O primeiro Homem era português
Conta o Leitor
2021-08-01 às 06h00
(Maria Natália Silva)
O relógio marcava meia-noite na torre da Igreja do Carmo em Braga. O Sr. Braga, jornalista na Cidade com o mesmo nome, apressava-se em direcção a casa. Tinha terminado a sua reportagem no Jornal da cidade e esperava ansiosamente pela sua publicação.
Estava uma noite fresca embora estivéssemos no mês de Julho do ano de 2021, este era um verão diferente de todos os outros verões; o calor não era contínuo, havia dias de chuva e algum frio. O aconchego do lar era necessário; a pandemia de COVID-19 tinha alterado as nossas vidas e a dos demais, nada seria como dantes! Eram estes os pensamentos do Sr. Braga, que a passos largos se dirigia para casa, constatando que a cidade se apresentava com pouco movimento.
Chegado a casa, preparou um chá de limão e saboreou alguns fidalgos, que havia comprado numa pastelaria da cidade. Tinha em mãos um livro intitulado “O Encontro” de um autor estrangeiro. Estava fascinado com esta história e com os seus personagens. Era uma história das mil e uma noites. Uma rapariga de nome Ashi, tinha sido prometida pela sua família em casamento; o homem chamava-se Iri. Ela não conhecia a sua figura nem sabia nada a seu respeito, mas respeitava muito a sua família, de tal modo que decidiu dizer sim!
Ashi decidiu viajar para esse país ao encontro do seu futuro marido, contudo, fê-lo uns dias antes do combinado, para poder apreciar e conhecer melhor essa terra. Na sua viagem Ashi tem como companhia no avião o Sr. Hershi, que falará com ela quase toda a viagem. Ela tem uma certa empatia por ele, já que aparentam ser da mesma idade e com interesses semelhantes.
No final da viagem despedem-se e Ashi irá hospedar-se no hotel “Cinco estrelas de ouro”. Ai vai permanecer todo o período de tempo para conhecer o país estrangeiro. Já no seu quarto, Ashi penteia os seus cabelos escuros, mas brilhantes e sedosos; o seu perfume inunda todo o aposento. Adormece com a luz do luar como companhia e é acordada a meio da noite com um barulho do exterior. Sente algum medo, pois era suposto estar em segurança. E qual não é o seu espanto, que ao abrir a porta encontra, nada mais nada menos, que o Sr. Hershi. Fica perplexa e encontra-o ferido.
- Ajude-me! Estou ferido. – Disse ele.
- Venha, mas como o posso ajudar, está a sangrar. Tem de ser tratado. - disse Ashi.
Ashi toca incessantemente na campainha, até que alguns funcionários do Hotel e clientes vêm em seu auxílio.
Deitemo-lo neste sofá, rapidamente e chamem o Dr. Benjamim, que se encontra de serviço no Hotel. - disse o director.
Rapidamente o médico se acercou do doente e disse:
- Está a sangrar bastante, mas conseguiremos tratá-lo aqui no hotel, sem necessidade de ser levado para o hospital.
O Dr. Benjamim e a sua equipa conseguiram estancar a hemorragia e o Sr. Hershi, melhorava a olhos vistos. Recebia mensagens e presentes de muitas pessoas e associações. Ashi, visitava-o todos os dias e as suas conversas tornaram-se de tal modo importantes que ela não podia deixar de o visitar.
Num desses dias o Sr. Hershi contou como fora atacado. Ao se dirigir para o Hotel fora assaltado por um grupo de indivíduos, que tão-somente queriam a sua carteira. Ele não resistira, mas a verdade é que o tinham deixado à sua sorte.
Ashi confortava-o dizendo que isso pertencia ao passado e que o mais importante era o seu futuro.
O Sr. Hershi decidiu abrir-se com Ashi, sentia que podia confiar nela, tinha algo de especial. Dissera-lhe que que era médico cirurgião, que estudara em Londres e que agora vinha para uma grande missão, embora não revelasse qual seria.
Ashi tinha também vontade de lhe contar a sua vida, a sua vinda a este país, contudo receava abrir-se com um estranho. O Sr. Hershi, por seu lado, adorava ouvi-la falar de tudo o que dizia respeito à sua pessoa e disse:
- Não tenha receio em abrir-se comigo. Tenho por si grandes sentimentos e consideração. Sentemo-nos na varanda, onde corre uma certa brisa e conseguimos alcançar o mar. Venha, disse o Sr. Hershi.
Ashi contara quase tudo ao Sr. Hershi sobre a sua família, a sua licenciatura em sociologia, o seu gosto de viajar e conviver, mas ainda não falara do facto de estar prometida em casamento.
Sentaram-se à volta de uma mesa, cercada de cadeiras com almofadas cor de linho e de inúmeros vasos de hortênsias. Um guarda-sol cobria-os de um sol forte mas brilhante. Um empregado do Hotel veio servir chá da India e bolinhos de manteiga. Tudo estava sereno.
O Sr. Hershi segurava as delicadas mãos de Ashi e escutou-a.
- Conhece alguém que tenha sido prometido em casamento Sr. Hershi, sem estas pessoas nunca se terem visto, nunca dizerem um “Olá”, não saberem como são fisicamente, não terem liberdade para escolherem? – perguntou Ashi com indignação.
O Sr. Hershi corou, tirou a gravata, respirou fortemente, levou a mão à cabeça. Não sabia o que responder. Estava sem palavras.
- Está bem, Sr.Hershi? – perguntou Ashi.
- Sim, estou bem. E abraçou-a fortemente e disse:
- Ashi, dentro de dois dias vou encontrar-me com a minha prometida em casamento. Acaso será você? – disse ele.
Trocaram afetos, sorrisos, nomes comuns das famílias e sorriram e riram sem parar e com emoção. Não queriam acreditar que o destino os tinha unido de maneira tão excepcional, tão única. Estavam enamorados, atraídos um pelo outro. Nada os podia separar. Os dias que restavam no Hotel foram idílicos e cheios de alegrias e promessas de coisas boas e extraordinárias. Decidiram apresentar-se juntos às suas famílias. Estavam deveras felizes.
O relógio do Sr. Braga marcava 05:00 da manhã. Estava completamente atrasado no seu sono, mas tinha vivido uma história de encantar.
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