Exige-se: direito à habitação
Ideias
2023-06-02 às 06h00
Pondo de lado o episódio na Assembleia da República que só enxovalhou o país que permitiu esta atitude degradante, tanto mais que se trata de um país amigo, membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Por muito que se discorde da carreira política de Lula da Silva, a atitude do Chega foi execrável. Mas, não é disto que quero falar.
Pretendo examinar a atitude do presidente brasileiro relativamente à guerra da Ucrânia, quando afirma que os Estados Unidos e a Europa têm dado uma contribuição para a continuidade da guerra. Posteriormente, corrigiu o tiro, sublinhando que condenava a invasão de um país soberano e que era necessário procurar a paz e que o Brasil estaria disponível para essa tarefa. Os países ocidentais reagiram mal às declarações de Lula e a opinião pública foi mesmo muito contundente, habituada como estava ao servilismo à política externa americana.
Mas a política externa brasileira sempre teve reservas relativamente às atitudes ocidentais (Estados Unidos e Europa) e Collor de Melo e Bolsonaro foram exceções a este padrão.
Mais em detalhe, os russos caíram na esparrela da invasão de um país soberano e, por isso, têm que ser condenados, mesmo que invoquem a provocação da NATO. Os norte-americanos movem-se pelo seu interesse nacional e o reforço da sua hegemonia global. Quanto aos europeus não há tanta unanimidade, como parece. E, se alguns são fortemente atlantistas (atlantismo que que, com Obama, foi substituído pela prioridade asiática), outros querem manter os seus interesses no que respeita à China e, mesmo à Rússia. A China tem lucrado com esta guerra porque passou a ter acesso, e a preços baixos, às matérias-primas originárias da Rússia.
Mas, voltando à questão principal. Como qualquer país, o Brasil move-se por interesses nas suas relações internacionais. Ora, a política externa brasileira sempre se pautou por um distanciamento relativamente aos Estados Unidos. Os seus interesses têm chocado com frequência.
Em segundo lugar, a China é o maior parceiro comercial do Brasil, sendo a balança comercial grandemente favorável a este país, desde 2009. O Brasil exporta sobretudo soja, petróleo e minerais de ferro, importando produtos industriais. Quanto à Rússia, constitui o 5º parceiro comercial do Brasil, exportando este soja, açúcar, carnes e café, importando fertilizantes e adubos. Quer dizer, o Brasil depende da China e da Rússia para exportar a sua produção agrícola e obter fertilizantes e adubos, pois sem estes não há agronegócio. De resto as relações comerciais entre o Brasil e a Rússia intensificaram-se durante a guerra. E, como afirma o presidente brasileiro: “o meu objetivo principal consiste em tirar da fome 20 milhões de brasileiros”.
Finalmente, não pode excluir-se o propósito do Brasil de se transformar numa potência mundial, dominante no atlântico-Sul e, por isso, luta por um mundo multipolar, em que o Brasil se assuma como um dos polos, como os antigos BRICS. Não agrada à política externa brasileira o domínio dos Estados Unidos, nem sequer a divisão do poder entre os Estados Unidos e a China. Neste caso o Brasil teria que alinhar com um dos lados, sendo que os seus valores são de matriz ocidental, embora os seus negócios importantes sejam com o oriente.
26 Setembro 2023
25 Setembro 2023
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