Correio do Minho

Braga, quinta-feira

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O cocuruto dos bracarenses

Entre a vergonha e o medo

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Ideias

2017-05-02 às 06h00

João Marques João Marques

Está-se a fechar o primeiro ciclo de governação de Ricardo Rio à frente dos destinos da autarquia e é, por isso, tempo de balanços políticos. Há quem se entretenha a acusar a gestão de Rio de uma secura de concretizações. Queixam-se da míngua de betão armado e da inexistência de grandes obras que sejam marcas de um mandato. Não vale a pena perder muito tempo com estes reparos, já que é sabido e conhecido que não foi para isso que os bracarenses deram uma expressiva maioria absoluta à Coligação Juntos por Braga.

E é também lugar comum relembrar que a generalidade dos que reclamam mais obras são os mesmos que deixaram menos “pasta” para as concretizar. Não voltarei, por desnecessário, a recordar os milhões de passivo e dívida que o PS fez questão de deixar para que outros pagassem, nem vou perder tempo a recordar os malabarismos financeiros que serviram para “fazer obra” no passado e pagar, nas palavras do célebre cantautor José Cid, “ontem, hoje e amanhã”. A música, ou lengalenga, já a conhecemos, as consequências de nos deixarmos cair no “canto de sereia”, também. Passemos, então, à frente.

A crítica que me chateia é outra e respeita à constante, repetida e acefalamente interiorizada noção de que este executivo se entretém e entretém os bracarenses com festas e festinhas. Isto é, na máxima popular, “com papas e bolos se enganam tolos”, ou, na versão afrancesada atribuída (porventura erradamente) a Maria Antonieta, se o povo tem fome “que coma bolos”.

Para além de simultaneamente insultuosa para a inteligência dos cidadãos e dos protagonistas da gestão autárquica, este argumento sofre por, de forma igualmente simultânea, ser falso e verdadeiro. É rotundamente falso porque se, por festas e festinhas, entendermos a distribuição de roteiros culturais e festivaleiros de terceira categoria, então basta olhar para a dimensão nacional e internacional de inúmeros eventos que passaram a fazer parte da rotina cultural e desportiva dos bracarenses para desmembrar o argumento: Volta a Portugal em bicicleta, Rally de Portugal, Braga Barroca, Braga Capital Ibero-Americana da Juventude, entre muitas outras. Mas se por festas e festinhas quisermos significar o ato carinhoso de afagar aqueles de quem mais gostamos, então, tal crítica peca por defeito.

De facto, Ricardo Rio tem distribuído festas e festinhas pelo cocuruto dos bracarenses, devolvendo-lhes a autoestima comunitária que andava perdida no meio de casos de alegadas corrupções e tristes figuras daqueles que deveriam saber estar acima de qualquer suspeita. E essas festas e festinhas foram várias e de diversa espécie. Fosse sob a forma de apoios diretos a quem deles mais precisa (benefícios às famílias numerosas e às IPSS, utilização sem limites dos TUB por parte dos cidadãos idosos, tarifas de água a baixar), fosse, ainda, pela aposta na dinamização económica, com recurso à diplomacia e ao sublinhar das grandes e múltiplas valências que Braga põe ao dispor de quem cá quer investir, carinhos não faltaram.

As festas e festinhas tiveram, aliás, resultados muito concretos: Braga lidera a região na descida do desemprego; assistiu-se a um notável aumento do número de pedidos de licenças de construção e as rendas das habitações sociais do município baixaram, em média 33%, tudo graças à política dos afetos materializada em ação. As tais carinhosas demonstrações de apego governativo aos cidadãos chegaram ao ponto, note-se, de permitirem poupanças de cerca de 80 milhões de euros para os cofres do município, como o conseguido com a liquidação da ruinosa parceria dos sintéticos.

Enfim, um conjunto muito vasto de carícias, festas, festinhas, ou outro termo mais ou menos apreciativo ou depreciativo que a oposição entenda utilizar, serve para demonstrar que os compromissos com que Ricardo Rio se apresentou aos eleitores, em 2013, foram cumpridos “com nota artística”, para citar o universo futebolístico.

Faltará seguramente muita coisa, mas se há coisa que a Coligação Juntos por Braga não deve ter qualquer receio de assumir é o facto de este executivo, por si apoiado e patrocinado, ser o campeão das festas e festinhas. Tratar bem os bracarenses, respeitando-os e acarinhando-os, não pode ser visto com um sinal de fraqueza política ou debilidade estratégica. Valorizar o seu contributo cívico, construir soluções políticas de desenvolvimento económico e rigor financeiro, de apoio social e de estímulo cultural são marcas identitárias de um mandato que só pode orgulhar quem foi responsável pela mudança revolucionária que representou a partida do jurássico regime mesquitista para as calendas do esquecimento democrático. Por isso me orgulho e, estou certo, continuar-me-ei a orgulhar por muito tempo.

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