do Instituto Nacional de Estatística que atestam que as “doenças do aparelho circulatório mantêm-se como a principal causa de morte” dos portugueses. O consumo excessivo de sal explicará este resultado, cabendo, então, a cada um de nós saber inverter esta tendência. O mesmo não se passa com as doenças oncológicas, responsáveis por 23,9 por cento das mortes, uma percentagem que tem vindo a subir.
Aqui falha a prevenção, falham os tratamentos, falha um Sistema que nos deveria amparar, mas que paradoxalmente contribui para pintar com cores mais carregadas um retrato já de si assustador.
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