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O de baixo é meu

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O de baixo é meu

Ideias

2025-06-22 às 06h00

José Manuel Cruz José Manuel Cruz

Será tudo uma questão de más companhias e de pouca leitura, isto a propósito da saída à direita dos eleitorados, do português no caso presente. Más companhias, acrescida de triste e paupérrima leitura, dos elencos partidários em primeira linha, porque suba a Direita pela escada que a Esquerda encosta com displicência à parede de Parlamentos. E vai o povo no logro: como não haveria de ir!
A Direita de mau augúrio impõe-se no panorama parlamentar e logo as tropas musculadas de assalto do um arzinho da sua graça, porque o estado da atmosfera lhes seja benéfico, porque se encante a massa popular de ver cair quem só pode execrar, e é quase como ficar em arraial no rossio da igreja matriz, vibrando com um auto-de-fé, após missa solene em honra do Bom Cristo Redentor.

Planos de assalto ao Parlamento e um arsenal em embrião: mas estamos onde? Efectivos das forças da ordem implicados! É mau demais para que os veredictos possam ficar em oremos, ou pior, em águas de bacalhau.
Sobra no cantinho com que nos consumamos, ferve de fora com o que perdermos o sono doentiamente. Exige-se a rendição incondicional do Irão? E que tal o desarmamento integral de Israel? O Irão estava mesmo-mesmo a pôr a bomba pronta para serviço... Mas não é isso que se diz desde há anos? E de que servem esses estúpidos engenhos nucleares, se russos os têm às carradas e não lhes s?o de serventia, exceptuando para exercícios de língua?
Mal fica dar calor aos outros e puxar o tapete aos nossos. Mas se nunca encontramos maré para reflectir sobre erros próprios, não contribuímos nós para este crescendo de mal-estar? Ora a este propósito vem o que de há uma semana a esta parte não tenho o ensejo de ouvir. Porque me entre casa dentro, sigo os canais de informação franceses. A comunidade iraniana tem a sua visibilidade em França – agora, na medida em que composta por oposicionistas ao regime vigente desde 1979, contra a precedente, essa então constituída por oposicionista ao Xá. Os exilados de agora encontram respaldo na Direita francesa, encontravam apoio os exilados de outrora nos sectores à esquerda. As análises são naturalmente enviesadas. Tal e qual como Israel e Gaza: genocídio, ou avanço custe o que custe contra demónio terrorista, cobarde para mais, visto tomar compatriotas como escudos? Dá para os dois lados, como sabemos, porque a verdade venha casada em pares, como as meias.

Digo que há uma semana que vejo sucederem-se comentadores e analistas, não faltando iranianos na paleta. Horrores sem fim que recenseiam aos mullahs, e com quem se indigna faço eu coro. Mas nem uma palavrinha acerca das iniquidades da monarquia Pahlavi, mas nem uma palavrinha sobre o complot da CIA para derrubar Mossadegh, com o que impuseram a reversão da nacionalização dos petróleos, que aproveitou sabem a quem? É claro que sabem!
Israel faz e acontece, os serviços secretos do minúsculo estado judaico operam maravilhas em território inimigo, eliminando à lista como quem encomenda janta a central de entregas ao domicílio: mas quem o estranha, se aos tempos do Xá a Mossad era a espinha dorsal da polícia política do estado iraniano?

História sem virgens, só com meretrizes. História carregada de vícios, em que só metade são varridos para debaixo do linóleo. Porque não varrer e espanar tudo, porque não abrir janelas de par em par? É que, bem vistas as coisas, dá mais trabalho passar vassoura a meia força, ziguezagueando por pista marcada.
História que muitos de nós não conhecem, mas história que bem conhece quem a deturpa em benefício próprio. Com mentiras, com meias-verdades, não vamos lá. É ler.

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