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O estado do emprego e desemprego em Portugal

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O estado do emprego e desemprego em Portugal

Ideias

2024-12-07 às 06h00

António Ferraz António Ferraz

No presente texto aborda-se o estado atual do emprego e desemprego em Portugal e as perspetivas futuras. Para tal, passa-se abaixo a analisar em os seguintes pontos: (1) O Estado do Emprego; (2) O Estado do Desemprego Oficial e do Desemprego Real (ou Subutilização do Trabalho).
(1) O Estado do Emprego: de acordo com os últimos dados disponíveis fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no 3º trimestre de 2024, em Portugal, a população empregada de 5 140,9 mil pessoas subiu 0,8% (41 mil) face ao trimestre anterior e 1,2% (59,1 mil) em relação a igual trimestre do ano anterior. A taxa de emprego situou-se, assim, em 56,6% (da população ativa) aumentando 0,3% face ao trimestre anterior e igualando o 3º trimestre de 2023. Ora, há 22 anos, desde o 3º trimestre de 2002, que Portugal não registava tanta população empregada. Os números mostram ainda que desde então a população empregada iniciou uma tendência de redução que apenas voltou a ser contrariada a partir do 2º trimestre de 2023, quando passou a superar os cinco milhões de pessoas empregadas. O atual recorde de população empregada deve-se, e muito, aos setores da Educação (+8,0%) e Comércio por grosso e a retalho (+3,0%), relevando no conjunto mais 53,3 mil pessoas empregadas em um ano. Pelo contrário, os setores da Agricultura (-3,9%), Alojamento, Restauração e Similares (-9,4%), Indústria Transformadora (-0,9%) e Transportes e armazenagem (-1,3%) perderam emprego.

Por sua vez, caso de atenda a evolução do emprego por nível de qualificação, o INE, aponta que a maior parte do emprego criado no último ano era de pessoas qualificadas.
Quer dizer, no 3º trimestre de 2024, encontravam-se empregadas mais 114,7 mil pessoas (+7,0%) com qualificação superior do que um ano antes. Ora, o aumento da população empregada acontece apesar da conjuntura atual de abrandamento económico e de expetativas um pouco por toda Europa de deterioração do mercado de trabalho. Pode-se então afirmar que o mercado de trabalho português tem vindo a mostrar resiliência ao manter taxas de desemprego baixas e estáveis. Por fim, refira-se que em três regiões portuguesas (NUTS II) do País, a taxa de desemprego superou à média nacional de 6,1%, a saber: Península de Setúbal com 8,2%; Oeste e Vale do Tejo, com 7,5% e Norte, com 6,2%. Nas restantes seis regiões, a taxa de desemprego situou-se abaixo: Alentejo com 5,9%; Centro e Madeira com 5,7%; Grande Lisboa com 5,6%, Açores com 4,9% e Algarve com 4,5%.
(2) O Estado do Desemprego Oficial e Desemprego Real: considera-se agora para fins de análise dois subpontos: (A) Desemprego Oficial; (B) Desemprego Real (ou Subutilização do Trabalho).

(A) Desemprego Oficial: foca-se neste subponto o estado do desemprego oficial em Portugal. Assim, no 3º trimestre de 2024, a população desempregada de 334,7 mil pessoas, um aumento de 0,8% face ao trimestre anterior e 1,3% em relação ao 3º trimestre de 2023. Mas, este aumento foi compensado pela subida da população empregada, mantendo-se, assim, a taxa de desemprego oficial estabilizada em 6,1%, um valor idêntico do 2º trimestre de 2024 e do 3º trimestre do ano anterior. Caso se reporte apenas a taxa de desemprego de jovens (16 aos 24 anos), então, a taxa de desemprego revelou um valor superior de 19,7% no 3º trimestre de 2024, mas, um valor mais baixo do que do trimestre anterior (-2,3%) e no trimestre homólogo (-1,1%). Registe-se ainda que a taxa de desemprego oficial em Portugal era a oitava taxa mais elevada da UE-27. Mais, no 3º trimestre de 2024, do universo de pessoas desempregadas, 38% estavam nesta situação há 12 e mais meses (desemprego de longa duração), valor inferior em 1,2% face ao trimestre anterior, mas superior em 0,9% em relação ao 3º trimestre de 2023.

(B) Desemprego Real (ou Subutilização do Trabalho): Neste subponto, aborda-se o estado do desemprego real (ou subutilização do trabalho) em Portugal no 3º trimestre de 2024. Ora, o desemprego real apresenta-se como um indicador do desemprego mais abrangente e, logo, mais de acordo com a realidade face ao desemprego oficial, dado que agora agrega a população desempregada, o subemprego de trabalhadores em tempo parcial, os inativos à procura de emprego mas não disponíveis e os inativos disponíveis mas que não procuram emprego. Deste modo, no 3º trimestre de 2024, o desemprego real abrangeu 585,4 mil pessoas, um valor inferior em 0,3% (2,0 mil pessoas) face ao trimestre anterior e em 7,2% (45,4 mil pessoas) em relação a igual trimestre de 2023. Sendo assim, no 3º trimestre de 2024, a taxa de desemprego real (ou taxa de subutilização do trabalho) era de 10,4%, uma baixa face ao trimestre anterior (-0,2%) e ao 3º trimestre do ano anterior (-0,9%).

Concluindo, em Portugal, no 3º trimestre de 2024, o número de pessoas empregadas atingiu níveis históricos e a taxa de desemprego estabilizou em patamares baixos. Quer dizer, País encontrou-se a funcionar perto do seu produto potencial havendo, então, alguma margem de manobra na criação de emprego. Porém, o crescimento económico em Portugal nos últimos anos tem sido anémico. Ora, na atualidade, assiste-se a uma elevada incerteza a nível mundial e, como tal, existe a possibilidade de mais abrandamento económico ou mesmo uma recessão económica. Por isso, torna-se necessário em termos preventivos que a governação portuguesa adote políticas de teor expansionista, entre as quais:
(1) Incentivo ao crescimento populacional, porém, dado o envelhecimento populacional, sobretudo, em termos de imigração; (b) Mais qualificação profissional; (c) Mais Inovação, alta tecnologia e inteligência artificial; (d) Mais realização de investimento em capital fixo (público e privado).

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